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Investimentos

Terça-Feira, Dia 12 de Maio de 2020 as 19:05:31



COPASA - Resultado no 1º trimestre/2020: NEUTRO


COPASA - Resultado no 1º trimestre/2020
 
Crescimento ofuscado por custos e desempenho operacional. Neutro.
 
A Copasa divulgou números neutros relativos ao 1T20, mostrando crescimento na receita devido ao reajuste tarifário anual, parcialmente compensado por pressões de custos, que aumentaram quase na mesma proporção.
 
Houve retração no volume comercializado por unidade, devido às fortes chuvas em Minas Gerais no período, além de ligeira deterioração no nível de coleta e tratamento de esgotos, e perdas na distribuição. O lucro líquido foi prejudicado pelas maiores despesas financeiras com a desvalorização do real.
 
Os impactos advindos do coronavírus são ainda incertos, mas a companhia já deu sinais de dinâmica desfavorável em suas receitas no mês de abril.  
 
COVID-19 e a inadimplência.
 
Apesar da pandemia não ameaçar significativa retração na demanda por saneamento, e ainda pressupondo uma provável ausência de interrupção na oferta, entendemos que seus impactos mais significativos virão pelo lado da inadimplência.
 
Do ponto de vista do combate à crise e apoio à população consideramos adequadas as medidas anunciadas pela Copasa e pela ARSAE-MG como a não realização de cortes no fornecimento e isenção de juros e multa sobre as contas não pagas para a categoria residencial social, bem como a redução do valor da entrada requerida para renegociação e parcelamento de débitos das categorias residencial, comercial, industrial e pública, e ainda a postergação do corte de abastecimento dos demais clientes com contas recentemente vencidas.
 
As medidas, no entanto, foram o prenúncio de um pico na inadimplência, que, conforme noticiado, em abril já se elevou dos históricos 5% para 20%. 
 
Preço-alvo.
 
Estamos no meio da pandemia, com visibilidade bastante baixa, estando os números do 1T já defasados e os impactos sobre os números do 2T pouco conhecidos.
 
A Copasa em seu release já apontou que, em termos de receita, abril teve um desempenho abaixo do esperado, o que acende um sinal amarelo. Até que tenhamos maior visibilidade quanto à dinâmica da inadimplência, que é altamente dependente da duração e intensidade da crise, optamos pela redução do preço-alvo apenas com alteração das premissas de custo médio ponderado de capital, que são distintas daquelas desenhadas há 6 meses atrás, e derivam mais diretamente da deterioração das condições macroeconômicas e de mercado do que da companhia em si.
 
Sendo assim, revisamos o preço-alvo para o final de 2020 para R$ 65,00 e apesar do elevado potencial, por hora mantemos a recomendação Market Perform.
 
A receita líquida de água, esgoto e resíduos sólidos no 1T20 totalizou R$ 1,21 bilhão, um crescimento de 9,5% no comparativo anual por conta principalmente do reajuste tarifário médio de 8,38% aplicado em agosto de 2019, e também pelo crescimento de unidades consumidoras em água (+1,5% a.a.) e esgoto (+1,7% a.a.).
 
Outro fator que impulsionou a receita foi a migração de aproximadamente 57 mil economias em 5 municípios para a tarifa EDT, relativa não apenas à coleta, mas ao tratamento de esgoto, onde esse serviço passou a ser fornecido.
 
Por outro lado, as fortes chuvas em Minas Gerais observadas no trimestre acarretaram concomitantemente em um menor volume comercializado por unidade (-2,8% a/a) e também dedução de R$ 2,1 milhões em isenções nas faturas em auxílio às famílias castigadas pelas enchentes, em especial na grande BH.
 
Tais deduções, no entanto, devem ser devidamente compensadas em momento oportuno pelo regulador.
 
Os custos e despesas saltaram 7,5% no trimestre, no comparativo ante o 1T19, mostrando certa pressão, atingindo R$ 857,1 milhões. Quanto aos custos administráveis, o item Pessoal, o mais representativo, atingiu R$ 337,4 milhões (+7,3% a/a), impactado pelas maiores provisões oriundas do Acordo Coletivo de 2019, assim como elevação nas despesas com planos de saúde. Já a conta serviços de terceiros recuou 13,3% a/a em virtude principalmente de redução em gastos com 
 
i)   serviços de conservação e manutenção de bens contratados a condições mais vantajosas; 
ii)  priorização de utilização de equipe própria em função das fortes chuvas em janeiro e fevereiro; 
iii) redução nas despesas com locação de frotas de veículos, que passaram a ser contabilizados como depreciação e juros; 
iv)  ausência de pagamento extraordinário em gastos com arrecadação e cobrança visto no 1T19 e finalmente; 
v)   aumento nos gastos com campanhas publicitárias voltadas às ações para a minimização dos impactos das chuvas de janeiro e fevereiro. 
 
