Com as expectativas do crescimento da economia brasileira arrefecendo, a retomada da indústria também sente a desaceleração.
Demanda mais fraca e custos mais altos; misto
A temporada do 1T19 começará com a Usiminas divulgando seus resultados no dia 18 de abril. Esperamos um trimestre bastante similar ao 4T18, o qual já havia sido fraco, ancorado em menores volumes vendidos e pressões de custos observadas no período.
Com as expectativas do crescimento da economia brasileira arrefecendo, a retomada da indústria também sente a desaceleração.
No cenário internacional, a ameaça de retração na economia global põe um ponto de atenção extra para a indústria, tendo em vista que as exportações, que já funcionaram como uma saída para a crise, poderiam ficar bastante limitadas a partir de agora.
Indicadores Macroeconômicos.
Na China, a produção de aço somou 149,6 Mt em 2019 (até fevereiro), uma melhora de 9,4% comparado a 2018, enquanto a produção mundial avançou 3,8%, somando 287,6 Mt, de acordo com a WSA.
Os preços internacionais de aço apresentaram comportamento diversificado no 1T19. Os preços de BQ nos EUA caíram 9,4% t/t em média, enquanto na China houve aumento de 3,8% t/t.
Já para sucata, estávamos esperando um aumento de preços devido à sazonalidade (inverno no hemisfério norte), entretanto, com um inverno menos rigoroso, a oferta se manteve e os preços caíram no período.
Nos EUA, a queda foi de 6,8% t/t em média, para US$ 368/t. Do lado positivo, como mencionamos no nosso Setorial de março (leiao aqui), o PMI manufatura na China ultrapassou a barreira dos 50 pts, ficando em 50,5 pts, com rumores de que um acordo entre China e EUA possa ser definido.
E por falar em EUA, o payroll de março criou 196k vagas, acima do consenso de 177k. Entretanto, o salário médio por hora trabalhada desapontou o mercado. A taxa de desemprego ficou estável em 3,8% no período. O ISM nos EUA subiu para 55 pts, melhorando levemente m/m amparado pelos efeitos Trump-Xi.
No mercado doméstico, o relatório do IABR confirmou um 2019 mais fraco que 2018. A produção de aço bruto somou 5.595 kton no ano (até fevereiro), estável a/a. Entretanto, a produção de aços planos e longos caiu 4,9% e 6,3%, respectivamente no mesmo período, confirmando que o retorno esperado na demanda ainda não chegou.
O consumo aparente avançou 1,9% a/a, para 3.172 kton. No setor automotivo, a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) espera um crescimento de 11% para este ano.
De acordo com a associação, até março de 2019, as vendas somaram 607,6 mil unidades, expandindo ~11% a/a. A produção, contudo, ficou estável comparada ao mesmo trimestre do ano anterior. As exportações são o maior ponto de atenção, pois a crise na Argentina continua. No trimestre, houve queda de 42% comparado ao 1T18.
Outlook.
O ano de 2019 começou com grandes expectativas em termos de melhora na economia doméstica. Não obstante, com o passar do 1T19 e as estimativas para o PIB sendo revisadas para baixo, as estimativas para o restante do ano estão sendo ameaçadas por um cenário incerto.
Do lado positivo, as empresas estão agora mais enxutas e melhores estruturadas do que antes, o que poderá ajudar no caso de um ambiente mais desafiador. Lembramos que todas estão em níveis mais confortáveis de endividamento e geração de caixa.
As margens têm melhorado desde o ano passado e devem continuar a expandir no geral. Devemos ver avanços a partir do 2T19, contanto que os aumentos de preços anunciados no mês passado sejam implementados.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por GABRIELA E. CORTEZ, CNPI Senior Analyst do BB INVESTIMENTOS