Presidente interina da Bolívia promete eleições o mais rápido possível
A autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou nesta 4ª feira, 13.11, que, além de convocar eleições, o outro objetivo de seu governo será a revogação da decisão constitucional que permitiu a Evo Morales disputar o quarto mandato.
Novas Eleições
Jeanine disse que será garantido um processo eleitoral limpo e transparente, no qual "todos os cidadãos que atendem aos requisitos constitucionais" possam participar.
“Este mandato presidencial estritamente provisório terá dois objetivos fundamentais: a revogação da sentença inconstitucional 0084/2017, de 28 de novembro de 2017, e a convocação de eleições gerais, no menor tempo possível, conforme estabelecido pela Constituição”,
afirmou Janine, em entrevista à imprensa.
A presidente interina pediu a todos os funcionários do estado que retornem imediatamente às suas funções, para que o país comece a voltar à normalidade.
Tribunal Constitucional Plurinacional
Ela afirmou que assumiu a Presidência da Bolívia após consultar o Tribunal Constitucional Plurinacional e depois que as Forças Armadas e a Polícia concordaram com o procedimento.
Jeanine disse que seu mandato é totalmente legal.
"Assumo os símbolos presidenciais como a expressão máxima da unidade dos bolivianos, com a única vontade de regenerar democraticamente o país",
afirmou.
Cúpula militar removida
Também hoje a presidente interina mudou a cúpula militar e indicou os novos comandantes das Forças Armadas bolivianas. Em cerimônia realizada no Palácio Queimado - sede do governo boliviano que Morales não usava – ela apresentou o general de Exército Carlos Orellana como novo comandante das Forças Armadas, e os novos chefes do Exército, da Marinha e da Força Aérea.
Câmara e Senado avaliam situação
A Câmara dos Deputados iniciou, na tarde de hoje, sessão especial solicitada pela oposição para tratar projectos referentes à situação institucional na Bolívia.
A sessão é realizada a pedido de vários blocos partidários oposicionistas, que afirmam repudiar o que consideram "golpe de Estado" na Bolívia e defendem "uma saída democrática" para a situação do país.
O Senado também abriu uma sessão especial para debater o tema, com o quórum justo.
Auto declaração
Ontem, 12.11, Jeanine Áñez, da Unidade Democrática, declarou-se presidente da Bolívia, em uma sessão do senado boliviano em que não havia quórum, porque a bancada do MAS, partido liderado pelo ex-presidente Evo Morales, não estava presente no Congresso.
Ela alegou que assumiria "imediatamente" a Presidência da Bolívia, ao considerar que a situação de vacância no país, devido à renúncia do presidente Evo Morales, e do vice-presidente Álvaro García Linera, que seguiram para o México em asilo político.
Renúncias no Senado e na Câmara
Também renunciaram aos cargos os presidentes do Senado e da Câmara e o primeiro vice-presidente do Senado. Como segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Áñez entendeu que cabía a ela assumir o posto deixado vago por Morales.
Reconhecimento pelo Brasil
O governo brasileiro reconheceu a senadora Jeanine Áñez como nova presidente da Bolívia. Em publicação no Twitter, o Ministério das Relações Exteriores saudou a determinação de Jeanine em trabalhar pela realização de novas eleições e diz que quer aprofundar a “fraterna amizade” entre Brasil e Bolívia.
Twitter
O jornal Folha de São Paulo noticia nesta 4ª feira que, após declarar-se presidente interina, a senadora Jeanine Áñes retirou mensagens suas em sua conta no Twitter.
Uma das mensagens retiradas fora postada em 14.04.2013 e nela a senadora dizia o seguinte:
“Sonho com uma Bolívia livre de ritos satânicos indígenas, a cidade não é para os índios, que saiam daqui para os Andes ou para o chaco [região boliviana]”.
A outra mensagem retirada pela ex-senadora era contra o Ano Novo Aymara, etnia chamada por Añez de “satânica”, porque “a Deus ninguém o substitui”. Ambos tuítes começaram a circular a partir do fim da tarde da 3ª feira, 12.11.
Em uma mensagem mais recente, ela lamenta a soltura do ex-presidente Lula.
Prossegem Confrontos nas Ruas
Em La Paz continuaram nesta 4ª feira os confrontos violentos entre policiais e militares contra apoiadores leais ao ex-presidente Evo Morales. Grande parte deles provenientes da cidade de El Alto, na região metropolitana de La Paz, e que carregavam bandeiras dos vários grupos indígenas que compõem a nação boliviana.
Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra manifestantes, proximo à praça San Francisco, aparentemente com fins dissuasivos e sem efetuar disparos.