Diário do Mercado na 5ª feira, 12.03.2020
Ibovespa tem duplo “circuit breaker” com escalada da aversão ao risco
Comentário.
O índice doméstico foi abalroado pelo agravamento do medo que tomou conta das bolsas norte-americanas, tendo a maior queda (-14,78%) desde setembro de 1998.
Em suma, a escalada de casos do coronavírus na Europa (Alemanha e França relataram hoje) e, destacadamente, nos EUA, induziu um rápido avanço da aversão ao risco, com o Vix Index indo a 75,47 pts ante 53,90 pts na véspera e se aproximando de sua máxima histórica (80,86 pts em 20/11/2008), no auge da Crise do Subprime nos EUA.
Assim, os mercados acionários de Nova York desceram ainda mais dentro do chamado “bear market” (tendência de baixa) e contaminaram mais negativamente as demais bolsas pelo mundo. Nem mesmo o Fed, injetando US$ 1,5 trilhão no mercado de hoje até amanhã, trouxe alívio.
No Brasil, as ocorrências da patologia também aumentaram, incrementando a incerteza interna, com a trajetória doméstica acompanhou a tendência baixista do índice S&P500, mas com perda superior, e foi marcada por dois “circuit breaker” (parada técnica) ao longo da sessão, quando chegou a cair mais de 10% e 15%.
O dólar comercial alcançou novo recorde, fechando cotado a R$ 4,7890 (+1,42%). Os juros futuros marcaram a maior elevação de sua curva de estrutura a termo no ano, com destaque de alta para os vencimentos intermediários.
Ibovespa.
O índice já abriu decaindo e logo após diversos papéis saírem de leilões iniciais, foi acionado o “circuit breaker” pela primeira vez, às 10h21min (-10,11%). Meia hora depois, os negócios reabriram, mas como a queda se elevou, às 11h12min foi acionado pela segunda vez o “circuit breaker” (-15,43%).
A tendência de baixa prosseguiu e quase houve uma terceira parada, pois o índice de aproximou da variação de -20% às 13h52min. A partir dai´, teve um pequeno respiro, com zeragem de posicionamentos intradiários.
O Ibovespa encerrou aos 72.582 pts (-14,78%), passando a acumular -25,93% na semana, -30,32% no mês, -37,24% ano e -25,81% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 30,3 bilhões, sendo R$ 24,9 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa B3
No dia 9 de março, a Bovespa mostrou retirada líquida de capital estrangeiro de R$ 2,041 bilhão, acumulando saída líquida de R$ 7,939 bilhões em março (fevereiro: recorde de saída de -R$ 20,971 bi).
Em 2020, acumula saldo negativo de -R$ 48,068 bilhões (em 2019, retirada líquida de -R$44,517 bi).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) principiou com “gap de alta”, a R$ 5,0240, após ter fechado em R$ 4,7220 na véspera. O Banco Central interveio ao longo do dia com quatro leilões para dar liquidez ao mercado e a cotação veio arrefecendo, fechando, inclusive, aquele salto inicial de desvalorização do real. A postura externa do Fed também contribuiu favoravelmente.
A moeda fechou a R$ 4,7890 (+1,42%), acumulando +3,37% na semana, +6,95% no mês, +19,37% no ano e +25,56% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) pulou para 309 pts versus 218 pts no dia anterior.
Juros.
Os juros futuros, mais uma vez, dispararam e elevaram elevando tanto a sua curva de estrutura a termo, como a sua inclinação para cima, se sobressaindo os contratos intermediários.
Além do panorama externo e interno turbulento por conta do coronavírus, a derrubada pelo Congresso do veto do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que aumenta em cerca de R$ 20 bilhões por ano o déficit fiscal na noite de ontem, foi mal recebido pelos investidores. A subida do dólar também contribuiu. Assim findaram os contratos sobre a véspera:
DI janeiro/2021 em 4,95% de 3,22%;
DI janeiro/2022 em 6,20% de 5,03%;
DI janeiro/2023 em 7,26% de 5,92%;
DI janeiro/2024 em 7,86% de 6,52%;
DI janeiro/2025 em 8,22% de 6,89%;
DI janeiro/2027 em 8,88% de 7,60%.
Agenda. vide página 3 do anexo.
Empresas. Calendário de Balanços de Empresas 4T19 – vide página 4 do anexo.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 12.03.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos.