60 bilhões de Euros no Quantitative Easing do Banco Central Européu foi tema das discussões
O anúncio, pelo BCE Banco Central Europeu, de um programa que destinará 60 bilhões de euros por mês para a compra de títulos públicos, com o objetivo de aquecer a economia e evitar a deflação da zona do euro, teve ampla repercussão no segundo dia de debates do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que participou nesta 5ª feira, 22.01, de um dos painéis do evento, disse que o plano anunciado pelo BCE não pode fazer com que os líderes dos países europeus deixem de promover as reformas estruturais necessárias.
Merkel reconheceu o progresso de países como Itália, Espanha e França, mas enfatizou que a Europa não está fora de perigo.
“Precisamos promover crescimento e gerar empregos de longo prazo”.
Assim como o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, em seu discurso ontem (21), a chanceler alemã também defendeu uma política mais voltada para o crescimento.
“O argumento do crescimento com austeridade é uma dicotomia falsa. A Alemanha tem mostrado que uma política fiscal orientada para o crescimento é possível”,
ressaltou.
Vários líderes defenderam, em diferentes momentos do fórum, o avanço nas negociações para a criação de uma zona de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia, a chamada Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (Ttip, na sigla em inglês), que tem sofrido ampla oposição de sindicatos europeus. Além de Merkel, os primeiros-ministros da Holanda, Mark Rutte, e da Irlanda, Enda Kenny, pediram avanços no acordo, que, se consolidado, seria o maior acordo de livre comércio do mundo. Rutte enfatizou que, com a parceria, a Europa poderia se beneficiar com até 5% de crescimento extra, sem ter que ampliar os gastos do governo.
As eleições parlamentares da Grécia, neste domingo, 25.01, também foram tema de debate em Davos. Apesar da possibilidade de o novo chefe do governo grego vir do partido radical de esquerda Syriza, líderes europeus acreditam que não há possibilidade de que o país abandone a zona do euro, renunciando à moeda única.
Mais de 2,5 mil líderes políticos, empresariais, cientistas e formadores de opinião participam do Fórum Econômico Mundial, que vai até sábado, 24.01. Em seu primeiro compromisso público depois de ser acusado de manter relações sexuais com uma menor, o príncipe britânico Andrew, duque de York, segundo filho da rainha Elizabeth, chegou a Davos hoje, onde oferecerá uma recepção para empreendedores. O rei Abdullah, da Jordânia, acompanhado da rainha Rania, também participa do fórum, onde falará sobre o avanço da paz e da segurança no Oriente Médio.
O terrorismo também fez parte da agenda de debates. O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e o vice-presidente do Iraque, Iyad Allawi, pediram a união das nações contra os grupos terroristas.
“É uma só batalha, estamos lutando contra o mesmo terrorismo. O sangue que os terroristas derramam no Egito, no Iraque, na Síria, na Líbia, na Nigéria, no Mali, no Canadá, na França e no Líbano é da mesma cor. Temos que mobilizar todos os nossos esforços para eliminar esse flagelo onde quer que ele exista”,
afirmou al-Sisi.
Joaquim Levy em Davos
Para o Brasil, o Fórum Econômico Mundial é uma boa oportunidade para explicar as mudanças adotadas na política econômica e tentar recuperar a confiança dos investidores. Essa é a missão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que, desde ontem, cumpre, em Davos, uma agenda de encontros com líderes estratégicos.
Ele reuniu-se com a diretora do FMI Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, almoçou com investidores e, à tarde, participou de uma sessão de debates sobre governança financeira. Levy também tinha encontros agendados com o presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, e com o presidente do BID Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luiz Alberto Moreno.