Banco BMG - Resultado no 1º trimestre/2020
Crescimento morno em meio a um mercado em desaceleração. Negativo.
O Banco BMG apresentou resultados negativos no 1T20, em nossa opinião. Observamos um fraco crescimento na carteira de crédito em comparação com demais pares, além de uma dinâmica ainda morna de crescimento em receitas de serviços.
Pelo lado positivo, a estabilidade da inadimplência e melhoria no índice de eficiência trouxeram algum alento, mas não o suficiente para nos convencer que a companhia não será duramente afetada pela pandemia do Covid-19, dada a sua estratégia altamente dependente das lojas físicas.
A carteira de crédito total apresentou um crescimento de 2,3% t/t e 18,9% a/a, atingindo R$ 11,72 bilhões. Apesar do comparativo anual denotar um crescimento satisfatório, a performance ante o 4T19 ficou aquém do esperado quando comparamos com o mercado, que cresceu a taxas mais robustas, em um trimestre em que a quarentena ainda não havia mostrado impactos tão profundos sob a ótica da demanda por crédito.
A qualidade da carteira de crédito, segundo metodologia da companhia (carteira E-H) apresentou ligeira deterioração no comparativo t/t, com elevação de 10 bps, enquanto no comparativo anual vimos uma retração de 10 bps.
A receita de serviços (gerencial) chegou a R$ 22 milhões, denotando um crescimento de 73,4% t/t e 137,8% a/a. Especificamente quanto à operação de seguros, foram observadas emissões de R$ 62 milhões em prêmios através da parceria com a Generali Corretora, um incremento de 5,1% no trimestre e 32% no ano.
Apesar de bom crescimento, entendemos que a expectativa, na época do IPO, eram maiores. Por isso, consideramos que as taxas de crescimento estão longe de espetaculares, e o volume de tais receitas no mix ainda permanece aquém do esperado.
Como pontos positivos destacamos a queda das despesas não decorrentes de juros, que totalizaram R$ 288 milhões (-0,3% t/t), além da melhoria do índice de eficiência recorrente, que caiu a 56,3%, de 59,5% no 4T19.
Destacamos que esse ponto foi muito questionado pelo mercado, principalmente nas despesas de provisão para processos legais, visto o incremento apresentado no 3T19.
Como resposta, uma das promessas do BMG foi o orçamento base zero para 2020, e essa melhora apresentada acima já pode ser visto como consequência desse movimento.
Perspectivas.
De modo geral, entendemos que o BTG irá enfrentar um 2T20 desafiador. Sendo seu modelo de negócios eminentemente dependente de seus pontos de venda físicos, a pandemia do Covid-19, de duração e intensidade ainda desconhecidos, irá testar a capacidade da companhia de acelerar seu ingresso no mundo digital, cujo movimento ficou conhecido como “figital” pelo banco.
Além disso, mesmo que ele o faça, podemos ver impactos significativos em suas receitas à medida que a parcela da população que perfaz seu público-alvo caminha para maior fragilidade financeira, diminuindo o apetite ao crédito, e até uma possível piora na inadimplência.
Ainda que o cenário enseje cautela, a falta de visibilidade neste momento nos compele a manter nosso preço-alvo para 2020 em R$ 7,50 e nossa recomendação de Manutenção.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho do Banco BMG no 1º trimestre/2020, elaborado por VINICIUS SOARES, CFA, e WESLEY BERNABE, CFA, integrantes do BB Investimentos.