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Economia e Finanças

17 de Setembro de 2021 as 17:09:01



LOJAS RENNER ESG - Revisão da Estimativa de Preço de Ações - Setembro/2021


LOJAS RENNER  | ESG
Revisão de Preço – Setembro 2021
Por Georgia Jorge, CNPI
09.092021
 
Revisão de Preço
 
Alteramos da recomendação para compra após revisão das premissas de crescimento e rentabilidade
 
Revisamos nosso valuation para Lojas Renner com a incorporação dos resultados referentes ao 1S21 e revisão das premissas de crescimento e rentabilidade diante de um cenário de vendas mais benéfico do que o esperado à época da nossa última revisão de preço.
 
Com isso, nosso preço-alvo para o final de 2022 é de R$ 51,40, com alteração da recomendação para compra.
 
Estamos atentos aos riscos envolvendo o avanço da variante delta e a retomada de medidas restritivas à circulação de pessoas. Contudo, acreditamos que, ainda que referidas medidas sejam tomadas ao longo do 2S21, seu impacto será inferior ao observado ao longo de 2020, razão pela nos mantemos confiantes com a capacidade da companhia em manter suas vendas em patamares próximos aos observados antes da pandemia.
 
Desempenho das Ações.
 
Os papéis LREN3 acumulam queda de 18,8% desde o início do ano, refletindo as recentes incertezas macroeconômicas que tem impactado as perspectivas de inflação e crescimento nos próximos anos. Apesar disso, entendemos que o preço corrente de LREN não reflete o valor justo da companhia e sua robusta tese de investimentos, razão pela qual alteramos nossa recomendação para compra.
 
Evolução do Plano Estratégico
 
Em abril deste ano, a Lojas Renner realizou seu Investor Day e trouxe ao mercado o foco em potencializar seu ecossistema atual, de forma a atender a jornada do consumidor, gerar maior recorrência, experiências e fidelização. Nesse contexto, a companhia destacou os seguintes principais objetivos a serem alcançados: 
 
(i)     tornar-se um ecossistema líder em varejo de moda e estilo de vida; 
(ii)    ampliar seu mercado endereçável;
(iii)   fortalecer sua cultura de encantamento; 
(iv)   aumentar o life time value (ciclo de vida) do cliente; 
(v)    ser referência em atração de talentos de moda, varejo, tecnologia, dados, fulfillment e inovação; e 
(v)  criar uma plataforma única de marcas, parceiros e vendedores.
 
Buscando o atingimento desses objetivos, a companhia destacou seis blocos de valor nos quais vem envidando esforços, abaixo discriminados:
 
(i)   Aumento da oferta de produtos, serviços e parceiros, explorando novas marcas (inclusive via aquisições), categorias de produtos, adição de serviços adjacentes (como customização, reparos, costura, beleza e decoração) e o desenvolvimento de um marketplace com serviços como logística, dados, analytics e marketing para os sellers;
 
(ii)  Desenvolvimento da omnicanalidade, que inclusive já é objeto de investimentos da companhia há alguns anos. Os clientes omnicanais costuma ter um life time valuesuperior a de clientes de um único canal, razão pela qual é tão importante seguir evoluindo na experiência de compra do cliente omnicanal (busca, compra, pagamento, entrega, pós vendas e devolução);
 
(iii) Expansão das lojas físicas, visando reforçar sua capilaridade física e consolidação do mercado de moda, que é bastante fragmentado, além de permitir que a companhia avance na omnicanalidade;
 
(iv)  Aumento de engajamento e frequência, construindo conteúdo proprietário e via parceria com influencers para aumentar o life time value dos clientes;
 
(v)  Fortalecimento da fidelização do cliente (Loyalty) por meio de um programa de relacionamento/fidelidade único para todo o ecossistema;
 
(vi) Expansão dos serviços financeiros oferecidos aos clientes, de forma a aumentar sua participação na jornada diária do cliente.
 
No 1S21, a companhia divulgou ao mercado a evolução de algumas métricas para ajudar a tangibilizar como as iniciativas em cada bloco de valor têm contribuído para o atingimento de seus objetivos. 
 
No que se refere ao desenvolvimento do ecossistema de moda e lifestyle, destacamos o início do piloto do marketplace com 50 sellers para que a companhia aprimore processos e conheça melhor o perfil de parceiros, sortimento e oportunidades. 
 
Além disso, em julho deste ano, a Lojas Renner adquiriu a Repassa, plataforma on-line de revenda de roupas, calçados e acessórios que atua em todo o território nacional, contribuindo para o fortalecimento do seu ecossistema no mercado de produtos usados, o qual tem apresentado forte aderência junto aos consumidores, dado o aumento do consumo consciente. 
 
Quanto à omnicanalidade, pontuamos que, ao final do 2T21, 100% do estoque em loja está disponível no canal on-line e atendeu a 34% das vendas digitais. Ao contrário, as vendas digitais realizadas em loja somaram 7,6 milhões no trimestre, ou 0,4% das vendas de mercadorias em lojas físicas. No 1T21, todas as lojas da Renner já estavam habilitadas para realizar a entrega direto da loja (modalidade Ship From Store), além de 66 lojas Camicado e 45 da Youcom. 
 
Sobre a expansão das lojas físicas, destacamos que nesse trimestre a companhia voltou a acelerar a abertura de lojas, com 27 unidades inauguradas ao todo, aproveitando-se da recuperação gradual do varejo de vestuário em decorrência do avanço da vacinação e consequente aumento do fluxo de pessoas.
 
