Irã anuncia que derrubou drone dos EUA ... e só ...
mas havia aeronaves militares dos EUA no céu iraniano
Os Guardiões da Revolução do Irã anunciaram nesta 5ª feira, 20.06, que derrubaram um drone norte americano, avião não tripulado, que serve às operações de espionagem na região do Estreito de Ormuz, local por onde transitam cerca de 30% do petróleo consumido no planeta e onde incidentes de bombardeio de navios petroleiros foram registrados em maio último, sem identificação clara de autoria, exceto acusações mútuas entre EUA, Arábia Saudita e Irã.
O drone é do tipo RQ-4 Global Hawk -- abundante em tecnologia de vanguarda e que tem preço estimado superior a US$ 200 milhões, equivalente ao preço de 2 caças F-35 carregados de armas -- , entrou no espaço aéreo iraniano na madrugada desta 5ª feira, sobrevoando a região de Koohe Mobarak, na província de Hormozgan, no sul do Irã, em violação do espaço aéreo iraniano.
O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Abbas Mousavi, condenou a invasão do espaço aéreo de seu país pela aeronave dos EUA e alertou para as consequências de tais "medidas ilegais e provocadoras", segundo a emissora de TV estatal iraniana.
Não houve reação oficial imediata dos EUA. No entanto, autoridades americanas, citadas anonimamente pela agência Reuters, teriam afirmado que o drone encontrava-se no espaço aéreo internacional. Um porta-voz militar americano declarou que nenhuma espaçonave esteve em atividade dentro daquele país, como seria de se esperar.
Ponto geográfico estratégico
O Estreito de Ormuz é a única ligação entre o Golfo Pérsico e os oceanos, sendo um ponto geográfico estratégico pelo qual passa cerca de 30% dos carregamentos de petróleo mundial. Ele está localizado a apenas 80 quilômetros dos Emirados Árabes Unidos e de Omã.
Os EUA estão impondo bloqueio econômico total ao Irã, coibindo a totalidade de exportações de petróleo do país. Contudo, o bloqueio não vem sendo respeitado pela China, pela Rússia e, possivelmente, por países europeus, que permanecem comprando petróleo iraniano.
O boicote tem origem na intenção dos EUA de renegociarem o Acordo Nuclear EUA-Irã estabelecido pelo governo Obama, que refería-se às pesquisas e à produção de energia nuclear para aplicação na produção de arsenal atômico, favorecendo unicamente a produçãod e energia elétrica e material medico.
Os EUA suspenderam unilateralmente esse acordo nuclear com Irã -- a despeito de manifestações em contrário pelos governos alemão e francês, igualmente signatários -- e chamaram o governo do Irã para renegociar outro acordo cujos termos incluiriam, além do impedimento ao enriquecimento de urânio ao nível de produção de arsenal nuclear, o impedimento ao Irã de produção de mísseis de curto, médio e longo alcance. Diante desses termos considerados ofensivos à soberania iraniana, o governo do Irã não aceitou sequer sentar à mesa de negociações.
Provocações
A resposta norte americana é o bloqueio econômico destinado a asfixiar o país dos aitolás e todos os demais que ousem manter comércio com esse país. A estratéga norte americana é criar situação tão aflitiva que leve o governo do Irã a cometer erros, para o que não têm faltado provocações norte americanas.
Em uma dessas provocações, na semana passada, dois navios petroleiros sofreram danos graves no Golfo de Omã, próximo à costa iraniana, e os governos dos EUA e da Arábia Saudita passaram a culpar o Irã pelos atentados, ocorridos quase um mês depois de ataques a outros quatro navios, incluindo três navios-tanque, na costa dos Emirados Árabes Unidos.
A mais recente das provocações norte americanas é a do drone milionário dos EUA derrubado pelos Guardiões da Revolução, uma das diversas forças militares do Irã. Há informes em off que haveria na realidade um comboio militar aéreo dos EUA, já no ar para ataque ao Irã. E cautelosamente os Guardiões da Revolução lançaram um único míssel para derrubar exclusivamente o drone, ignorando estratégicamente as demais aeronaves bélicas e não engolindo a isca lançada pelos americanos. Diante disso, as forças estadunidenses não tiveram motivação razoável para promover o ataque.
A derrubada do drone ocorre em meio ao aumento da tensão entre o Irã e os EUA no Oriente Médio, com troca de ameaças entre os dois países em torno daquela área e depois do governo de Washington ter decidido enviar mais tropas à região e fortalecer sua instalação militar de navios e mísseis no Golfo Pérsico.
