USIMINAS - Resultado no 3º trimestre/2019
Pressões de custos nos segmentos de siderurgia e mineração; negativo
A Usiminas divulgou seus resultados do 3T19 em 25.10.2019, fortemente impactados por maiores custos no segmento de mineração, os quais limitaram os ganhos de vendas recordes de MF no período.
O segmento de siderurgia trouxe menores volumes vendido t/t, impactado por menor exportação, assim, baixando as receitas no período.
Adicionalmente, com custos ainda pressionados por maiores preços de matéria prima, as margens comprimiram, prejudicando os resultados consolidados. Assim, o EBITDA veio em R$ 441 mm, abaixo dos R$ 576 mm do trimestre anterior e 24% menor que nossas estimativas.
Contudo, de acordo com o management durante o call com os analistas esta manhã, os resultados de ambos os negócios, siderurgia e mineração, devem melhorar no 4T19, dada a possibilidade de aumento de preços para aço e melhores preços realizados de MF.
Lembramos que em nosso relatório de revisão do setor, trouxemos nosso TP 2020e para USIM5 em R$ 9,00/ação, refletindo uma visão mais conservadora das condições de mercado e as entregas da companhia para 2019. As incertezas com relação à Mineração Usiminas após 2025 continuam, já que a companhia ainda não decidiu sobre o plano de ação para a unidade ainda. Mantemos o preço-alvo 2020e para USIM5 em R$ 9,00/ação com o rating de Market Perform.
Resultados Consolidados.
As receitas somaram R$ 3.850 mm, em linha com as estimativas do BB-BI (+4,2% t/t e estável a/a), em razão de (i) volumes vendidos razoáveis no período para siderurgia, mineração e bens de capital.
O CPV totalizou R$ 3.374 mm, subindo 9,3% t/t, assim, pressionando as margens, impactado principalmente por maiores custos no segmento de mineração. As despesas no período foram afetadas por maiores provisões de contingência trabalhistas e civis e o reconhecimento dos créditos fiscais do PIS/Cofins.
Consequentemente, o EBITDA ajustado ficou em R$ 441 mm, 24% menor que nossas estimativas, 23% menor que o trimestre anterior e 37% abaixo a/a. O capital de giro também avançou no trimestre, com a adição de R$ 622 mm, impactado pelos recebíveis da Eletrobras e o aumento sazonal dos estoques de aço e placas.
Siderurgia: menores margens devido à maiores custos&despesas.
A produção de aço bruto somou 834 kton, estável t/t e -1% a/a. Já para laminados, a produção foi de 1.043 kton, 5% menor t/t e -2% a/a. As vendas, então, chegaram a 1.033 kton, 8,3% menor que nossas estimativas e 2% menor que 2T19, com as exportações caindo 20% t/t, enquanto as vendas no MI ficaram estáveis. No período, as receitas ficaram em R$ 3.242 mm, -2,6% t/t, refletindo os menores volumes vendidos. Já para custos, houve impacto de
(i) menor diluição de custo fixo devido à menor produção,
(ii) maiores custos de ferro, parcialmente compensados por
(iii) menores custos de placas compradas.
O custo caixa/ton ficou em R$ 2.336/t (+2% t/t). Na mesma direção, o CPV total avançou 3,4% no período, para R$ 2.986 mm, o que, juntamente com outras despesas somando negativos R$ 126 mm de contingências civis e laborais e o ICMS no PIS/Cofins, levou a um EBITDA de R$ 213 mm, 47,2% menor que o 2T19, com a margem caindo de 12,1% para 6,6%.
Mineração: vendas recordes apagadas pelo impacto de custos.
A produção de MF no trimestre somou 2.260 kton, 1,6% abaixo das nossas estimativas, apesar de avançar 29% t/t. As vendas, por sua vez, atingiram nível recorde, totalizando 2.453 kton, 7% acima das projeções do BB-BI e 38% maior t/t, com as exportações dobrando no período, ao passo que as vendas para a Usiminas retraíram 13% t/t. Assim, as receitas somaram R$ 555 mm, +26% t/t, refletindo
(i) maiores vendas,
(ii) maior nível de preços de MF nos mercados internacionais, parcialmente compensados por
(iii) menor prêmio de qualidade e
(iv) maiores custos de frete.
Dado o impacto do frete, os volumes vendidos e maior volume CFR exportado, o CPV avançou 56% t/t, para R$ 329 mm.
Assim, apesar de apresentar venda recordes no período, o EBITDA ficou em R$ 188 mm, estável t/t, porém com margens contraindo de 33,9% ante 46,1% no 2T19.
Alavancagem e Resultado Financeiro.
O resultado financeiro veio negativo em R$ 445 mm no trimestre, refletindo
(i) negativo R$ 286 mm em variação cambial,
(ii) receita financeira de R$ 204 mm, e
(iii) despesa financeira de -R$ 362 mm.
Como resultado, a Usiminas reportou prejuízo líquido de R$ 139 mm, ante ganhos líquidos de R$ 171 mm no 2T19.
A dívida bruta somou R$ 5.855 mm, um aumento de 7.1% t/t. A dívida líquida somou R$ 4.032 mm, reduzindo 4,5% t/t. Já a alavancagem, medida pela Dívida líquida/EBITDA ficou em 1.7x, ante 1.6x no 2T19. Durante o trimestre, houve a continuação do liability management da companhia, por meio da emissão da 7ª debentures simples, no valor de R$ 2 bi, ao custo de CDI+1,7% para a 1ª série (R$ 700 mm) e CDI+2,1% para a 2ª (R$ 1.3 bi).
Ainda, os créditos do empréstimo compulsório da Eletrobras também vieram neste trimestre e ambos os créditos foram usados para pré-pagar o débito restante com os bancos brasileiros e os debenturistas da 6ª emissão.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da USIMINAS no 3º trimestre/2019, elaborado por GABRIELA E. CORTEZ, Analista Senior, do BB Investimentos.