PETROBRAS - Resultado no 4º trimestre/2019
Desalavancagem em curso, com maior produção e menor CPV; positivo
A Petrobras divulgou seus resultados do 4T19 com números robustos, marcados por
(i) um aumento na produção total;
(ii) um forte aumento no fluxo de caixa livre;
(iii) menores custos de extração (lifting cost); e
(iv) um declínio de 25% a/a na dívida bruta (desconsiderado o impacto do IFRS 16).
Do lado negativo, destacamos
(i) o aumento das despesas com vendas;
(iI) maior volume de impairments; e
(iII) a baixa taxa de utilização das plantas de refino.
Destaques Operacionais.
A produção de O&G atingiu 2.770 kboe/d em 2019, um aumento de 5,4% a/a. O quarto trimestre representou uma alta recorde na produção, chegando a 2.938 kboe/d, um aumento de 14,5% a/a, liderada pelo aumento de 46% na produção do pré-sal, que compensou o declínio em águas rasas (-30% a/a), onshore (-7% a/a) e pós-sal (-14% a/a).
O crescimento do pré-sal reflete a maior produção nos campos de Búzios e Lula, que contribuíram para aumentar a participação do pré-sal na produção total para 59%, ante 49% há um ano. Em 2018 e 2019, a Petrobras iniciou oito novas plataformas.
Refino
Quanto ao refino, o fator de utilização permaneceu baixo em 2019, em 77% (+100bps a/a), com um aumento de 0,8% a/a no volume total de produção (devido às maiores exportações de bunker e gasolina de alta octanagem) e declínio de 2,9% a/a no volume total de vendas (devido a maiores importações de terceiros e perda de participação de mercado da gasolina para o etanol hidratado).
Em 2019, os custos de extração (excluída a participação do governo) atingiram US$ 9,62/boe, uma redução de 12% a/a, devido ao aumento da produção nas plataformas do pré-sal, principalmente nos campos de Búzios e Lula.
No geral, foi um trimestre muito forte em termos operacionais, apesar do baixo fator de utilização das refinarias.
Destaques Financeiros.
A receita líquida atingiu R$ 302 bilhões, uma redução de 2,6%, influenciada:
(i) pela queda de 2% nos preços do Brent em reais;
(ii) pelos menores volumes e preços de venda de derivados de petróleo, principalmente gasolina e nafta;
(iii) venda de ativos (refinaria de Pasadena e ativos de E&P nos EUA, além da empresa de distribuição no Paraguai).
Apesar da menor receita, a maior produtividade levou o EBITDA ajustado a alcançar R$ 129 bilhões em 2019, um aumento de 13% a/a, principalmente devido a menores custos de produção (R$ 11,4 bilhões) e contingências (R$ 2,5 bilhões), que compensaram a redução nos preços do brent e as maiores despesas com vendas.
Em 2019, as despesas operacionais caíram 30% a/a em razão dos desinvestimentos realizados - no valor de R$ 25,7 bilhões, principalmente relacionados aos ativos da TAG e de E&P. Esse valor compensou as maiores despesas com vendas, que foram afetadas pelo pagamento de tarifas pelo uso de gasodutos da TAG (~R$ 3 bilhões) e os maiores custos logísticos para exportação.
As despesas com impairment aumentaram 51% em 2019, para R$ 11,6 bilhões, principalmente devido à revisão das premissas do Brent no novo Plano Estratégico (R$ 6,6 bilhões) e ao adiamento dos investimentos no 2º trem da RNEST (R$ 2,2 bilhões).
Opinião do analista.
Este foi um ano robusto para a Petrobras, com fortes números em E&P, que apresentou elevação na produção e menores custos, apesar dos números fracos no refino, por conta da dinâmica de menor utilização da capacidade de refino combinada com maiores despesas (dado o foco nas exportações), o que levou a um EBITDA 3% menor a/a, além de queda de 40% a/a na receita operacional do segmento, por conta dos impairments. O fluxo de caixa livre totalizou R$ 73 bilhões em 2019, 32% superior a 2018.
Quanto ao endividamento, a dívida bruta (ex-IFRS 16, para melhor comparabilidade) diminuiu 25% em relação a 2018, principalmente devido a desinvestimentos, enquanto a duration aumentou de 9,1 anos para 10,8 ano, com declínio de 20 bps a/a no custo médio, para 5,9%.
A dívida líquida/EBITDA UDM permaneceu estável em 2,4x (considerado o IFRS 16), mesmo após o pagamento dos bônus de assinatura no valor de US$ 16,7 bilhões para a rodada de licitações do excedente da cessão onerosa (campos de Búzios e Itapu).
Em 2019, a empresa pagou R$ 10,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, divididos em R$ 0,73 por ação ordinária e R$ 0,92 por ação preferencial. Mantemos nossa visão otimista para a Petrobras, dado
(i) suas perspectivas de manutenção de elevado FCF;
(ii) as melhorias no dividend yield com a nova política de dividendos;
(iii) as perspectivas de aumento adicional da produção total com menores custos no pré-sal.
Outperform
Portanto, mantemos a recomendação Outperform com o preço alvo de R$ 32,20 para PETR4 e R$ 36,50 para PETR3, ambos para o final de 2020.
Confira no anexo a íntegra do relatóriod de análise do desempenho da PETROBRAS no 4º trimestre/2020, elaborado por DANIEL COBUCCI, integrante do BB Investimentos