Editorial
A Batalha perdida de Trump
Na última 6ª feira, 16.08, Trump afirmou que a China está frente a "extrema forma de retaliação", referindo-se à movimentação policial chinesa na eventual necessidade de contenção do movimento popular em Hong Kong, contrário à aproximação com o governo da China continental, manifestação que ocorreu pacificamente neste sábado, 17.08.
Trump afirmou que quer que a China "resolva o problema [de Hong Kong] de forma humana".
Não há como acreditar em propósitos humanitários do atual ocupante da Casa Branca. É notório e evidente a todos que Trump vem blefando e brincando de jogar o planeta em um confronto militar desde o início de seu mandato.
Após impor tarifas sobre importações americanas de produtos chineses, nesta semana, no montante de US$ 300 BI, acabou sendo "jantado" por Xi Jinping nesta mesma semana, por meio da determinação do governo chinês de que nenhuma empresa da China doravante comprará produtos agrícolas norte-americanos.
A materialização dessa estratégia chinesa "derruba" a base de apoio eleitoral de Trump, em sua busca por re-eleição no próximo ano.
Diante disso, Trump apela para retórica extra-mercado, fazendo ingerências no embate político a respeito da soberania de Hong Kong. Em campanha eleitoral, possa de humanitário para abafar o fracasso de sua medida de contenção de importações chinesas.
Trump expressa desesperada busca da elite norte-americana pela permanência da hegemonia dos EUA, como potência dominante em termos militares, econômicos, financeiros, tecnológicos e culturais. Luta inglória e de fim previsível desfavorável para a potência cujo Duplo Déficit já comemora 50 anos, vê próxima a perda da senhoriagem internacional, reluta em reduzir gastos militares astronômicos e experimentou gigantesca concentração de renda, derivada das políticas liberais adotadas desde os anos Reagan, minando um elemento essencial da pujança da economia norte-americana, o elevado poder de consumo de sua sociedade; enfim, um país despreparado para o enfrentamento da gigantesca crise econômica que se avizinha, ainda mais intensa que aquela de 2007-2008.