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Internacional

20 de Junho de 2022 as 22:06:56



BIDEN tenta sair da Beira do Precipício da Ucrânia


Joe Biden e Vladimir Putin
 
Biden tenta sair da beira do precipício da Ucrânia
Crises gêmeas, estratégica e econômica,levam à busca de uma saída da armadilha da Ucrânia
Por David P Goldman
20.06.2022
 
O governo do presidente Joe Biden enfrenta um duplo desastre após seu erro de cálculo na Ucrânia, ou seja, uma recessão nos EUA e uma segunda humilhação estratégica no espaço de um ano.
 
A economia dos EUA está quase certamente em recessão, enquanto os preços do petróleo impulsionam a inflação que reduziu o salário real dos trabalhadores em cerca de 6% ao ano.
 
As bravatas anteriores de Washington de tirar o presidente russo Vladimir Putin do poder, destruir a capacidade da Rússia de fazer a guerra e reduzir pela metade o tamanho da economia russa parecem ridículas em retrospecto.
 
A economia mundial está sofrendo com os choques de oferta de energia e alimentos provocados pelas sanções ocidentais à Rússia. A política monetária só pode reduzir a inflação forçando os consumidores a parar de comprar, o que obriga os varejistas a liquidar estoques a preços mais baixos e esmaga a demanda por matérias-primas – uma cura pior que a doença.
 
Enquanto isso, a Rússia ganhou um recorde de € 93 bilhões (US$ 97 bilhões) com as exportações de energia durante os primeiros 100 dias da guerra, concluiu um estudo finlandês. China e Índia, que se recusaram a aderir às sanções do Grupo dos Sete contra a Rússia, supostamente estão comprando petróleo com um desconto de US$ 30 a US$ 40 por barril, enquanto os consumidores americanos e europeus estão pagando o preço total inflado.
 
Catástrofe para os Democratas
 
Os preços da energia tornaram-se o principal motor da inflação do G7. Mudanças no preço do petróleo defasadas de um a quatro meses explicam 70% da variação mensal do IPC, de acordo com um estudo do Asia Times. Além disso, a sensibilidade do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA ao preço do petróleo foi cerca de duas vezes maior durante o período de fevereiro de 2020 a maio de 2022 do que nos 15 anos anteriores, mostra o estudo.
 
O PIB dos EUA contraiu a uma taxa anual de 1,9% durante o primeiro trimestre. A queda surpreendente nas vendas no varejo de maio -- que foi relatada em 15 de junho pelo Departamento de Comércio --  e a queda mensal de 14,4% nas vendas de imóveis nos EUA, relatadas em 16 de junho, apontam para um segundo trimestre de contração – ou seja, uma recessão de acordo com o critério padrão. Isso significa uma catástrofe para os democratas nas eleições de novembro próximo.
 
Desastre Financeiro no G7
 
Mais terrível do que uma recessão americana é o risco de um desastre financeiro entre as economias mais fracas do G7.
 
O iene do Japão está em queda livre, já que o Federal Reserve apertou o crédito. A dívida do governo é de 270% do PIB, e metade dela é de propriedade do banco central do Japão, contra cerca de 5% em 2011. Com uma população envelhecida que está gastando seus fundos de aposentadoria em vez de economizar, a terceira maior economia do mundo está se financiando pela imprensa. O custo de hedge de títulos do governo japonês atingiu nesta semana o nível mais alto desde a crise financeira de 2008.
 
A Itália, a economia mais fraca da Europa, sofreu um salto no risco da dívida pública quase tão grave.
 
O Banco Central Europeu convocou uma reunião de emergência em 15 de junho para tratar da deterioração de seus membros mais fracos e prometeu medidas ainda a serem especificadas para evitar a “fragmentação” da União Europeia.
 
Inflação
 
O governo Biden subestimou amplamente o impacto inflacionário do pacote de estímulo de US$ 6 trilhões da Covid, que começou sob o governo de Donald Trump, mas dobrou sob Biden.
 
Subestimou também a resiliência da economia russa e as capacidades dos militares russos.
 
Parapeito perigoso
 
Descer desse parapeito não será fácil. Pode ser impossível. Biden denunciou o líder da Rússia como um criminoso de guerra, afirmou que ele não poderia permanecer no cargo e se gabou de que as sanções dos EUA cortariam a economia russa pela metade. Também o secretário de Defesa Lloyd Austin afirmou que os EUA destruiriam a capacidade da Rússia de fazer a guerra.
 
Um compromisso na Ucrânia com concessões territoriais significativas à Rússia – a única maneira concebível de acabar com a guerra – humilharia Washington.
 
