A Neoenergia reportou números positivos referentes a 2019, mas a alta de custos apresentada no último trimestre acendeu o sinal amarelo sobre a qualidade do crescimento orgânico em distribuição.
A receita líquida trimestral apresentou alta de 3,8% t/t e de 9,8% a/a, totalizando R$ 7.453,8 milhões, enquanto no ano totalizou R$ 28.461,3 milhões, representando alta de 9,7%, em função de maiores volumes de energia distribuído, impacto positivo da revisão tarifária da Elektro em Agosto de 2019 e da entrada operacional da UHE Baixo Iguaçu, além dos reajustes tarifários anuais.
Houve aumento no nível de perdas totais das distribuidoras do Nordeste, enquanto a Elektro apresentou redução de perda nos dois períodos, sendo ainda beneficiada com aumento do limite regulatório de perda na revisão tarifária em Agosto.
Assim, Coelba e Cespe permaneceram acima dos respectivos limites de perda total, enquanto a Cosern e a Elektro (a partir de Agosto) conseguiram manter-se abaixo de seus limites regulatórios.
O índice de inadimplência medido pela provisão de crédito duvidoso sobre o faturamento superou o do 4T18 e o limite regulatório no trimestre nas distribuidoras Coelba, Celpe e Elektro, sendo a Cosern a única a apresentar melhora e superar o parâmetro regulatório. Coelba, Celpe e Elektro também apresentaram aumento de inadimplência no ano, mas a Coelba apurou índice inferior ao limite regulatório no ano.
A Cosern apresentou melhoria neste indicador e também cumpriu esse parâmetro regulatório. Já em relação aos indicadores de qualidade no fornecimento de energia, todas as Distribuidoras do grupo estiveram melhores que o limite regulatório no trimestre.
O total de custos não gerenciáveis totalizou R$ 3.779,7 milhões no 4T19, representando alta de 0,8% t/t e 14,0% a/a, após a redução apresentada no trimestre anterior. O custo de compra de energia veio menor que 3T19 e 4T18 mas não o suficiente para compensar o aumento nos encargos de transmissão e na compra de combustíveis para geração termelétrica. No acumulado em 2019 o total de custos não gerenciáveis veio 4,6% acima de 2018 e totalizou R$ 14.960,9 milhões.
Os custos gerenciáveis apresentaram alta superior à inflação no trimestre, +21,4% t/t e +6,5% a/a, com
(i) despesas de pessoal e serviços de terceiros pontualmente maiores em função da sobreposição durante o processo de internalização de eletricistas em andamento,
(ii) do aumento de provisões com inadimplência e
(iii) de contingências.
No acumulado do ano, PMSO mais provisões totalizou R$ 3.794,5 milhões, representando alta de 4,1% a/a.
Assim, o EBITDA trimestral foi R$ 1.507,6 milhões, +2,5% t/t e +38,5% a/a, correspondendo a uma margem EBITDA de 20,2% enquanto o acumulado em 2019 alcançou R$ 5.651,6 milhões, +25,7% a/a, principalmente em função da entrada em operação de novos ativos de geração ao longo do ano, com margens superiores a das distribuidoras, e à revisão tarifária da Elektro em Agosto de 2019. A margem Ebitda anual foi de 19,9%.
O resultado de equivalência patrimonial adicionou R$ 5,8 milhões ao resultado do trimestre, aumento de R$ 30,6 milhões em relação ao 4T18, e totalizou R$ 67,8 milhões no ano, +20,4% a/a, pelo melhor resultado da UHE Teles Pires, que amenizou perdas da UHE Belo Monte decorrentes de liquidação de energia livre ao baixo PLD da região Norte.
O resultado financeiro líquido veio negativo em R$ 367,9 milhões no trimestre, +13,5% a/a, e R$ R$ 1.340,8 milhões no ano, +14,7% a/a, com destaque para a queda de receita financeira (-38,1% a/a no trimestre e -36,1% a/a no anual) decorrente de menor posição de caixa em função de distribuição de dividendos, investimentos em novos projetos e amortizações de dívida, bem como pelo menor rendimento de aplicações atreladas ao CDI.
O lucro líquido totalizou R$ 618,0 milhões no trimestre (+3,1% t/t e +75,0% a/a), enquanto no ano totalizou R$ 2.228,8 milhões (+45,1% a/a).
Endividamento.
O endividamento líquido consolidado alcançou R$ 17.134,1 milhões, -2,3% t/t e +8,0% a/a, que associada ao crescimento de EBITDA, ocasionou em redução da alavancagem medida pela relação dívida líquida e EBITDA dos últimos 12 meses, que veio de 3,5x no 4T18 para 3,4x ao final do 3T19, chegando agora a 3,0x.
Os Investimentos em expansão totalizaram R$ 1.426,0 milhões no trimestre (-1,3% a/a) e R$ 4.389,8 milhões no ano (+15,7% a/a), principalmente destinados às distribuidoras e novos projetos de Transmissão que compõem o segmento de Redes e consumiram R$ 1.155,8 milhões no trimestre (-14,9% a/a) e R$ 3.923,0 milhões no ano (+17,2% a/a).
Entre os onze novos projetos de Transmissão, dois foram finalizados recentemente, com antecedência de mais de um ano e economia superior a 30% em relação aos parametros regulatórios, adicionando a partir de 2020 com R$ 25 milhões à receita anual.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da NEOENERGIA no 4º trimestre/2019, elaborado por RAFAEL DIAS e RAFAEL REIS, integrantes do BB Investimentos