VALE - Revisão de Preço - 01.02.2019
Novos comentários sobre Brumadinho e novas premissas
Em nosso último relatório sobre a Vale e Brumadinho (28 de janeiro), apesar de termos rebaixado nossa recomendação para a empresa para Market Perform, decidimos não alterar nossos preços-alvos de 2019 devido à falta de informação relevante e ao cenário ainda incerto.
Contudo, esta semana, a Vale informou ao mercado sobre seu plano de descomissionamento, visando à desativação de todas as suas barragens a montante na região.
Sobre o plano de descomissionamento.
O plano deverá incluir dez barragens (incluindo a referida neste tópico) e visa a descaracterizá-las como barragens a fim de reintegrá-las ao meio ambiente. Lembramos que, de acordo com a Vale, todas estas barragens estão atualmente inativas e apresentam relatórios de estabilidade emitidos por empresas externas e independentes.
A Vale espera um CAPEX de R$ 5 bn a ser desembolsado ao longo dos próximos três anos, começando a partir da segunda metade deste ano.
Sobre o impacto na capacidade de produção da Vale.
Visando à agilidade de todo o processo, a empresa decidiu suspender as operações na região, removendo, assim, 40 MT de capacidade de minério de ferro e 11 Mt de pelotas, imediatamente. Estas 40 Mt deverão ser compensadas por outros sistemas, como o Norte, com o ramp up de S11D, e outras plantas dos Sistemas Sul e Sudeste, dos quais a Vale havia, previamente, reduzido produção em razão da qualidade inferior de seus produtos.
A produção de pelotas, por outro lado, deverá ser prejudicada, considerando que não há outra planta para compensação. Assim, devemos esperar um leve piora no percentual de mix de produtos, aquém dos 79% de produtos premium observados no 3T18, impactando, assim, o custo caixa da empresa.
Sobre as premissas no valuation da Vale.
Estressamos nosso modelo com os dados disponíveis a fim de incorporar os possíveis impactos do desastre que traduziram-se em maior percepção de risco nas ações da Vale.
► Capacidade de produção: estamos considerando ainda as 400 Mt de MF para 2019, embora tenhamos ajustado o mix de produtos premium a fim de refletir a remoção de pelotas e a provável entrada de produtos alta-sílica ao portfólio;
► Custo caixa: acreditamos em uma leve alta no custo caixa da companhia em razão de um pior mix e o aumento de produtos do sistema Sul e Sudeste, onde os custos são maiores;
► CAPEX: consideramos a adição de US$ 1,4 bn em investimentos a serem desembolsados ao longo dos próximos três anos, começando a partir do 2S19;
► Outras despesas: decidimos incluir em nosso modelo despesas com indenizações e outros de aproximadamente US$ 3,5 bn, baseados no montante já anunciado e no que observamos após o rompimento da barragem da Samarco.
► Preços de minério de ferro: estamos trabalhando com preços de MF 62% em US$ 68/t em 2019 e US$ 57/t no longo-prazo.
Mesmo considerando os pontos em questão, acreditamos que os fundamentos para a indústria devam se manter fortes, conforme mencionado em nosso relatório anterior.
A demanda por produtos de maior qualidade deve continuar, favorecendo produtores premium, como a Vale, apesar da recente desaceleração no crescimento da China.
Assim, após incluirmos as premissas acima mencionadas, fechamos nosso preço-alvo para 2019 para VALE3 em R$ 62,00 e para VALE US em US$ 16,00. Mantemos nossa recomendação em Market Perform, apesar do upside para os preços atuais, pois vemos os riscos correntes ainda compensando os prováveis ganhos no curto prazo.
Confira no anexo a íntegra do estudo preparado por
GABRIELA E. CORTEZ,
analista senior do BB Investimentos