Diário do Mercado na 6ª feira, 24.04.2020
Ibovespa recua com mercado digerindo mudança no governo
Comentário.
O índice brasileiro (Ibovespa)abriu cadente com a possibilidade da saída do ministro da Justiça, que se confirmou ainda pela manhã. Todavia, o temor maior dos agentes passou a ser em torno de especulações que isto poderia abrir espaço para uma reestruturação maior no governo, com mudança no ministério da Economia – boato que já havia sido levantado em outras ocasiões e que, simplesmente, não ocorreu.
Enfim, o Ibovespa quase perfez um novo “circuit breaker” (interrupção momentânea dos negócios quando atinge baixa de -10%), mas já denotou reação parcial na parte da tarde – que, provavelmente, só não foi maior por se tratar de uma sexta-feira, véspera de final de semana, em tempos de crise econômica global.
Externamente, nos EUA, outras medidas fiscais de US$ 484 bilhões, para enfrentar o debacle ocasionado pelo coronavírus, e o presidente Donald Trump ter assinado legislação de apoio fiscal para a economia local foram eventos bem recebidos pelos investidores.
Ademais, os preços futuros dos barris de petróleo recuperam algum terreno, com o tipo WTI para junho encerrando em US$ 16,94 (+2,67%) e o tipo Brent em US$ 21,44 (+0,52%). Assim, as bolsas de Nova York fecharam em alta no dia, mas em baixa na semana.
O dólar comercial registrou seu terceiro recorde histórico seguido, findando a R$5,6670 (+2,50%). Os juros futuros dispararam, impactados pela escalada do dólar.
Ibovespa.
O índice abriu declinante, batendo na mínima do dia às 12h22min, em 72.040 pts (-9,58%), reagindo parcialmente a partir daí.
O Ibovespa fechou aos 75.330 pts (-5,45%), acumulando -4,63% na semana, +3,16% no mês, -34,68% ano e -20,74% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 37,8 bilhões, sendo R$ 32,5 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 22 de abril, a Bovespa apurou retirada de R$ 873,697 milhões, com a saída líquida indo a -R$ 1,221 bilhão no mês (após retirada líquida mensal recorde de R$ 24,207 bilhões em março). Em 2020, acumula saldo negativo de -R$ 65,558 bilhões (acima a saída líquida anual recorde de -R$ 44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica
No Brasil, os Investimentos Diretos no País (IDP) foram de US$ 7,621 bilhões em março, acumulando US$ 19,235 bilhões no ano e US$ 79,507 bilhões em 12 meses (4,49% do PIB). Já a conta corrente registrou superávit de US$ 868 milhões em março, acumulando déficit de –US$ 15,242bilhões no ano e saldo negativo de -US$ 49,651 bilhões em 12 meses (2,80% do PIB).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) abriu ascendente e assim se manteve até pouco antes da hora final, arrefecendo um pouco a partir daí, mas perfazendo sua terceira sessão seguida de recorde histórico.
O Banco Central efetuou durante o dia leilões de swap cambial, leilão de linha (venda com recompra) e venda à vista de moeda no montante total de US$ 2,8 bilhões para suprir liquidez ao mercado.
A moeda fechou a R$ 5,6670 (+2,50%), acumulando +8,27% na semana, +9,06% no mês, +41,25% no ano e +42,17% em 12 meses.
Risco País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) subiu a 368 pts versus 330 pts na sessão anterior.
Juros
Os juros futuros dispararam. O terceiro recorde seguido do dólar induziu a elevações das taxas, além do aumento da aversão ao risco sobre economias emergentes, com vários vencimentos variando acima de 20%. Assim fecharam as taxas em relação ao pregão anterior:
DI julho/2020 em 3,24% de 3,02%;
DI outubro/2020 em 3,14% de 2,80%;
DI janeiro/2021 em 3,12% de 2,72%;
DI janeiro/2022 em 4,10% de 3,37%;
DI janeiro/2023 em 5,58% de 4,53%;
DI janeiro/2025 em 7,61% de 6,26%;
DI janeiro/2027 em 8,59% de 7,18%.
Agenda. vide página 3.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 24.04.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, ambos integrantes do BB Investimentos