O presidente Jair Bolsonaro e seus ministros presentes em Davos, Suiça, cancelaram pronunciamento à imprensa que fariam no Forum Econômico Mundial, nesta 4ª feira, 23.01, às 16h, horário local (13h, hora de Brasilia).
A alegação para o cancelamento foi Bolsonaro e seu grupo terem considerado "antiprofissional" a abordagem feita pela imprensa, segundo declaração de Tiago Pereira Gonçalves, assessor da presidência.
Assessores de Bolsonaro também argumentaram que ele precisa se poupar fisicamente, em vista da cirurgia a que será submetido na próxima 2ª feira, 28.01, para retirada da bolsa de colostomia que carrega desde o episódio pré-eleitoral da facada.
É incomum chefe de Estado ou governo deixar de conceder entrevista coletiva em Davos, evento reconhecido como importante vitrine mundial para investidores. Também é fato que o presidente estava visivelmente nervoso durante sua apresentação de apenas 6 minutos e em que aparentava estar lendo 'teleprompter'. Na conversa que se seguiu, com Klaus Schwab, o fundador do Forum, Bolsonaro manipulava fichas que provavelmente continham textos com as informações para as respostas, evidenciando uma vez mais alguma insegurança.
O cancelamento da entrevista coletiva acontece no especial momento da prisao de lideranças e de integrantes de milicias e do crime organizado no Rio de Janeiro, algo que muito provavelmente iria compor o elenco de questão a que teria de responder na entrevista cancelada.
Uma dessas lideranças é considerada foragida, o ex-capitão do BOPE, Adriano Magalhaes de Nóbrega, que foi homenageado pela Câmara dos Vereadores da cidade do Rio de Janeiro RJ, por iniciativa do agora senador eleito pelo estado do Rio, Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República.
Além disso, a mãe do ex-capital Adriano Nóbrega trabalhou até recentemente no gabinete de Flávio Bolsonaro e tem seu nome envolvido nas "movimentações atípicas de valores" na conta bancária de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista, ex-segurança e assessor de Flavio Bolsonaro e amigo de longa data de Jair Bolsonaro.
A conta bancária de Fabricio Queiroz totalizou R$ 1, 2 milhão em depósitos em "movimentações atípicas" incompatíveis com seu nível de ganhos e dessa conta bancária saiu um cheque no valor de R$ 24 mil em depósito na conta corrente da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Nenhuma dessas operações foi explicada até o momento e o tema seria sem dúvida assunto da entrevista coletiva à imprensa cancelada por Bolsonaro e ministros presentes em Davos.
Bolsonaro fugiu de todos os debates pre-eleitorais e uma vez mais repete a sua estratégia.