Diário do Mercado na 4ª feira, 15.08.2019
Ibovespa sucumbe a múltiplos riscos externos
Comentário.
O Ibovespa teve firme baixa, com todas as suas ações encerrando negativas, em dia de vencimento de opções sobre o índice e de índice futuro. Uma gama de temores dos investidores pelo mundo compeliram a elevação da aversão ao risco.
No dia, se acentuou a preocupação dos agentes com a possibilidade de redução maior do que a esperada do crescimento global no médio prazo, com indicadores considerados mais fracos advindos da China e da Alemanha.
Também ainda pairam questões envolvendo a guerra comercial entre EUA e China e a instabilidade política na Itália. Por outro lado, foram elencadas tensões geopolíticas advindas da Rússia, da Coreia do Norte e ainda de Hong Kong.
Ademais, não foi completamente descartada uma contaminação advinda da
vizinha Argentina, que vem sofrendo forte correção em preços de ativos ao longo desta semana. E para agitar mais o panorama, o presidente norte-americano, Donald Trump, criticou o Fed (Banco Central local) por sua postura anterior de aperto monetário (alta de juros) sem a contrapartida atual de afrouxamento monetário (queda de juros) com mesma presteza.
Neste contexto, o Ibovespa, assim como no dia anterior, aderiu sua trajetória na tendência baixista do índice S&P500 de Nova York. As bolsas em Wall Street sofreram reveses e contaminaram negativamente os demais mercados acionários pelo mundo.
No Brasil, o dólar comercial avançou e fechou em R$ 4,0380 (+1,79%). Exceto no curtíssimo prazo, a curva da estrutura a termo subiu, destacadamente de sua parte média em diante.
Ibovespa.
O índice já abriu decaindo e manteve tendência baixista ao longo de todo o pregão, com todos os papéis de sua composição registrando baixa.
O Ibovespa fechou aos 100.258 pts (-2,94%), acumulando -3,59% na semana, +1,53% no mês, +14,08% no ano e +27,55% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 21,5 bilhões, sendo R$ 19,4 bilhões no mercado à vista. Ademais, o exercício de opções sobre o índice foi de R$ 9,462 bilhões.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 12 de agosto (último dado disponível), ocorreu retirada líquida de capital estrangeiro de R$ 1,586 bilhão da Bolsa, com a saída líquida passando a R$ 6,583 bilhões no mês. Em 2019, o saldo acumulado está negativo em R$ 17,017 bilhões.
Agenda Econômica.
Na China, a produção industrial variou +4,8% em julho versus mesmo período de 2018, caindo frente a +6,3% em junho (A/A), inferior ao consenso de mercado de +6,0%. As vendas a varejo oscilaram 7,6% em julho ante mesmo período do ano passado, cedendo sobre o +9,8% de junho (A/A) – menor do que o consenso de mercado de +8,6%. Na Alemanha, o PIB 2T19 (prévia) mostrou retração de -0,1% versus +0,4% no 1T19.
Câmbio e CDS.
A divisa norte-americana encerrou em alta frente ao real, voltando a superar a barreira dos R$ 4,00, pressionado pela onda de aversão ao risco vinda do mercado externo.
O dólar comercial (interbancário) fechou cotado a R$ 4,0380 (+1,79%), variando +2,49% na semana, +5,73% no mês, +4,21% no ano e +4,56% em 12 meses.
Risco País
O risco-país medido pelo CDS Brasil 5 anos avançou a 140 pts versus 134 pts da véspera.
Juros.
Os juros futuros fecharam a sessão regular em alta, acompanhado a alta do dólar.
Em relação à sessão anterior, assim findaram: DI janeiro/2020 em 5,48% de 5,44%; DI janeiro/2021 em 5,46% de 5,39%; DI janeiro/2023 em 6,47% de 6,36%; DI janeiro/2025 em 6,95% de 6,87%; DI janeiro/2027 em 7,24% de 7,16%.
Para a semana.
Brasil: IGP-10 e Confiança industrial;
EUA: Novos pedidos de seguro-desemprego, Produtividade de produtos não-agrícolas, Custo de mão de obra, Produção Industrial, Utilização da capacidade, estoque de empresas e Construção e licenças de casas novas;
Japão: Produção Industrial, Vendas a varejo.
Confira no anexo a integra do relatório sobre o comportamento do mercado na 4ª feira, 14.08.2019, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T do BB Investimentos