Aos europeus, o trabalho sujo
 
Uma solução negociada para a guerra na Ucrânia, porém, não é impossível. Washington pode continuar a se apresentar como defensora da soberania da Ucrânia, ao mesmo tempo em que encoraja os líderes europeus a fazer o trabalho sujo e forçar a Ucrânia a negociar com Moscou.
 
Uma possível dica nessa direção veio em 14 de junho do subsecretário de Defesa para Política dos EUA, Colin H Kahl, que declarou:
 
“Não vamos dizer aos ucranianos como negociar, o que negociar e quando negociar. Eles vão definir esses termos para si mesmos.”
 
Kahl foi conselheiro de segurança nacional de Joe Biden durante o mandato de Biden como vice-presidente de Barack Obama e um dos nomeados mais controversos de Biden. Os senadores republicanos rejeitaram por unanimidade sua indicação ao cargo do Pentágono, e a vice-presidente Kamala Harris deu o voto de desempate para confirmá-lo. Vale ressaltar que a declaração partiu dele, e não do secretário de Estado Antony Blinken ou do conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan.
 
A declaração de Kahl, com certeza, é mentirosa ao extremo. A França e a Alemanha em 15 de fevereiro pediram ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky que cumprisse o acordo Minsk II, então apoiado por Moscou, que daria autonomia às regiões de língua russa no Donbas dentro de uma Ucrânia soberana.
 
A pedido de Washington, Zelensky rejeitou em 19.02 uma proposta do chanceler alemão Olaf Scholz para evitar a guerra. Michael Gordon relatou em 1º de abril no The Wall Street Journal:
 
“O senhor Scholz fez um último esforço para um acordo entre Moscou e Kyiv. Disse a Zelensky em Munique, em 19.02.2022, que a Ucrânia deveria renunciar às suas aspirações da Otan e declarar neutralidade como parte de um acordo de segurança europeu mais amplo entre o Ocidente e a Rússia. O pacto seria assinado por Putin e Biden, que garantiriam conjuntamente a segurança da Ucrânia. Zelensky disse que não se pode confiar em Putin para manter tal acordo e que a maioria dos ucranianos quer se juntar à Otan."
 
O infeliz Zelensky não inventou a ideia de adesão à OTAN para a Ucrânia. Ele recebeu garantias de Washington e Londres, que intensificaram as entregas de armas para a Ucrânia.
 
Os EUA não dirão à Ucrânia o que fazer, declarou o subsecretário Kahl. Mas isso não impede que outros governos façam a Zelensky uma oferta que ele não pode recusar. O conselheiro de Zelensky, Oleksiy Arestovych, disse ao Bild-Zeitung da Alemanha, em 16.06, que o chanceler alemão Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente italiano Mario Draghi poderiam entregar tal demanda a Zelensky durante sua atual visita a Kiev.
 
O assessor de Zelensky disse temer que Scholz, Macron e Draghi “tentem conseguir um Minsk III. Eles dirão que precisamos acabar com a guerra que está causando problemas alimentares e econômicos, que russos e ucranianos estão morrendo, que precisamos salvar a cara de Putin, que os russos cometeram erros e que precisamos perdoar e dar-lhes um chance de retornar à sociedade mundial”.
 
O principal diário de centro-direita da Alemanha, Die Welt , comentou:
 
Kiev está começando a ter dúvidas sobre a solidariedade do Ocidente. Vozes estão sendo levantadas pedindo esforços de paz. Em particular, uma declaração do chefe da OTAN Stoltenberg aponta para uma mudança de rumo”.
 
Die Welt referiu-se a um discurso de 12.06.2022 no qual o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, declarou:
 
“A questão é: que preço você está disposto a pagar pela paz? Quanto território? Quanta independência? Quanta soberania? Quanta liberdade? Quanta democracia você está disposto a sacrificar pela paz? E esse é um dilema moral muito difícil.”
 
É possível que os instintos de sobrevivência política de Biden tenham precedência sobre as prioridades ideológicas de seu secretário de Estado Antony Blinken e da subsecretária de Estado Victoria Nuland, a arquiteta do golpe de Maidan Square em 2014, que desencadeou a presente tragédia.
 
Não sabemos o que a administração Biden fará diante desse duplo desastre, com certeza. Neste ponto, ela provavelmente também não sabe. As escolhas, no entanto, são duras e claras: ou sair da beira do precipício ou mergulhar em uma recessão mundial e uma crise estratégica em espiral descendente.
 
A Redação JF recomenda com ênfase que seus leitores confiram no ASIA TIMES a íntegra dessa fantástica matéria elaborada por David P Goldman.
Clique AQUI.


Fonte: ASIA TIMES, por David P Goldman. Tradução e chamada de Capa da Redação JF





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