Renda Fixa - Mercado Secundário de Debêntures, CRA e CRI 19/09/2019
O momento se mostra particularmente favorável para a compra de ativos no mercado brasileiro, com inéditos recuos da aversão ao risco e do juro básico, mas a configuração da paridade dos juros sinaliza alerta para o câmbio
Cenário
A instabilidade global se intensificou ao longo da semana, com tensões bélicas no Oriente Médio e continuidade das disputas comerciais entre EUA e China, mas as principais medidas de risco exprimem um cenário mais favorável para o mercado brasileiro. Não apenas pela configuração das curvas de juros, mas especialmente pela acomodação do CDS Brasil de 5 anos em torno dos 120 pontos, que representa o menor patamar desde mai/2013, acompanhada de progressiva redução de sua volatilidade.
Paralelamente, também a agenda econômica movimentada intensificou a onda de ajustes nos principais mercados, com destaque para a desaceleração da economia chinesa (com produção industrial e vendas no varejo abaixo das expectativas de mercado), a realização de operações compromissadas pelo FED, a fim de injetar liquidez no mercado norte-americano, e o corte dos juros pelos comitês de política monetária nos EUA e no Brasil.
Dessa forma, a despeito do panorama internacional conturbado, a percepção de risco no ambiente doméstico vem diminuindo, favorecendo a compra de ativos, inclusive os de maior maturidade, ao passo que o enfraquecimento dos juros contribui para a calibragem de taxas de desconto menores na precificação.
Por outro lado, acompanhando este mesmo movimento na paridade das taxas de juros, cabe alertar que o dólar frente ao real sofre maiores pressões, renovando sucessivas altas, e acumula médias de cotações significativamente maiores nos últimos dias, conduzindo o câmbio para o limite superior do segundo desvio padrão.
Debêntures no Secundário
Prosseguindo em tom otimista, a negociação secundária de debêntures já apresenta crescimento de 10,7% em volume financeiro, quando comparadas as médias diárias registradas em agosto e setembro.
O contexto se mostra especialmente favorecido pela relativa estabilização do sentimento de aversão ao risco e pelo movimento geral de enfraquecimento dos juros, com reduzidas oportunidades de yields nos títulos públicos.
Neste sentido, importa salientar que não apenas o risco soberano se arrefece, mas também as medidas de CDS implícito dos emissores apresentam recuo expressivo e diminuição de sua volatilidade, sinalizando maior convicção dos agentes acerca das atuais precificações.
Também de modo favorável, o comunicado do Copom foi interpretado pelo mercado de modo mais dovish, que o esperado até então, reforçando a expectativa de maior intensidade de cortes na Selic, abrandamento dos yields das curvas de juros e menores taxas de desconto nas precificações.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por RENATO ODO, CNPI-P 3058, Analista Sênior do BB Investimentos