BRF - Resultado 1T20 e Revisão de Preço
Resultado forte, superando expectativas
Reiteramos Outperform
A BRF apresentou mais um resultado robusto no 1T20, com efeito positivo sobre os papéis da empresa que chegaram a subir 12% ao longo do dia. No trimestre, os resultados foram fortemente impactados pela performance no segmento Internacional, que segue tendência positiva observada nos últimos trimestres devido a avanços na Ásia.
Além disso, o mercado doméstico no Brasil continua reportando resultados consistentes, fruto de execução e foco da empresa em produtos de maior valor agregado.
Apesar do desempenho mais fraco no segmento Halal, como já esperado, o resultado nos surpreendeu positivamente com margens de dois dígitos, mesmo diante de um cenário bastante desafiador.
Como resultado, e somado o efeito positivo da política de gerenciamento de gastos da empresa que vem mitigando maiores custo com grãos, a margem EBITDA avançou para 14%, de 10,2% no 1T19, já considerando provisões para possíveis efeitos negativos da Convid-19 nos resultados futuros da empresa. Por outro lado, o resultado líquido da empresa fechou negativo, dado variação cambial que impactou em R$ 123 milhões o resultado financeiro, e despesas referente ao acordo de encerramento da Class Action nos EUA, no valor de R$ 204 milhões. Assim, a empresa apresentou um prejuízo líquido de R$ 38 milhões.
Destacamos ainda como positiva a alavancagem da empresa em 2,68x, em patamares ainda confortáveis, mesmo diante da apreciação do dólar. Vamos acompanhar a evolução desse indicador, tendo em vista que podemos ver algum impacto no próximo trimestre devido às aquisições já anunciadas de
(i) mais 25% da Wafi, distribuidora de produtos BRF, e
(ii) 100% da Joody Al Sharqiya, empresa de processamento de alimentos, ambas na Arábia Saudita, e em linha com a estratégia da empresa de expansão no mercado Halal, com produtos de maior valor agregado.
Por fim, para incorporar os efeitos da Covid-19, custos com grãos e desvalorização cambial em nossas estimativas, revisitamos nosso modelo para BRFS3 e estamos introduzindo novo preço alvo de R$ 25,00/ação.
Permanecemos otimistas com a tese de investimentos da empresa, acreditando que ainda há espaço para ganhos de sinergias adicionais com as novas aquisições. BRFS3 está sendo negociada com múltiplo EV/EBITDA de 6,8x, o que torna o valuation atrativo, considerando sua média histórica de 8,5x em 2 anos. Assim, reiteramos nosso rating de Outperform.
Brasil: avanços em volume e preço compensaram maiores custos e sustentaram margens.
Seguindo a trajetória observada nos trimestres anteriores, a combinação de melhorias em execução comercial e maior demanda contribuíram para um aumento de 11% a/a em volume, impulsionados principalmente pelo incremento de 15% a/a no segmento de processados.
Assim, o aumento de vendas de produtos de maior valor agregado impulsionou preços médios (+7% a/a), compensando maiores custos e levando margem EBITDA para 13,1% vs 9,5% no 1T19.
Halal: resultado surpreende positivamente com margem EBITDA de dois dígitos.
Mesmo diante do já esperado desempenho fraco, principalmente em processados, dado restrições impostas pela Arábia Saudita, o retorno gradual das exportações da Turquia para o Iraque e maiores volumes para outros destinos tiveram efeito positivo sobre os volumes que avançaram 3% a/a.
No entanto, mesmo com o dólar mais forte favorecendo preços médios, maiores custos com grãos e frete, e despesas em dólar, compensaram o desempenho nas vendas e fizeram margem retrair 3,8 p.p a/a para 10,1%, mas com avanço sequencial positivo de 2,4 p.p. t/t.
Outros segmentos internacionais: resultados continuam refletindo forte demanda na Ásia.
Os incrementos observados em volumes (+13% a/a) e preços médios (+29% a/a) corroboram com nossa visão de demanda ainda consistente na Ásia. Além da China, a preocupação com abastecimento e segurança alimentar também impulsionaram vendas para o Japão e Singapura.
Como resultado, observamos um aumento significativo de 19 p.p. a/a em margem EBITDA que alcançou 26,8%, maior margem do segmento até o momento. Destacamos como positivo, o incremento de 90% a/a dos volumes para China em decorrência do aumento do número de plantas habilitados ao longo do 2S19.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da BRF n 1º trimestre/2020, elaborado por LUCIANA CARVALHO, analista senior do BB Investimentos