Carlos Marighella, deputado cassado, militante político integrante da ALN Ação Libertadora Nacional, assassinado pela equipe do delegado Sergio P Fleury, em novembro/1969.
MPF denuncia 5 agentes da ditadura por morte de Carlos Marighella
Morte ocorreu em contexto de perseguição sistemática do Estado
14.05.2024
O MPF Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra 5 pessoas por participação na execução de Carlos Marighella. O líder da ALN Ação Libertadora Nacional foi morto em uma operação policial em 04.11.1969, na região dos Jardins, na zona oeste de São Paulo SP.
O assassinato do guerrilheiro foi comandado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, notório agente da repressão da ditadura militar, com participação em diversas execuções e sessões de torturas.
Foram denunciados os agentes da repressão Amador Navarro Parra, Djalma Oliveira da Silva, Luiz Antônio Mariano e Walter Francisco, que faziam parte das equipes policiais que participaram da operação para eliminar Marighella. A procuradoria ressalva que a ação envolveu diversos agentes identificados, mas que a maior parte já está morta, assim como o próprio delegado Fleury,
Outro denunciado é o legista Harry Shiabata. Segundo o MPF, o médico, em seu laudo, ocultou as informações que indicavam que Marighella foi executado. À época, os policiais apresentaram uma falsa versão de que o guerrilheiro foi morto em uma troca de tiros. Porém, em um dos disparos, há a marca característica de que o cano da arma estava praticamente encostado ao corpo de Marighella.
Como ele estava desarmado, o MPF destaca que Marighella poderia ter sido imobilizado e preso.
“O que se verifica é que, desde o início, a intenção da repressão era matar Marighella, e não o prender com vida”,
afirma o autor da denúncia, o procurador Andrey Borges de Mendonça.
O procurador sustenta que a morte aconteceu em um contexto de perseguição sistemática do Estado brasileiro contra a população civil, configurando crime contra a humanidade, sem possibilidade de anistia ou prescrição.
O MPF lembra ainda que o Brasil já foi condenado por duas vezes pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelos crimes cometidos pelo aparato de repressão entre 1964 e 1985, período da ditadura militar.
Por isso, o País deve investigar e responsabilizar os envolvidos em assassinatos, torturas e desaparecimentos forçados no período.