Diário de Mercado BB-BI, na 6ª feira, 01.03.2019
Feriado prolongado traz cautela, com reforma como pano de fundo
Comentário.
O Ibovespa teve desempenho negativo pela terceira sessão consecutiva. Em véspera de feriado prolongado (Carnaval), o desfazimento de posições advieram das realizações de ganhos que chegaram a acumular cerca de 12% em 2019 ao longo do mês de fevereiro.
A tônica usada como pano de fundo para justificar as vendas veio de notícias que o governo estaria propenso a realizar alterações na recém entregue proposta de reforma da previdência – que, realisticamente, os agentes consideram que vão ocorrer.
Enfim, o trâmite das medidas no Congresso Nacional, que inclui prazo para a provação e possível “enxugamento”, prosseguirá no foco das atenções dos investidores. Vale lembrar que o próximo pregão ocorrerá no dia 6 de março, quarta-feira de cinzas, com horário de negociação no mercado à vista entre 13h e 17h30.
No exterior, os índices das bolsas de Nova York, que já haviam encerrado fevereiro em alta, seguiram avançando hoje, contagiando positivamente as bolsas europeias.
O cenário mais ameno passa pela perspectiva de consolidação do acordo entre EUA e China, que poderia colocar fim a atual guerra comercial entre os países, bem como por um clima mais otimista criado pelo recente discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que sinalizou uma possível trajetória mais branda em relação à elevação de juros pelo órgão.
Ibovespa.
O índice teve início instável, oscilando entre altas e baixas após sua abertura. Contudo, após a primeira hora da tarde, entrou definitivamente em campo negativo e prosseguiu decaindo, com a continuidade da pressão vendedora pré Carnaval.
Os papéis mais líquidos sofreram revezes. No setor de bancos, apenas a ação do Banco do Brasil performou em alta. A queda da Petrobras também foi influenciada pelo recuo do petróleo no mercado internacional; e a Vale caiu com rumores trazidos pela imprensa internacional que a companhia poderia ser multada em 20% de seu faturamento bruto de 2018 por conta da tragédia em Brumadinho.
Neste panorama, o Ibovespa fechou aos 94.603 pts (-1,03%), acumulando -3,35% na semana, +7,64% no ano e +10,81% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 12,707 bilhões, sendo R$ 12,360 bilhões no mercado à vista.
No dia 27 de fevereiro (último dado disponível), houve saída líquida de capital estrangeiro de R$ 560,627 milhões, com o retirada líquida em fevereiro subindo a R$ 1,768 bilhão. O saldo acumulado no ano tornou-se negativo em R$ 249,380 milhões.
Agenda Econômica.
A balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 3,673 bilhões em fevereiro, segundo os dados do Ministério da Economia. O saldo foi 22,5% maior do que o de fevereiro de 2018 (US$ 2,999 bilhões). Em fevereiro, as exportações registraram US$ 16,293 bilhões e as importações US$ 12,620 bilhões. No acumulado de 2019, a balança comercial apresenta um saldo positivo de US$ 5,865 bilhões.
Câmbio e CDS.
A divisa norte-americana manteve-se em alta ao longo de toda a sessão e chegou a ser negociada na máxima de R$ 3,79, com a cautela do mercado.
O dólar comercial (interbancário) fechou a R$ 3,7810 (+0,75%), acumulando variações de +1,10% na semana, -2,43% no ano e +16,30% em 12 meses. O CDS Brasil (risco) passou de 156 para 158 pts.
Juros.
Os juros futuros encerraram a sessão regular estáveis nos contratos de curto e médio prazo e em alta na ponta longa da curva, acompanhando a alta do dólar frente ao real.
O DI para janeiro de 2020 fechou em 6,47% de 6,48% da véspera. O DI para janeiro de 2023 passou de 8,25% para 8,30%. O DI para janeiro de 2025 passou de 8,78% para 8,84%.
Para a próxima semana
Brasil: IPC-Fipe, IGP-DI, Confiança Industrial e Utilização da capacidade instalada.
EUA: Balança comercial e ADP (variação setor de empregos privados).
Alemanha e França: PMI Serviços e PMI Composto.
Zona do Euro: PIB.
China: PMI Serviços e Composto, Balança comercial, IPC e IPP.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 01.03.2019, elaborado por HAMILTON ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos