Além da crise política envolvendo Brasil e EUA, a partir das denúncias de espionagem por parte de Edward Snowden, ex técnico de Informações da CIA e da NSA, Agência de Segurança Nacional, outra crise (esta de ordem econômica) agrava ainda mais o clima de tensão entre os dois países.
Trata-se da crise do algodão que teve início no ano 2000 e que vem se prolongando mesmo com a OMC Organização Mundial do Comércio tendo dado ganho de causa ao Brasil.
O Professor Pierre Januário, da Universidade de Brasília e de várias outras instituições de ensino, tem-se dedicado ao acompanhamento deste caso e observa que a disputa começou em 2000 quando o Brasil reivindicou junto à OMC para que os EUA pusessem fim à política de subsídios para os seus plantadores de algodão.
O Brasil argumentava que esta política gera preços artificiais, concorrência desleal e demonstra as fragilidades de setores específicos como o algodoeiro.
Segundo o Professor Pierre Januário, os subsídios norte-americanos aos produtores de algodão prejudicam o Brasil e todos os pequenos países exportadores que não possuem recursos financeiros níveis para, também, financiar os seus agricultores.
US$2,5 blhões de prejuizos ao Brasil
De acordo com o MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio as perdas do setor algodoeiro chegam a US$2,5 bilhões, mas a OMC autorizou o Brasil a retaliar os EUA até o valor de US$ 830 milhões.
A luta se estendeu até 2006 quando a OMC deu ganho de causa ao Brasil. Seguiu-se então outra intensa batalha, incorporando questões jurídicas, comerciais e diplomáticas.
Em 2010, mais lenha foi jogada na fogueira. Naquele ano, o Brasil anunciou uma lista de produtos fabricados nos EUA que deveriam ter os impostos de importação aumentados.
Mesmo com os EUA se recusando a retirar os subsídios, o país passou a pagar ao Brasil pelas perdas reconhecidas pela OMC.
Fontes bem situadas de Brasília e do meio empresarial brasileiro revelaram que a parcela a ser honrada em outubro de 2013 ainda não foi quitada, o que está provocando nova inquietação.
Uma missão do Conselho Empresarial EUA–Brasil estará no País nos próximos dias discutindo esta e outras importantes questões econômicas e comerciais.
A tensão política, alimentada pelas revelações de Edward Snowden de que os EUA espionaram a Presidenta Dilma Rousseff, seus ministros, assessores, grandes empresas como a Petrobras e a população brasileira em geral, ganhou mais combustível.
Este caldeirão provocou uma conversa entre os Presidentes Dilma Rousseff e Barck Obama durante a reunião do G20 nos dias 05 e 06.09.2013, em São Petersburgo, Rússia, e em seguida, o anúncio do cancelamento da visita de Estado que a Presidenta Dilma Rousseff teria feito aos EUA no final de outubro passado.