Têm endereço certo o estilo provocador, a ação unilateral, o desrespeito a acordos e tratados bilaterais e multilaterais entre nações e a atuação internacionalmente desafiadora, belicista, chantagista e desestabilizadora do governo Trump: as eleições presidenciais em que Trump buscará reeleição, em 2020, para segundo mandato no período de 2021 a 2024.
Geopolítica norte americana: sempre o petróleo, desde a tomada do Texas
Para uma visão panorâmica, muito mais importante para o Estado norte americano do que a reeleição de Donald Trump, é a inviabilização da expansão econômica da China, por meio da redução do acesso chinês ao petróleo do Oriente Médio, da Venezuela e do Brasil.
Daí a razão do embate contra o Irã, pela derrubada de seu governo e queda do monopólio da extração de petróleo e de seu beneficiamento por empresa estatal iraniana, tal como realizado no Iraque na década passada, em que toda a exploração petrolífera foi entregue a empresas norte americanas e inglesas. E, nesse exato momento, considerando o cancelamento pelos EUA do Acordo Nuclear com o Irã, autoridades iranianas declararam que o país acelerará o processo de enriquecimento de urânio em território iraniano, provavelmente ao nível, não apenas da produção de energia elétrica, mas para a produção de artefatos nucleares. O desastre diplomático de Donald Trump, o estúpido.
Daí a razão do golpe de Estado no Brasil, a derrubada do governo Dilma e a imediata alteração da legislação da exploração do petróleo, em 2016, -- que estabelecia o monopólio pela Petrobras --, de modo a viabilizar a entrada de empresas norte americanas em atividades exploratórias no Pre Sal brasileiro.
Daí a busca de derrubada do governo Maduro, na Venezuela, e do apossamento das gigantescas reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do planeta, mantidas sob o monopólio da empresa estatal criada por Hugo Chavez, por meio da desapropriação de empresas estrangeiras que indenizadas com bilhões de dólares, em processo que até contou com arbitragem e aprovação do governo sueco.
Tendo o petróleo como elemento central, Irã, Brasil e Venezuela são países-palcos do embate EUA x [China + Rússia], sendo o Brasil, em especial, pelo destroçamento de sua economia e de sua vida política promovido pela Operação Lava Jato, tornado peão como meio de enfranquecimento dos BRICS, criado como forum de articulação política entre Brasil, Rússia, Índia, Chine e África do Sul.
Neste momento o governo dos EUA busca um pretexto para deflagrar uma guerra contra o Irã, para o apossamento, em favor de empresas norteamericanas, da quarta maior reserva de petróleo do planeta, tal como procedeu em 2003 na invasão do Iraque, a 5º maior, sob motivação hipócrita e mentirosa.
País Reservas de Petróleo
(bilhões de barris)
1º) Venezuela 303,2
2º) Arábia Saudita 266,2
3º) Canadá 168,9
4º) Irã 157,2
5º) Iraque 148,8
6º) Kwait 101,5
7º) Emiratos Árabes Unidos 97,8
Fonte: ANP, Panorama Internacional - Petróleo, 2018. Dados referentes a 2017.
No papo, EUA já têm a Arábia Saudita, o Canadá, o Iraque, o Kwait, os Emiratos Árabes ... e o Pré Sal brasileiro. Faltam apenas a Venezuea e o Irã para o deleite das empresas norte americanas.
Contra a Venezuela, a maior reserva de petróleo do planeta, os EUA aplicam há cinco anos a mesma tática de asfixia econômica do país por meio do impedimento do comércio com outros países, além de ameaças de invasão. Os resultados obtidos são hiper inflação, fome e legião de refugiados venezuelanos na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, EUA e outros paises, totalizando 1,5 milhão de emigrantes. Mas, até o momento o país não se rendeu aos EUA.
O caso da Venezuela demonstra que esse estado de coisa não se deve à personagem estriônica de Donald Trump, pois o bloqueio econômico foi imposto pelo governo Obama, pretensamente humanista e moralmente correto. Trata-se de política de Estado norte americano, não de maluquice de um governante "sem noção", mas de prática estruturada de um estado belicista de economia decadente, que usufrui das benesses da senhoriagem do padrão dólar e da supremacia militar, talvez em momento derradeiro.