Com esses números e prejuízo do BC em 2022 e 2023, como pode o presidente do BC pleitear Autonomia Financeira do BC ao Senado ?
Contas externas têm saldo negativo de US$ 4,4 bilhões em fevereiro
Investimentos diretos somaram US$ 5 bilhões
5ª feira, 04.04.2024
As contas externas do País tiveram saldo negativo em fevereiro de 2024, chegando a US$ 4,4 bilhões, informou nesta 5ª feira, 04.04, o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2023, o déficit foi em nível semelhante, de US$ 4,4 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.
Em 12 meses encerrados em fevereiro, o déficit em transações correntes foi US$ 24,7 bilhões (1,11% do PIB), ante o saldo negativo de US$ 24,7 bilhões (1,12% do PIB) em janeiro de 2024. A retração foi mais significativa em relação ao período equivalente terminado em fevereiro de 2023, quando o déficit em 12 meses somou US$ 52,3 bilhões (2,63% do PIB).
De acordo com o BC, as transações correntes têm um cenário bastante robusto, com déficits decrescentes e baixos, principalmente em razão dos resultados positivos da balança comercial.
Já no acumulado de janeiro e fevereiro de 2024, o déficit ficou em US$ 9,5 bilhões, contra saldo negativo de US$ 13,3 bilhões no primeiro bimestre de 2023.
Balança comercial: Superavit de US$ 3,440 bilhões
As exportações de bens totalizaram US$ 23,9 bilhões em fevereiro/2024, com alta de 12,2% em relação a fevereiro/2023. As importações somaram US$ 20,415 bilhões, aumento de 7,3% na comparação com fevereiro de 2023. Com esses resultados, a balança comercial fechou com o superávit de US$ 3,440 bilhões em fevereiro, ante saldo positivo de US$ 2,247 bilhões no mesmo período de 2023.
O déficit na conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – somou US$ 3,7 bilhões em fevereiro/2024, ante os US$ 2,1 bilhões em igual mês de 2023. Houve aumento nas despesas em viagens, transporte e aluguel de equipamentos.
Transportes Internacionais: déficit de US$ 1,163 BI
O déficit na rubrica de transportes passou de US$ 946 milhões em fevereiro de 2023 para US$ 1,1 bilhão no mesmo mês de 2024, alta de 22,9%. Já em aluguel de equipamentos, as despesas líquidas somaram US$ 836 milhões, aumento de 46,4% em comparação a fevereiro de 2023, que foi US$ 571 milhões, o que explica, em parte, o aumento de déficit na conta de serviços. Essas duas rubricas estão associadas ao aumento da atividade produtiva e, no caso, do frete do volume importado.
Viagens Internacionais: déficit de US$ 379 Milhões
No caso das viagens internacionais, a conta vem em trajetória de recuperação, ainda que com o crescimento do déficit em patamares inferiores ao período antes da pandemia da covid-19. Em fevereiro, o déficit na conta de viagens fechou o mês com alta de 11,8%, chegando a US$ 379 milhões, ante déficit de US$ 339 milhões fevereiro de 2023.
As receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil cresceram 27,2% na comparação interanual e chegaram a US$ 673 milhões em fevereiro, contra US$ 529 milhões no mesmo mês de 2023. As despesas de brasileiros no exterior passaram de US$ 868 milhões em fevereiro do ano passado para US$ 1,052 bilhão no mesmo mês de 2024, aumento de 21,2%.
Propriedade Intelectual: déficit de US 681 Milhões
Também contribuíram para o aumento do déficit em serviços as despesas líquidas com serviços de propriedade intelectual, que somaram US$ 681 milhões em fevereiro de 2024, ante US$ 365 milhões em fevereiro do ano passado.
Na mesma base comparativa, as receitas líquidas de outros serviços de negócio totalizaram US$ 230 milhões, ante US$ 749 milhões em fevereiro de 2023. Essa conta inclui serviços de pesquisa e desenvolvimento, serviços jurídicos, de publicidade, engenharia e arquitetura, serviços de limpeza e despoluição.
Rendas
Em fevereiro de 2024, o déficit em renda primária - lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários - chegou a US$ 4,2 bilhões, redução de 7,5% ante os US$ 4,6 bilhões no mesmo mês de 2023. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do País – do que de brasileiros no exterior.
Juros: déficit de US$ 2,1 BI
As despesas líquidas com juros passaram de US$ 2,116 bilhões em fevereiro de 2023 para US$ 1,4 bilhão em fevereiro deste ano, redução de 35,3%, influenciadas por menores despesas brutas em operações intercompanhia (redução de US$ 791 milhões), quando a matriz ou filial no país envia recursos para o braço da empresa no exterior, por exemplo.
Lucros e Dividendos: Déficit de US$ 2,9 BI
No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 2,9 BI no mês de fevereiro/2024, frente aos US$ 2,5 BI de déficit observado em fevereiro de 2023.
A conta de renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve resultado positivo de US$ 106 milhões em fevereiro/2024, contra superávit US$ 139 milhões em fevereiro/2023.
Investimentos estrangeiros diretos: US$ 5,0 BI
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no País (IDP) caíram na comparação interanual. O IDP somou US$ 5,0 BI em fevereiro, ante US$ 7,2 BI em fevereiro/2023. O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 62,0 BI (2,8% do PIB) em fevereiro/2024, ante US$ 64,2 BI (2,92% do PIB) no mês anterior e US$ 74,8 BI (3,76% do PIB) no período encerrado em fevereiro de 2023.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.
A previsão do BC é que os investimentos diretos no País cheguem a US$ 70 BI em 2024, segundo o último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março.
Aplicações Financeiras: saída de US$2,9 BI do País
No caso dos investimentos em carteira no mercado doméstico, houve saída líquida de US$ 2,9 BI em fevereiro/2024, compostas por despesas líquidas de US$ 2,1 BI em ações e fundos de investimento e de US$ 857 milhões em títulos de dívida. Nos 12 meses encerrados em fevereiro último, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$ 4,4 BI.
Queda das Reservas Internacionais em US$ 2,4 BI
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 352,7 BI em fevereiro/2024, recuo de US$ 2,4 bilhões em comparação com fevereiro/2023.