A prefeita da região metropolitana de Santiago do Chile, Karla Rubiar, confirmou nesta 2ª feira, 21.10, em uma coletiva de imprensa, que o número de mortos nos confrontos subiu para 11.
A polícia chilena (Carabineros de Chile) informou que 819 pessoas foram detidas no domingo, 20.10, e que 67 policiais foram feridos. Desde o início dos confrontos, mais de 1400 pessoas foram detidas.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse ontem:
“Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, que está disposto a usar a violência sem nenhum limite. Eles estão em guerra contra todos os chilenos que querem viver em democracia",
afirmou.
Os protestos se iniciaram na última 5ª feira, 17.10, após um aumento no preço da passagem do metrô foi o estopim para a crise. Mesmo após o presidente Piñera revogar o aumento, os protestos continuaram. Manifestantes reclamam também da desigualdade social, e dos altos preços de serviços de saúde e educação e dos baixos salários.
As manifestações violentas levaram o governo a decretar toque de recolher. Santiago do Chile, a capital do país, e outras 4 regiões proibiram o livre trânsito de pessoas entre as 19h e 6h da manhã. Não havia toque de recolher no Chile há mais de 30 anos, desde a ditadura de Augusto Pinochet.
Diversos incêndios e barricadas foram registrados durante todo o fim de semana, lojas e supermercados foram invadidos e depredados. Quase 10 mil membros das Forças Armadas foram às ruas, após o presidente decretar estado de emergência na madrugada de sábado, 19.10.
As aulas do ensino infantil, Fundamental e Médio foram suspensas e o serviço de transporte funciona parcialmente. O aeroporto de Santiago também foi afetado e há diversos voos atrasados e cancelados. O ministro do Trabalho, Nicolás Monckeberg, solicitou compreensão e flexibilidade nos horários de entrada e saída dos trabalhadores e afirmou que um atraso não configura razão para demissões.
Guerra
Apesar da declaração de Piñera sobre o país estar em guerra, o general do Exército Javier Iturriaga, responsável pela ordem e segurança em Santiago, afirmou nesta 2ª feira, 21.10, que "não está em guerra com ninguém".
O senador de oposição, Ricardo Lagos Weber, também se manifestou contra a afirmação do presidente.
"Presidente Sebastián Piñera, não assuste os cidadãos! Não estamos em guerra. Enfrentamos uma crise política, mal conduzida pelo Governo, cujo tema de fundo é a desigualdade. Essas declarações não ajudam a criar um clima de entendimento",
disse, na noite de domingo, 20.10.
Desigualdade
De acordo com o relatório "Panorama Social de América Latina" da Comissão Econômica da América Latina e Caribe (Cepal), 1% da população chilena concentra 26,5% da riqueza. O informe diz ainda que 66,5% dos chilenos têm apenas 2,1% do capital.