TUPY - Resultados no 4º trimestre/2019
Receita, EBITDA e lucro líquido recordes, apesar dos menores volumes; Positivo
Ontem, 03.03, a Tupy divulgou seus resultados do 4T19, positivo em nossa visão, uma vez que a companhia trouxe os maiores resultados anuais de sua história: receita, EBITDA e lucro líquido recordes, mesmo em face da redução de volumes auferida em todos os segmentos. Os números trazidos à mesa foram reflexo do
(i) melhor mix de produtos,
(ii) ganhos de produtividade, e
(iii) flexibilidade frente a oscilação de volumes (anéis de defesa).
Resultado Consolidado.
Apesar da redução de 7,8% a/a na receita do 4T19, dado menores volumes vendidos nos mercados interno (-22,1% a/a) e externo (-16,2% a/a), a receita/kg auferida aumentou 11,4% a/a, em resultado de um melhor mix de produtos (maior valor agregado), também beneficiado pela desvalorização cambial. O CPV caiu 8,1% a/a, em recuo mais intenso que o da receita, resultando na margem bruta de 15,3% (+0,2% a/a).
Isto se deu em função da redução de 19% no custo com matéria prima por
(i) menores preços, combinados a
(ii) ganhos de eficiência, mesmo considerando a maior especificação dos produtos de maior valor agregado (CGI e usinados).
As despesas operacionais, por sua vez, cresceram 0,4 p.p a/a no 4T19, representando 8,1% da ROL, enquanto as não-operacionais passaram para o campo positivo em R$ 70,7 mi (ante -R$ 45,5 mi de 4T18). O impacto positivo veio dos efeitos fiscais: (i) reversão de impairment de ICMS (R$ 45,6 mi), (ii) exclusão do ICMS da base PIS/CONFINS (R$ 36,8 mi), e (iii) crédito do Reintegra (R$ 28 mi). Adicionalmente, ocorreu o ajuste por impairment de ativos intangíveis de -R$ 45 mi (carteira de clientes do México) em despesas.
Assim, a Tupy trouxe EBITDA de R$ 193,9 mi (+27,4% a/a) no 4T19, que, ajustado pelos fatores não recorrentes (-R$ 64,9 mi), resultou no EBITDA Ajustado de R$ 152,2 mi (+0,7% a/a), com uma respectiva margem EBITDA de 13,4% (+1,2 p.p. a/a), possibilitados po ganhos de eficiência combinados a produtos de maior valor agregado, como acima mencionado, amparados pela dinâmica estratégia “anéis de defesa”, que mitiga as flutuações de demanda.
Performance dos Mercados: apesar dos volumes vendidos mais baixos, o marketshare foi mantido.
No 4T19, observamos redução generalizada nos volumes em todos os segmentos e em ambos os mercados, em função, principalmente do
(i) phase out de produtos, previsto pela companhia, e
(ii) estratégia de redução de estoques de clientes.
Adicionalmente, o mercado interno foi afetado pela redução de exportações indiretas. No mercado externo, houve
(i) um arrefecimento da demanda da Ásia e Europa,
(ii) a postergação de investimentos, dado os conflitos geopolíticos, e nós consideramos ainda
(iii) uma base comparativa de 4T18 mais forte (recuperação de backlog).
Na teleconferência de resultados, realizada hoje, 04.03, a companhia sinalizou que, apesar da redução nos volumes no 4T19, não houve perda de market share, sinalização positiva para a estratégia da companhia.
Estratégia de Maior Valor Agregado.
O aumento da participação de produtos de maior valor agregado no mix, em ferro vermicular (CGI – Compacted Graphite Iron) e usinagem, foi um destaque positivo. No 4T19, sua venda foi constituída de 23% (ante 20% no 4T18) de usinados e 24% (ante 16%) de CGI, da carteira do segmento de Transporte, Infraestrutura & Agricultura.
A exposição à esta estratégia tem avançado trimestre a trimestre trazendo resiliência as margens, aspecto positivo ao nosso ver, a majorado acompanhando que o lançamento de novos produtos e as adequações na estrutura organizacional, que devem trazer maior sinergia e contribuição às margens globais.
Endividamento e resultado financeiro.
O resultado financeiro totalizou negativos R$ 32,5 mi em 4T19 (vs +R$ 45,0 mi em 4T18). Tal variação se deu, principalmente, pela redução nas receitas por menores juros e derivativos (créditos a receber da Eletrobrás), além das variações monetárias e cambiais.
Quanto ao endividamento, a dívida liquida ficou em R$ 639,2 mi, menor em 28,9% t/t, enquanto a dívida líquida/EBITDA ajustado fechou em 0,91x, menor em 0,38x t/t (1,29x no 3T19).
Opinião do Analista.
Dados o resultado de 4T19, positivo em nossa visão, permanecemos otimistas com tese de investimentos da Tupy, apesar da queda dos volumes. O resultado deve seguir beneficiado pela:
(i) evolução nos ganhos de margem da maior participação de produtos de maior valor agregado (CGI e usinados),
(ii) seu favorável posicionamento em ambos os mercados interno e externo,
(iii) sua capacidade para geração de caixa, com incremento na remuneração para os acionistas, além dos
(iv) ganhos de eficiência e produtividade a frente, com a captura de sinergias entre suas unidades fabris, potencializados pela aquisição da Teksid (dez/19).
Desta forma, mantemos nosso preço-alvo YE20 para TUPY3 em R$ 23,0/ação, com recomendação Outperform.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do desempenho da TUPY no 4º trimestre/2020, elaborado por CATHERINE KISELAR, CNPI, integrante do BB Investimentos