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Economia e Finanças

01 de Novembro de 2012 as 04:11:59



CÂMBIO - Panorama 2012 e perspectivas para 2013 e 2014. por Wilson R Correa


Brasil é modelo que está sendo acompanhado e seguido, em termos de regulação bancária. Daí porque MIBs do mercado financeiro estão "batendo" no País para conter o "efeito demonstração" sobre as demais nações.

 
Financial Times, tradicional jornal de finanças inglês, noticiou que o Ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, admitiu que o governo mantem controle restrito da taxa de câmbio do Real frente ao dolar, tendo deixado a política anterior de permitir que o mercado determine o melhor nível de cotação da moeda brasileira.
 
FT informou que a atual política cambial permite que a cotação do Real frente ao dólar oscile dentro de uma faixa que economistas estimam entre R$2,00 e R$2,10 para o dólar, tal como o fazem outros países emergentes, como a China e a Colômbia, por exemplo.
 
"Para nós, o ideal é uma moeda flutuante, sem manipulação. Mas se todo o mundo está indo para manipular suas taxas de câmbio, nós também",
disse Guido Mantega em entrevista ao Jornal Valor Econômico.
 
O FT comenta que
"o rígido controle sobre sua taxa de câmbio marca uma nova fase em que o Brasil tem chamado de guerra cambial, em que acusou os seus parceiros comerciais de deliberadamente enfraquecerem suas moedas para tornar suas exportações mais competitivas."
 
Alarmado em 2011, quando a cotação do dólar chegou a R$1,50, 40% mais forte  que em 2010, com investimentos externos rumando ao País para tirar proveito dos juros altos e da economia brasileira fortalecida, relata o FT que o governo lançou controles cambiais para conter a entrada de investimento externos, para atender ao diagnóstico de que a moeda forte estava prejudicando a capacidade da indústria brasileira para competir nos mercados de exportação e com importações.
 
O FT destaca que a economia brasileira começou a enfraquecer drasticamente no ano passado, com redução do rítmo de crescimento do PIB, de 7,5% para 2,7%, de 2010 para 2011; e para 1,5%, conforme previsões para 2012.
 
O FT também revela que, diante do acentuado declínio dos juros da economia brasileira, reduziu-se a pressão de valorização do Real e que isso levou investidores internacionais a direcionarem seus capitais a outros países, em sua busca de  altos retornos. Com o fim dessa pressão, o governo brasileiro pôde aproveitar a  oportunidade para "corrigir" cotação do Real até um nível que considera melhor para a indústria brasileira.
 
"O nosso sistema é um flutuante sujo, como todo mundo. Não podíamos ficar sentados assistindo os outros se apropriem do nosso mercado e arruinando nossa indústria",
disse o ministro Guido Mântega, relata FT.
.
Não há como discordar desse diagnóstico, que parece em tudo verdadeiro.
 
Mas, a despeito desse quadro, relata o FT, economistas consideram que o enfraquecimento do Real frente ao dólar concedeu apenas um indulto parcial, pois o Real ainda estaria se mantendo sobrevalorizado em 20%, em termos reais, malgrado a depreciação de 20% em suas oscilações mais recentes.
 
A economia brasileira ainda estaria reagindo lentamente em resposta ao estímulo cambial, no 1º semestre/2012, avaliou, para o FT, o economista David Rees, da Capital Economics, de Londres.
 
Rees considera duvidosos os benefícios desse controle cambial e avalia que, desde que o governo brasileiro passou a intervir no câmbio para segurar em R$2,00 a cotação do dólar norteamericano, a economia brasileira estaria patinando.
 
O QUE PENSAR DISSO TUDO
 
De início, a ortodoxia monetarista jamais poderia admitir como correto o entendimento da incapacidade do mercado financeiro para promover o equilíbrio no mercado cambial, no sentido da otimização do nível de emprego da população e da renda das famílias.
 
Assim, qualquer medida governamental no sentido de combater os "excessos" do câmbio jamais seria acolhida pelos financistas sem o tom de extremo pessimismo ... e também de amargura, pois seu ideário foi jogado no lixo da história pelo vergonhoso crash de 2008.
 
A ortodoxia econômica jamais conseguiu compreender que o equilíbrio no mercado entre as forças de oferta e demanda de moeda raramente se deu, na história, ao nível do pleno emprego dos fatores de produção. E nunca, no período de baixa do ciclo econômico, como no momento atual da economia mundial. 
 
