Diario do Mercado na 2ª feira, 05.08.2019
Ibovespa cede para 100 mil pts com agravamento da guerra comercial
Comentário.
A intensificação do imbróglio entre EUA e China elevou a aversão ao risco globalmente e derrubou os mercados acionários pelo mundo. O índice brasileiro foi contaminado negativamente e findou com apenas duas ações positivas.
No dia, como uma espécie de retaliação à imposição de mais tarifas de importação pelos EUA, anunciadas recentemente pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a China deixou sua moeda se desvalorizar. A sua cotação ultrapassou 7 yuans por dólar pela primeira vez desde 2008, para, teoricamente, melhorar a competitividade de seus produtos, com as autoridades locais citando que a taxa de câmbio está em um “nível apropriado”.
Adicionalmente, o panorama se agravou depois que o governo chinês informou que poderiam ser suspensas novas compras agrícolas dos Estados Unidos por empresas chinesas.
Enfim, os temores dos investidores aumentaram visto que o acirramento da guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta poderá se alastrar, bem como ter como consequência o início de uma guerra cambial e combalir ainda mais as expectativas de crescimento mundial.
Os índices das bolsas de Nova York denotaram firmes quedas: o Dow Jones em -2,90%; o S&P500 em - 2,98%; e o Nasdaq em -3,47%. O índice VIX, que baliza a aversão ao risco, pulou para 24,6 pts, de 17,6 pts da sexta-feira passada.
No Brasil, o dólar comercial fechou a R$ 3,9560 (+1,67%). Os juros futuros ficaram estáveis no curto prazo, mas subiram firmemente a partir daí, com a aversão dominando o cenário.
Ibovespa.
O índice já abriu decaindo e essa tendência perdurou ao longo de todo o pregão. A maior aversão ao risco nos mercados externos contaminaram o mercado interno e derrubaram as ações de forma generalizada, com o índice doméstico chegando a vir abaixo dos 100 mil pts.
O Ibovespa encerrou aos 100.097 pts (-2,51%), acumulando -1,68% no mês, +13,89% no ano e +22,92% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 17,937 bilhões, sendo R$ 15,883 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 1º de agosto (último dado disponível), a saída líquida de capital estrangeiro foi de R$ 826,324 milhões da Bolsa, após ter registrado retirada líquida total de R$ 6,533 bilhões em julho. Em 2019, o saldo acumulado está negativo em R$ 11,288 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o PMI de serviços passou de 48,2 pts em junho para 52,2 pts em julho. O índice voltou a ficar acima da marca dos 50 pontos, indicando crescimento da atividade. Já o PMI composto subiu a 51,6 pts em julho ante 49,0 pts do mês anterior.
Câmbio e CDS.
A divisa norte-americana encerrou em alta frente ao real, puxado pela forte aversão ao risco nos mercados internacionais, após o iuan romper o nível de 7 por dólar.
O dólar comercial (interbancário) fechou cotado a R$ 3,9560 (+1,67%), acumulando de +3,59% em agosto, + 2,09% % no ano e +6,69% em 12 meses.
Risco País
O risco-país medido pelo CDS Brasil passou de 130 pts, para 140 pts hoje.
Juros.
Os juros futuros fecharam estáveis no curto prazo e avançaram a aprtir daí, em sincronia com a alta do dólar no mercado doméstico.
Em relação à sessão anterior, assim findaram: DI janeiro/2021 em 5,57% de 5,42%; DI janeiro/2023 em 6,54% de 6,37%; DI janeiro/2025 em 7,05% de 6,91%; DI janeiro/2027 em 7,35% de 7,21 %.
Para a semana.
Brasil: Ata COPOM, Dados da Anfavea (Vendas, produção e exportação de veículos), Vendas a varejo, IGP-DI, IPCA e Volume do setor de serviços.;
EUA: Novos pedidos de seguro-desemprego;
Alemanha: Produção industrial e Balança comercial;
Reino Unido: PIB e Produção industrial;
Japão: PIB;
China: Balança comercial, IPC e IPP.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado nesta 2ª feira, 05.08.2019, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos