EDITORIAL
Sobre o Escândalo da Espionagem Norteamericana
Wilson R Correa
09.07.2013
Documentos vazados pelo Wikileaks revelam que a NSA agência norte-americana de espionagem grampeou celulares da presidente Dilma Rousseff e também o telefone o avião da presidente.
Há uma coisa positiva no caso atual: não ficamos sabendo apenas 50 anos depois, como foi o caso da participação norteamericana no golpe de 64 e do apoio da CIA às torturas.
Para o governo do "Yes, We Can", de Barac Obama, que se propos fundado na ética, no retorno aos princípios dos "fundadores da Nação" e na defesa do ideário democrático, o não-fechamento de Guantânamo já era uma enorme e inaceitável contradição. Grampo telefônico da presidente Dilma e tambem de Angela Merkel, é mais da mesmo. Acrescente-se a isso a canalhice dos grampos telefônicos da Petrobras, gestora do Pre-Sal e o roubo dos notebooks dos engenheiros da grande petroleira estatal brasileira.
E, neste momento, a questão da espionagem contra o Brasil e contra a Europa é uma sinuca de bico maior ainda para o pretenso "grande irmão do norte", a qual revela, com grande transparência, as contradições de um Estado que se torna crescentemente autoritário, ao que tudo indica, sem possibilidades de retorno à vista, sob a garantia e para gaudio dos falcões do Pentágono.
O silêncio a respeito da espionagem do Povo Brasileiro é também afronta à democracia entre nações.
Pedir descupas, deflagrar o desmonte do aparato de espionagem e propor ressarcimento às nações que sofreram a espionagem é o menor dos prejuizos ao país de Abraham Lincoln, mas não ao país de Bush Jr.
Ao Brasil cabe, corajosamente, declarar enfim o FBI, CIA e NSA personas non gratas no País e solicitar sua imediata saída dos escritórios ocupados no edifício Gilberto Salomão no Setor Comercial Sul, em Brasília DF, cancelando a autorização ao FBI de sua instalação no Brasil, dada subalternamente pelo Governo FHC.
Às empresas de telefonia que eventualmente participaram dessa maracutaia, nada mais justo que o cancelamento de suas autorizações para participação nesse mercado, além de multas e processo criminal aos seus administradores.
A formação de grupos de trabalho pelo Governo Brasileiro para estudar o assunto é sinal histórico de não encarar nem querer resolver o problema.
Quanto à viagem oficial da Presidenta Dilma Roussef aos EUA, postergação sine die enquanto não vierem os esclarecimentos, o pedido de desculpas do governo norteamericano nem a devolução dos notebooks dos engenheiros brasileiro. Nada da síndrome do deixa-disso e do complexo de vira-latas, afinal Obama é inadimplente do crédito que lhe foi adiantado por meio do prêmio Nobel da Paz. É merecedor do "puxão-de-orelhas".