Presidentes da Rússia e da China pedem diminuição de protecionismo
Países do Brics querem ampliar integração entre economias emergentes
A diminuição do protecionismo é essencial para enfrentar a desaceleração econômica global, disseram nesta 4ª feira, 13.11, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.
Em discursos no encerramento do Fórum Empresarial do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os dois líderes defenderam o aprofundamento do comércio internacional para haver desenvolvimento.
Putin
Segundo Putin, os países do Brics podem contribuir para suavizar a desaceleração econômica global, ao estreitarem os laços comerciais e tecnológicos entre si.
“Dada essa recessão dupla que temos enfrentado, temos visto o crescimento de atitudes protecionistas, de problemas alfandegários. Os países do Brics têm de se esforçar para não se deixar abater por essas coisas. Temos de manter o nível de vida de nossas populações ou até aumenta-las”,
declarou. Putin afirmou que, desde 2018, o mundo enfrenta um desaquecimento econômico e deve encerrar 2019 com o menor crescimento em dez anos.
Em 2020, a Rússia assumirá a presidência rotativa do Brics. Putin lembrou que o comércio do país com os demais membros do grupo tem aumentado mais de 20% nos últimos cinco anos.
O presidente russo destacou as cooperações entre os integrantes do Brics nas áreas farmacêutica, de exploração espacial, aeronáutica e disse que o governo russo está disposto a aumentar o intercâmbio na área de tecnologia da informação, de informática e em energia limpa, principalmente no segmento de gás natural.
Xi Jiping
O aumento do protecionismo global também foi abordado em seu discurso por Xi Jiping, o presidente da China. Segundo ele, a guerra comercial desestimula os investimentos em inovação, o principal instrumento para impulsionar a economia global. China e EUA, as duas maiores economias do planeta, enfrentam tensões comerciais desde que o governo do presidente Donald Trump decidiu impor tarifas a produtos chineses, com retaliações do país asiático.
“Com a nova rodada de transformações industriais e tecnológicas, os motores de desenvolvimento estão ajudando a aumentar a produtividade, a avançar nas áreas sociais e econômicas. No entanto, o crescente protecionismo e as ameaças no mundo estão ameaçando o comércio internacional e o investimento internacional e também levando a uma desaceleração mundial da economia”,
disse o mandatário chinês.
Em seu discurso, Xi Jiping defendeu a ampliação dos investimentos em inovação, economia digital e economia verde (desenvolvimento aliado às preocupações com o meio ambiente) e afirmou que o país está empenhado em abrir o comércio. Ele destacou que o desenvolvimento da China representa uma oportunidade para o mundo inteiro, principalmente para os países do Brics.
“Nos últimos cinco anos, a China tem contribuído, em média, cerca de 30% do crescimento econômico mundial. No ano passado, o investimento externo da China foi de US$ 143 bilhões, 53% a mais que no ano anterior. A decisão da China é de abrir ainda mais o mercado. Portanto temos a mesma expectativa de aumentar o crescimento no futuro”,
acrescentou.
Nahendra Modi
O primeiro-ministro da Índia, Nahendra Modi, disse que os países do Brics têm buscado harmonizar os procedimentos tributários e alfandegários de forma a aumentar os fluxos comerciais e de investimentos.
Modi ressaltou o progresso do grupo nos últimos anos em ampliar a cooperação entre os bancos e na área de direitos de propriedade intelectual e disse estar empenhado para elevar para US$ 5 trilhões o tamanho da economia da Índia até 2024.
Modi sugeriu que o Fórum Empresarial do Brics, formado por representantes de empresas do grupo, mapeie como as economias dos cinco países membros se complementam e identifique áreas prioritárias para investimentos conjuntos entre os países. O primeiro-ministro agradeceu a decisão unilateral do presidente Jair Bolsonaro de dispensar visto para turistas e homens de negócios da Índia e da China.
Cyril Ramaphosa
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que o país está fortalecendo os pilares do crescimento sustentado, tais como educação, meio ambiente e respeito ao Estado de Direito. Ele ressaltou que seu governo tem dado incentivos para mais investimentos, como o desenvolvimento da zonas econômicas industriais com infraestrutura de nível internacional.
Ramaphosa disse que a África do Sul está revisando o regime de vistos para acolher pessoas capacitadas e competentes, de várias partes do mundo, para visitarem, fazerem negócios e trabalharem na África do Sul. Ele destacou ainda o potencial econômico do continente africano para os países emergentes.
“Até 2050, a população da África terá crescido a até 2,5 bilhões de habitantes. Ao criarmos uma área de livre comércio unificada na África, temos por objetivo tornar esse potencial humano subjacente em oportunidade efetiva de alcançar crescimento compartilhado e sustentável”,
disse.