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Economia e Finanças

27 de Janeiro de 2013 as 22:01:58



ARTIGO - A Nova Política Cambial Brasileira, Roberto G. Fonseca


A Nova Política Cambial  Brasileira,        

por Roberto G. Fonseca
 

Pela lucidez e importância, são aqui transcritos alguns excertos do artigo do economista Roberto Gianetti da Fonseca, disponível no site da FIESP, no endereço mencionado ao pé desta página.  O artigo poderá ser consultado na íntegra em arquivo .pdf, aqui anexo.

 

“Procuro ler tudo o que se escreve sobre câmbio na literatura atual. Os últimos hits são os livros do economista americano Barry Eichengreen, Privilégio Exorbitante, e o de seu colega indiano, Surjitt Bhalla, Desvalorizando Para Crescer. Lendo-os fiquei convencido de que estamos definitivamente num momento de profundas transformações na economia mundial, que felizmente não passam desapercebidas pelos dirigentes do Banco Central.

 

“Em 2012, houve um fato econômico extremamente relevante: o estabelecimento de uma nova política cambial brasileira. A estabilidade cambial dos últimos sete meses não se verifica desde o abandono do regime de bandas cambiais pelo Banco Central, em 1999. Outras importantes mudanças foram a depreciação do Real e o reconhecimento explícito pelo governo da inadequação do câmbio valorizado para o desenvolvimento industrial. Considero essas mudanças bem vindas, a despeito da opinião de pequeno grupo de economistas que defendem a livre flutuação do Real.

 

”A defesa da livre flutuação da taxa de câmbio passa por uma hipótese básica: a de que os fluxos financeiros internacionais levam a taxa de câmbio necessariamente ao equilíbrio dos preços domésticos vis-a-vis os preços internacionais, e as variações do câmbio nominal respondem à mudanças de produtividade entre as diferentes economias.

 

“Um aspecto notável da defesa da flutuação cambial é o argumento de que a especulação no mercado de câmbio seria estabilizadora. Esta tese foi defendida por Milton Friedman e está implícita nos discursos de quem advoga pela livre flutuação.

 

“O problema é que essa teoria se sustenta somente no plano da abstração. No mundo real a especulação é desestabilizadora e o mercado financeiro não leva o câmbio a equilíbrio algum. A sucessão de crises e a alta volatilidade, recentemente, nos mercados de câmbio tiraram o crédito dessas teses e a teoria econômica passou a incorporar a arbitrariedade dos agentes financeiros em seus modelos e o comportamento mimético por que são guiados.

...

“Hoje há amplo conhecimento de que a política cambial é necessária para neutralizar as distorções provocadas pelo setor financeiro. Estas podem ser temporárias ou conjunturais, decorrentes da instabilidade do mercado e de episódios de especulação pela apreciação e  depreciação do real. Nesse caso, a política cambial tem o papel de conter os excessos do mercado financeiro, evitando o over shooting e um excesso de volatilidade da taxa de câmbio.

 

“Mas, no caso brasileiro, as distorções financeiras vão além do padrão de volatilidade da taxa de câmbio e geram processos longos de apreciação,intervalos com curtos e abruptos períodos de depreciação. Esse padrão de comportamento da taxa de câmbio é pronunciado por causa da alta rentabilidade de investimentos financeiros domésticos e, principalmente, das (ainda) altas taxas de juros praticadas no País, que dão origem ao carry trade operado principalmente nos mercados de derivativos.

 

“Alguns argumentam que a volatilidade cambial é necessária para compensar as variações nos preços das comodities e, assim, evitar pressões inflacionárias. Ora, esses preços tem sido extremamente voláteis nos últimos anos e, diga-se, a determinação desses preços também tem ocorrido no mercado financeiro, como na bolsa de futuros de Chicago. Não cabe à taxa de câmbio brasileira reproduzir esse padrão de volatilidade. Deve-se encontrar fórmulas alternativas de neutralizar a pressão desse produtos sobre a inflação sem prejudicar as exportações industriais e desnortear o investimento produtivo.

 

“O que está em jogo é o projeto de desenvolvimento que queremos. Os economistas que defendem a livre flutuação são os mesmos que advogam pela especulação regressiva da economia brasileira. Para eles o Brasil seria um pujante exportador primário com um setor financeiro sofisticado (não por acaso a Austrália é citada como exemplo).

 

“Mas o Brasil não é a Austrália, temos uma população de 200 milhões de habitantes, predominantemente urbana, e precisamos de um projeto de desenvolvimento que passe pelo setor industrial, que dinamiza a economia, inova e pode oferecer empregos de qualidade numa escala maior que o setor agrícola.

 

“Assim, a despeito das críticas, a nova política cambial obervada em 2012 é bem vinda, as autoridades devem manter a administração da taxa de câmbio e levar adiante, com gradualismo, a tendência de desvalorização do real para o nível de R$2,20 a R$2,30, até o final de 2013.”

 

fonte:  http://www.fiesp.com.br/wp-content/uploads/2013/01/aqui.pdf


Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: Roberto Gianetti da Foseca, da FIESP





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