Já nos itens não administráveis, observamos escalada notável nos materiais de tratamento, atribuída ao aumento na quantidade e preço dos mesmos, ao passo que energia elétrica e créditos tributários viram redução no comparativo a/a, mas em análise prejudicada por mudança metodológica de atribuição de PIS/COFINS diretamente em cada conta de despesa considerada como insumo no processo produtivo. 
 
As Outras Receitas e Despesas Operacionais passaram de R$ +4,8 milhões no 1T19 para R$ -18,0 milhões no 1T20, por conta principalmente da queda na recuperação de contas baixadas, aumento na conta Pagamento e Provisão Não Dedutível, com atualizações de risco, constituição de provisões para ações cíveis e trabalhistas, e baixas de depósitos judiciais de processos finalizados desfavoravelmente contra a companhia.
 
As Receitas e Despesas financeiras foram significativamente impactadas pela variação cambial, cuja magnitude no 1T20 foi de 29% no dólar e 26% no euro, que acarretaram em maiores despesas financeiras sobre o estoque de dívida denominada em moeda estrangeira da companhia, atualmente em US$ 25,6 milhões de dólares (R$ 133,4 milhões de reais) e EU$ 44,7 milhões (R$ 256,0 milhões). Do lado das receitas, a cia informou a valorização de ativo detido em moeda estrangeira avaliado em US$ 22,9 milhões (R$ 119,2 milhões), o que compensou parcialmente o resultado. Com isso, o resultado financeiro passou de R$ -41,4 milhões no 1T19 para R$ -92,7 milhões no 1T20.
 
Os investimentos (água, esgoto e outros) no 1T20 totalizaram R$ 101 milhões, considerando COPASA e sua subsidiária integral COPANOR, um volume de menos da metade do previsto para o trimestre se considerada divisão igualitária dos R$ 850 milhões estimados para 2020, segundo o planejamento plurianual.
 
Apesar da escalada da dívida em moeda estrangeira (9,9% do total no 1T19 vs 11,5% no 1T20), o endividamento da companhia reduziu, por conta da forte geração de caixa frente o baixo desembolso de capex, com o indicador Dívida Líquida/EBITDA dos últimos 12 meses chegando a 1,5x no 1T20 contra 2,0x no 1T19.
 
Por conta do crescimento da receita líquida,o EBITDA atingiu R$ 474,9 milhões no 1T20, um aumento de 7,3% a/a. A Margem EBITDA no comparativo anual, no entanto caiu 30 bps, de 38,4% no 1T19 para 38,1% no 1T20. Se considerados os ajustes estimados pela companhia para o cálculo das compensações regulatórias, o EBITDA regulatório atingiu R$ 495,7 milhões (+8,4% a/a) e a margem EBITDA regulatória chegou a 39,7% (sem variação a/a).
 
Por fim, o Lucro Líquido atingiu R$ 160,8 milhões no 1T20 (-13,9% a/a) com queda principalmente por conta do resultado financeiro. Quanto aos proventos, a companhia aprovou para 2020 payout de 25% sob a forma de JCP, sendo para o 1T20 o montante de R$ 45,47 milhões, equivalente a R$ 0,3597 / ação.
 
A empresa irá deliberar oportunamente sobre a eventualidade de dividendos extraordinários, em que pese o nível de alavancagem se encontrar abaixo do nível considerado no intervalo regulatório eficiente (1,5x Dívida Líquida/EBITDA 12M ante <2,1x no intervalo eficiente).
 
Esta situação se dá por conta do ainda elevado grau de incerteza nos mercados por conta do surto do Coronavírus e ainda desconhecido impacto no caixa da companhia. 
 
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da COPASA no 1º trimestre/2020, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI, e RAFAEL DIAS, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: RAFAEL REIS, CNPI, e RAFAEL DIAS, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos





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