Mesmo em cenário global de aversão ao risco, o mercado de renda fixa doméstica privada se mantém atrativo, em face do enfraquecido yield dos títulos públicos e da queda do Ibovespa, com apoio na resiliência econômico-financeira dos emissores
Cenário
Após uma sequência conturbada de eventos – que combinou um enfraquecimento da atividade econômica brasileira com maiores tensões no ambiente político –, para os próximos dias, os agentes aguardam com mais atenção os dados do CAGED, a confiança da indústria, a arrecadação de impostos no País e, no mercado externo, a publicação da ata do FOMC.
Como resultado do agravamento das tensões, os principais mercados domésticos registraram fortes perdas na semana (até dia 17), com queda do Ibovespa em 4,5%, alta do dólar em 3,9% e elevação do risco-país, de 173 para 185 pontos, pelo CDS Brasil de 5 anos.
O movimento repercutiu receios com uma possível desidratação, e atraso, da Reforma da Previdência, especialmente em face de uma nova formulação sinalizada pelo Congresso, além da majoração das medidas protecionistas dos EUA contra a China, afetando o setor de telecomunicações.
Com isso, os mercados emergentes sofreram com o movimento de busca por proteção, refletido na alta do dólar frente às suas moedas e de agravamento de seus contratos de CDS soberanos – em oposição à valorização da libra esterlina, do euro e do iene.
Paralelamente, a curva de juros dos US Treasuries reforçou a alta dos yields longos, com recuo dos curtos, ainda em configuração de possível crise, sinalizada pela inclinação negativa entre os vértices de 6 meses e 3 anos – mesmo com indicadores positivos de atividade econômica nos EUA, como o recorde da confiança do consumidor da Universidade de Michigan, no maior nível em 15 anos.
Debêntures no Secundário
A renda fixa privada vem apresentado acentuado incremento de negociações no secundário, com níveis recordes de volume financeiro e de quantidade de séries negociadas.
O quadro tem se favorecido não apenas pelo baixo nível histórico da Selic, com enfraquecimento dos yields dos títulos públicos, mas também por uma menor percepção de risco, expresso pelo CDS implícito dos emissores.
Em 2019, o volume médio mensal atingiu R$ 7,1 bilhões, até maio, mostrando-se 72% superior ao observado nos 5 anos anteriores e 24% acima da média de 2018.
Neste contexto, apesar do recuo de volume que habitualmente ocorre entre abr-mai, o mercado secundário continua apresentando consistente evolução, em especial, a partir de meados de 2017.
O ambiente, portanto, favorece a realização de operações, tanto em estratégias de Swing Trade, como de Buy & Hold. O Swing Trade (por períodos entre semanas e meses) permite operar a tendência positiva dos preços, ao passo que o Buy & Hold (por meses e anos) se alinha com a atual expectativa de mercado, de que o juro básico da economia permaneça no atual patamar até o final deste ano.