China e Índia pedem negociações para acabar com guerra da Ucrânia
sábado, 24.09.2022
Após uma semana de pressões contra a Rússia, na 17ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia entregou neste sábado uma grave repreensão às nações ocidentais pelo que ele chamou de uma campanha "grotesca" contra os russos.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, pediu à Rússia e à Ucrânia que "impeçam a crise de transbordar" e de afetar os países em desenvolvimento.
"A China apoia todos os esforços propícios à resolução pacífica da crise da Ucrânia. A prioridade urgente é facilitar as negociações de paz.
"A solução fundamental é abordar as preocupações legítimas de segurança de todas as partes e construir uma arquitetura de segurança equilibrada, eficaz e sustentável."
disse Wang no sábado, de modo a ecoar as afirmações de Putin a respeito de ser indivisível a necessidade de segurança de todas as partes, observado o panorama de avanço contínuo de arsenal da OTAN, inclusive nuclear e de guerra biológica, nas fronteiras com a Rússia.
Quanto à questão de Taiwan, Wang Yi manteve firme que a China tomaria "medidas contundentes" contra qualquer interferência em Taiwan, insistindo que os esforços para evitar a "reunificação" seriam "esmagados pelas rodas da história".
O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, país que, por sua vez, mantém laços históricos com a Rússia, seu tradicional fornecedor de defesa, declarou:
"À medida que o conflito na Ucrânia continua a se alastrar, muitas vezes nos perguntam de que lado estamos. Nossa resposta, cada vez, é direta e honesta – a Índia está do lado da paz e permanecerá firme lá.
Estamos do lado que exige o diálogo e a diplomacia como a única saída."
afirmou Jaishankar, suscitando a lembrança de demandas de negociações expressas por Vladimir Putin em seu célebre discurso na Conferência de Munique, em 10.02.2007. Naquela ocasião e desde então, Putin tem alertado que a expansão da OTAN "não tem qualquer relação com a modernização da própria Aliança, nem com a garantia de segurança na Europa. Ao contrário, representa séria provocação que reduz o nível de confiança mútua." E que o risco de admissão da Ucrânia na OTAN pode representar ameaça militar direta ao território da Rússia, e é a causa das atuais tensões na política externa.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov lançou a culpa no Ocidente, em seu discurso à Assembléia da ONU.
"A russofobia oficial no oeste é sem precedentes. Agora, o escopo é grotesco.
"Eles não estão se esquivando de declarar a intenção de infligir não apenas derrota militar ao nosso país, mas também destruir e fraturar a Rússia."
Os EUA, disse ele, desde o fim da Guerra Fria agiram como se fosse "um enviado de Deus na Terra, com o direito sagrado de agir impunemente onde e quando quiserem", afirmou Lavrov.
Criticou também a União Europeia como uma "entidade autoritária, dura e ditatorial" e disse que a liderança do bloco forçou o líder de um Estado-membro – o presidente cipriota, Nicos Anastasiades – a cancelar uma reunião planejada com ele. Lavrov também criticou o Ocidente por não se envolver com a Rússia, dizendo: "nunca nos afastamos de manter contato".
Os governos de EUA, França, Reino Unido, Alemanha e de outros países ocidentais estão analisando novas sanções contra a Rússia, após Putin ter convocado reservistas e feito ameaça de uso de armas nucleares; e se recusaram a reconhecer resultados de referendos sobre a anexação russa que estão sendo realizados em territórios ocupados pelas tropas russas.