ULTRAPAR - Resultados no 4º trimestre/2018
Ainda esperando a recuperação
A Ultrapar divulgou mais um trimestre de números fracos, apresentando uma recuperação lenta na Ipiranga e na Extrafarma, e uma piora no desempenho da Ultragaz e na Ultracargo.
Na Ipiranga, o EBITDA/m3 apresentou uma modesta melhora, influenciado pelo menor SG&A.
A Oxiteno teve um impacto não recorrente de R$ 186 milhões referentes a créditos tributários, o que também afetou a receita financeira com outros R$ 153 milhões. A empresa propôs um desdobramento de ações: de acordo com os executivos, o preço atual está acima da média e da mediana de outras ações, tanto locais quanto de ADR, e o desdobramento de 1:2 pode melhorar a liquidez.
Ipiranga.
A Ipiranga divulgou números fracos, apesar da recuperação t/t no EBITDA/m3. O volume total vendido aumentou 4% a/a, embora as vendas de gasolina permaneçam em patamar baixo (-10% a/a). Portanto, o crescimento apresentado nas vendas do ciclo Otto é novamente suportado pelas vendas de etanol, que geralmente apresentam margens menores para a empresa.
Em 2018, as vendas de gasolina caíram 14%, enquanto as de etanol aumentaram 45% ante 2017. Além disso, a empresa obteve ganhos com as importações de combustíveis no 4T17, e isso não ocorreu no 4T18.
O desempenho financeiro da Ipiranga em 2018 foi marcado por um forte declínio no lucro operacional (-41% a/a) e EBITDA (-33% a/a), afetado pelo aumento de custos (+17% a/a) e SG&A (+7 %), porém destacamos a queda de 5% t/t no SG & A no 4T18.
Oxiteno.
Neste trimestre, apesar dos menores volumes (-6% a/a), a companhia registrou receitas robustas, impulsionadas pela desvalorização de 17% do real ante o dolar americano, apesar do menor volume de vendas e pior mix de vendas (maior venda de commodities). O SG&A aumentou 8%, principalmente devido a
(i) maiores despesas com folha de pagamento;
(ii) custos mais elevados com a entrada em operação da nova planta nos EUA.
A empresa teve fortes impactos em seu EBITDA devido ao recebimento de créditos fiscais no valor de R$ 186 milhões no trimestre. Se este efeito fosse excluído, o EBITDA do 4T18 seria de R$ 94 milhões, um aumento de 22% a/a.
Ultragaz, Ultracargo e Ultrafarma.
A Ultragaz registrou menores volumes (-1%) e margem EBITDA (-170 bps) a/a, o que, aliado ao pior mix, explica a queda de 8% no EBITDA (excluindo o não recorrente de R$ 84 milhões do 4T17) .
A Ultracargo apresentou EBITDA t/t mais fraco (-9%), influenciado pelo maior SG&A (+ 10% t/t) e menor armazenagem média nos terminais (-1%), principalmente devido à redução na movimentação de combustíveis e etanol em Suape.
Quanto à Extrafarma, a empresa voltou a apresentar SSS (vendas nas mesmas lojas) negativo, em -5,5%, enquanto os aumentos de custos continuam superando o aumento nas receitas. No trimestre, o EBITDA atingiu R$ -15,5 milhões, totalizando R$ -46,8 milhões em 2018.
Os principais motivos para tais desempenhos, segundo a empresa, são:
(i) os efeitos da substituição do sistema de varejo;
(ii) a maior pressão do ambiente competitivo; e
(iii) o maior número de lojas novas e em maturação.
Opinião do analista.
O EBITDA no 4T18 atingiu R$ 993 milhões, +17% t/t e -7% a/a. No entanto, o efeito não recorrente dos créditos tributários da Oxiteno (R$ 186 milhões) corresponde a 19% deste resultado.
Além disso, se observarmos o ajuste adicional feito pelo crédito tributário, que foi de R$ 153 milhões afetando a receita financeira, vemos que os resultados deste trimestre foram fortemente beneficiados por eventos não recorrentes. Conforme descrito em cada segmento acima, a Ultrapar está demorando mais do que o esperado para se recuperar, e o momento atual tem dado pouca visibilidade de como as margens se comportarão a partir de 2019.
Outperform e Target Price a R$ 63,50
Assim, considerando estes dados e também que o declínio do EBITDA ao longo de 2018 trouxe os múltiplos da empresa para o que consideramos um território caro (ver gráfico no anexo), reduzimos nosso rating para Market Perform (antes em Outperform), mantendo nosso preço alvo para 2019 em R$ 63,50.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise de desempenho da ULTRAPAR no 4º trimestre/2018, preparado por DANIEL COBUCCI, analista senior do BB Investimentos