Diário de Mercado na 2ª feira, 19.12.2016
Na ausência de direcionadores, e com prognósticos domésticos piorando, Ibovespa opera no vermelho.
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
O Ibovespa findou a sessão desta 6ª feira aos 57.111 pts (-2,19%), acumulando -7,75% no mês, +31,74% no ano e 30,06% em 12 meses.
Sem grandes direcionadores na data de hoje e com a liquidez em declínio por conta das festividades de final de natal e ano novo, o índice não teve forças para reagir frente os prognósticos mais negativos do que positivos no curto prazo, que colocam os investidores na defensiva.
Apesar da sessão de hoje ter reservado exercício de opções sobre ações, o que normalmente traz alguma volatilidade aos carros-chefes deste mercado – Petrobras e Vale – esta última arrastou o índice para o território negativo com sua significativa queda, na esteira de apreensões por parte dos agentes da manutenção dos níveis de preços do minério de ferro, principal produto da mineradora.
Com isso, o giro financeiro da bolsa foi de R$ 11,44 bilhões, com o mercado à vista totalizando R$ 6,80 bilhões. No último dado disponível, em 15 de dezembro, a bolsa brasileira registrou saída líquida de capital externo de R$ 76,67 milhões, acumulando saldo negativo no mês em R$ 937,02 milhões, mas, com ingresso de R$ 14,04 bilhões no ano.
Agenda Econômica
Na agenda econômica (pg.3 do relatório), internamente, a segunda prévia do IGPM (FGV) de dezembro mostrou um avanço de 0,41% em relação ao dado do mês de novembro, não apenas acelerando ante os 0,02% registrado na data mas excedendo às expectativas dos agentes (0,36%).
Na decomposição do indicador, seus sub índices assim se comportaram: o IPA-M, que (preços no atacado), elevou-se 0,53%, acelerando ante a queda de 0,08% na segunda prévia de novembro, enquanto o IPC-M, (inflação no varejo), elevou-se em 0,12% após subir 0,27% em novembro, ao passo que o INCC-M (custo da construção), teve alta de 0,32%, após aumento de 0,13% anteriormente.
Focus
Também domesticamente, o Relatório semanal Focus do Banco central trouxe o tradicional compilado de projeções do mercado acerca de diversas variáveis macroeconômicas, e nele destacou-se mais uma queda na estimativa da inflação para 2016 e na projeção do PIB para 2017.
Quanto à inflação, a queda desta leitura levou a projeção para o IPCA 6,49%, o que a coloca dentro do limite da banda superior de tolerância inflacionária do governo, em 6,50%, ainda que seja evidente que as razões por trás do esfriamento sejam evidentemente muito mais por conta da recessão do que outras vias de controle monetário.
Já a projeção do PIB para 2017 caiu pela 9ª semana consecutiva, fruto do atraso na retomada econômica, outrora antecipada para algum momento neste último trimestre dada a melhora nos índices de confiança, mas que ainda não se materializou.
A inflação em queda conjugada à fraca estimativa de crescimento, em nosso entendimento abre espaço para um corte mais agressivo na Selic por parte do Copom em sua próxima reunião.
Neste momento aguardamos um movimento de redução de 25 pontos-base na taxa de juros, porém não descartamos alguma surpresa positiva no caso de um corte ainda mais ousado, possivelmente em 75 pontos-base.
Juros
No mercado de juros, a curva futura alterou-se de maneira análoga à do dólar, e retraiu-se ao longo de toda a sua extensão, refletindo baixa nos juros dos Treasuries norte-americanos e à ligeira piora dos prognósticos domésticos com o relatório Focus, o que denota maior espaço para cortes de juros por parte do Bacen nas próximas reuniões do Copom.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar comercial (interbancário) fechou cotado a R$ 3,3713 (-0,58%), acumulando agora -0,44% no mês, -14,88% no ano e -14,87% em 12 meses. O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 291 pts, ante 293 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 2ª feira, 19.12.2016, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, Rafael Reis, CNPI-P, o BB Investimentos
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