A irmã de Kim Jong-un responde à última tentativa do líder sul-coreano de colocar o processo de paz de volta aos trilhos, mas o ceticismo abunda.
A Coreia do Norte consideraria realizar uma reunião de cúpula com a Coreia do Sul e declarar um fim oficial à Guerra da Coreia se o Sul puder restaurar a confiança com ela, informou a agência oficial de notícias do Norte neste sábado, citando a irmã de seu líder, Kim Jong-un.
Kim se reuniu três vezes com o presidente Moon Jae-in da Coreia do Sul em 2018. Mas as relações inter-coreanas esfriaram desde que a diplomacia do Sr. Kim com o ex-presidente Donald J. Trump entrou emcolapso no início de 2019 sem um acordo sobre o fim dos programas de armas nucleares do Norte e o levantamento de sanções ao país.
Nos últimos meses, o Sr. Moon instou repetidamente o Norte a dialogar, na esperança de colocar o processo de paz na península coreana dividida - sua principal iniciativa de política externa - de volta aos trilhos antes de seu único mandato de cinco anos terminar em maio. Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas na terça-feira, o Sr. Moon repetiu sua proposta de declaração para acabar com a Guerra da Coreia.
Moon insiste que se todos os principais participantes da guerra - as duas Coreias, os Estados Unidos e a China - juntos fizerem uma declaração de fim de guerra, isso poderia construir confiança sobre a Península Coreana e ajudar o Norte a avançar em direção à desnuclearização. Ele vê a declaração de fim de guerra como um gesto "político" de construção de confiança antes de negociar um tratado de paz legalmente vinculativo. Os combates pararam em uma trégua em 1953, deixando a península tecnicamente em estado de guerra.
"Quando as partes envolvidas na Guerra da Coreia se unirem e proclamarem o fim da guerra, acredito que podemos fazer progressos irreversíveis na desnuclearização e iniciar uma era de paz completa",
disse Moon.
No sábado, a irmã do Sr. Kim, Kim Yo-jong,apareceu para alimentar as esperanças do Sr. Moon.
Ela disse que, se o Sul restaurar a confiança mútua entre as duas Coreias, "várias questões para melhorar as relações", incluindo a declaração de fim de guerra e uma cúpula inter-coreana, podem "ver uma solução significativa e bem-sucedida uma a uma em uma data antecipada", de acordo com um despacho inglês da Agência Central de Notícias norte-coreana. Kim é porta-voz de seu irmão em questões relacionadas à Coreia do Sul e aos EUA.
Kim não detalhou como a Coreia do Sul poderia restaurar a confiança mútua, exceto por repetir que deve acabar com uma "política hostil" em relação ao Norte. Kim também criticou um comentário que o Sr. Moon fez depois que a Coreia do Sul testou com sucesso seu primeiro míssil balístico lançado por submarino este mês como parte de seus esforços para combater o crescente míssil e ameaça nuclear do Norte. Moon chamou o desenvolvimento de mísseis do Sul de "um firme impedimento contra as provocações norte-coreanas".
O Sr. Moon aplicou "padrões duplos", disse a Sra. Kim, chamando os testes de mísseis do Norte de "provocações" enquanto justificava o desenvolvimento de mísseis do Sul como um ato de dissuasão.
Kim também lembrou a Coreia do Sul das declarações que ela emitiu em agosto, quando disse que a paz só poderia se enraizar na península quando a Coreia do Sul e os Estados Unidos encerrassem seus exercícios militares conjuntos e tropas e armas americanas fossem retiradas do Sul.
O escritório do Sr. Moon não respondeu imediatamente à declaração da Sra. Kim.
Embora a declaração da Srta. Kim no sábado tenha sido uma das maiS conciliadoras do Norte nos últimos anos, foi posta em palavras vagas e ressalvas. Seu depoimento no sábado, ela disse, foi "apenas minha visão pessoal."
Kim "mostra mais uma vez o quão adepta ela é na arte da manipulação psicológica", pendurado diante da Coreia do Sul "todas as coisas que Moon deseja desesperadamente antes de seu mandato expirar em maio próximo", disse Lee Sung-yoon, especialista da Coreia do Norte na Fletcher School da Universidade Tufts.
Kim havia prometido visitar Seul para uma reunião de cúpula de retorno quando se encontrou com o Sr. Moon em Pyongyang em setembro de 2018, mas ele não seguiu essa promessa.
Outra cúpula kim-moon antes do líder sul-coreano renunciar em maio é altamente improvável, dada a extrema cautela do Norte contra reuniões com pessoas de fora durante a pandemia, disse Lee Byong-chul, especialista da Coreia do Norte no Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Universidade de Kyungnam, em Seul.
O objetivo real do Norte pode ser extrair ajuda da Coreia do Sul como recompensa pelo início das negociações para uma possível cúpula, disse ele.
Mas o Sr. Moon e o Sr. Kim poderiam se encontrar em Pequim em fevereiro próximo e se juntar aos líderes da China e dos Estados Unidos para uma declaração de fim de guerra se a China os reunisse nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, disse Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos norte-coreanos do Instituto Sejong, na Coreia do Sul.
Ainda assim, o Sr. Cheong disse:
"Não é sábio ler muito sobre as observações conciliatórias de Kim Yo-jong e tornar-se muito otimista."
CONFIRA em NYT a íntegra da matéira em inglês
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