Ademais, a restrição perceptiva proporcionada pelo ideário financista não permite aos "doutos homens de preto do mercado financeiro" reconhecer as limitações trazidas, aos países emergentes, pelos QEs Quantitative Easing bilhardários deflagrados pelos EUA e pela Inglaterra, na busca de ganhos de competitividade de seus produtos no mercado internacional.
 
Efetivamente, seu discurso trata da defesa dos interesses financistas e nada mais. E apenas como tal deve ser entendido. Não se refere, em absoluto, à recuperação das economias nacionais combalidas pelo golpe que o mercado financeiro lhes impôs.
 
O discurso do economista Rees é material demonstrativo da presente resistência do mercado financeiro internacional aos ordenamentos com os quais as nações passam a reconstruir as normas de funcionamento do mundo das finanças, em que o objetivo governamental é a limitação da amplitude de suas ações e mecanismos potenciamente destrutivos do sistema econômico.
 
Não se pode esquecer, que há o interesse do estado inglês e das empresas financeiras inglesas em ressuscitar a City Londrina como centro financeiro internacional. 
 
Correm contra esse importante interesse inglês a regulamentação do mercado financeiro em cada um dos diversos países e a criação de restrições cambiais, tais como as que passam a existir no Brasil de Dilma Roussef e Guido Mântega.
 
Nesse sentido, o descrédito do economista inglês da Capital Economics, em relação à política cambial do governo brasileiro, levanta suspeitas sobre interesses econômicos de sua empresa na reanimação da City e no desenvolvimento de um  liberalismo cambial pleno no mercado internacional.
 
O protecionismo cambial brasileiro tardou a vir e é muito bem vindo para proteger o que restou da indústria brasileira e permitir seu revigoramento.
 
E são de se esperar seus efeitos expansionistas sobre a produção industrial, em 2013, com a economia brasileira crescendo a 4,0% ao ano, elevados os investimentos públicos, a partir da redução dos gastos no giro da dívida pública obtidos com a diminuição dos juros SELIC. 
 
Em 2013 e 2014, o câmbio poderá desvalorizar-se algo em torno de até 10% ao ano, cautelosamente para não acelerar o processo inflacionário e para não se destruir o regime de metas de inflação. 
 
Nesse quadro, ganhos de produtividade financeira advirão do câmbio a um novo nível entre R$2,20 e R$2,50, naqueles dois anos, trazendo fôlego novo à indústria, inclusive com expansão de investimentos externos em capital produtivo.
 
Alie-se a esse movimento, os ganhos de produtividade física trazidos pelo amadurecimento de investimentos em curso nas áreas de infraestrutura portuária,  aeroportos e estradas, além da desoneração da folha e da racionalização tributária, dos incentivos fiscais e do apoio creditício garantido por BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BASA e BNB.
 
Delineia-se um panorama favorável de crescimento econômico para a economia brasileira em 2013 e 2014, com inflação sob controle e rítmo de crescimento em torno de 4%.
 
A economia dos EUA, há alguns trimestes consecutivos em crescimento, revela retomada dos ganhos de produtividade e retorno dos investimentos empresariais em inovação tecnológica, ainda que sob lenta recuperação do nível de emprego da mão de obra.
 
Não deverá afetar o quadro empresarial norteamericano e de investimentos a indefinição política trazida pela eleição presidencial nos EUA, em que os candidatos se encontram em empate técnico nas expectativas de votos. A economia nos EUA irá crescer independentente do mandatário escolhido. 
 
A economia chinesa, por sua vez, tem apresentado dinamismo e elevada taxa de crescimento do PIB, que deverão ser mantidos em 2013, contrariando a perspectiva de "pouso suave" estabelecida no ano passado como prognóstico para 2012.
 
Para o Brasil isso é importante, tendo em vista as exportações de soja e de minério de ferro, comprometidas nos últimos meses as receitas de exportações brasileiras. Parece claro que a economia chinesa irá trabalhar na mesma direção do modelo brasileiro, de incentivo também ao consumo pelo mercado interno.
 
Para a economia européia, o panorama que se desenha ainda é de reconstrução, não se apresentando sinais na direção da retomada do crescimento para antes de 2015, conforme já sinalizado pelo FMI em setembro último.
 
O panorama geral é de grandes dificuldades, onde os governos nacionais dos diversos países do mundo tendem ao protecionismo cambial e fiscal.
 
Nesse quadro, o Brasil não é absolutamente o patinho feio. Ao contrário, é modelo de experimentação que está sendo observado e seguido, daí porque MIBs do mercado financeiro estão "batendo" no Brasil para conter o "efeito demonstração" sobre os demais países. 


Fonte: da Redação, com comentários sobre o noticiário do Financial Times.

 
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