Quanto às iniciativas para aumentar o engajamento e a frequência, foram realizados 16 lives no trimestre, ampliação do número de influencers em 8x ante janeiro e parcerias com canais de conteúdo. Com isso, a receita gerada por essas ações cresceu 41% ante o 1T21.
 
Na frente de fidelização, a companhia já contratou uma plataforma para avançar na estruturação do programa e, atualmente, encontram-se na fase de integração com todos os pontos de contato com os clientes.
 
Por fim, no que diz respeito à expansão dos serviços financeiros, destacamos o início das operações de financiamento para sellers e fornecedores e novas modalidades de empréstimo para os clientes, início do piloto da conta digital e lançamento de novas opções de seguros e assistências. As novas soluções geraram um crescimento da base de clientes de 11% ante o 1T21 e aumento em 44% da participação de serviços na receita frente ao trimestre anterior.
 
A receita líquida consolidada totalizou R$ 4,1 bilhões, alta de 52,3% a/a, mas 2,7% inferior ante o 1S19. Apesar da receita proveniente das vendas de mercadorias já ter atingido patamar muito próximo ao 1S19 (-1,3% a/a), a receita de produtos e serviços financeiros segue aquém no mesmo período de comparação (-12,8%), impactada negativamente pelas restrições às operações físicas e consequente menor volume da carteira financiada.
 
A margem bruta consolidada atingiu 58,8%, queda de 3,8 p.p. a/a e -2,3 p.p. frente ao 1S19. A queda na comparação anual é decorrente da menor participação do resultado de serviços financeiros no Lucro Bruto Total, dada a retomada das vendas de mercadorias, apesar de ambos os segmentos terem apresentado melhoria de margem (+1,2 p.p. a/a no varejo e +0,4 p.p. em serviços financeiros).
 
Apesar do incremento de margem em venda de mercadorias, pontuamos que a margem do semestre ainda veio aquém na comparação com o 1S19, em decorrência de pressões relacionadas à variação do câmbio e efeito inflacionário nos custos de matérias-primas e fretes internacionais. 
 
Já a margem EBITDA Ajustada veio em 11,9%, com crescimento de 8,6 p.p. a/a graças à retomada da alavancagem operacional, ainda que não nos mesmos patamares observados no 1S19 em função da companhia ainda ter experimentado restrições às operações das lojas físicas ao longo do semestre, bem como em função dos investimentos que vem sendo realizados para impulsionar seu ecossistema de moda e lifestyle. Isso posto, a margem EBITDA Ajustada veio 10,8 p.p. inferior ao 1S19. 
 
Por fim, a margem líquida, excluindo o reconhecimento de créditos tributários em todos os períodos analisados, veio negativa em 0,5% no 1S21, incremento de 19,4 p.p. a/a e queda de 8,9 p.p. em relação ao 1S19. Parte da perda de alavancagem operacional observada no 1S21 em relação ao patamar pré-pandemia (1S19) foi compensada pela melhoria do resultado financeiro, em razão do follow on concluído em maio. 
 
A esse respeito, pontuamos que a operação permitiu um aumento de capital de cerca de R$ 4 bilhões, deixando a companhia em uma situação bastante confortável para realizar os investimentos necessários à consecução de seus objetivos estratégicos. Ao final do 1S21, a Lojas Renner contava com um endividamento bruto de R$ 3,9 bilhões e caixa de R$ 5,6 bilhões.
 
Quanto aos investimentos, a companhia desembolsou R$ 518 milhões no semestre, equivalente a 12,7% da receita líquida do período, 4,1 p.p. superior a/a e 5,0 p.p. ante o 1S19. Referidos investimentos foram distribuídos entre abertura de lojas (~28%), remodelação de instalações (~4,5%), Tecnologia (~20%) e Centros de Distribuição/Outros (~47,5%).
 
Revisão de Preço
 
Em nossa revisão de preço, incorporamos os resultados referentes ao 1S21 e revisitamos nossas perspectivas de crescimento para 2021, as quais estavam conservadores, dado que esperávamos um movimento de recuperação das vendas mais lento do que o observado no 1S21. além disso, ajustamos nossas premissas de margem bruta dado que, em um ambiente mais favorável para as vendas, há menor remarcação de produtos e consequentemente melhores margens. 
 
Aproveitamos também para revisitar as despesas que vem sendo realizadas por conta da construção do ecossistema de moda e lifestyle, as quais devem pressionar a margem EBITDA Ajustada no curto prazo em patamar superior ao anteriormente estimado. Por fim, dado recente follow on e os recursos ainda em caixa, esperamos que o resultado financeiro líquido contribua positivamente para uma margem líquida em 2021 superior à anteriormente estimada.
 
Tese de Investimento
 
A tese de investimento da Lojas Renner está baseada 
 
(i)   no bom histórico de expansão do parque de lojas físicas combinado com o avanço da estrutura digital, de forma a propiciar uma experiência omnicanal aos seus clientes; 
(ii)   no acertado histórico de desenvolvimento de coleções; 
(iii)  no oferecimento de produtos financeiros, contribuindo para aumento de vendas e incremento de margens, e 
(iv)  no desenvolvimento do ecossistema de moda e lifestyle visando participar de uma jornada maior do cliente.
 
Riscos Inerentes
 
Os riscos inerentes à tese de investimento da Lojas Renner são: 
 
(i)   incapacidade de executar seu plano de expansão com manutenção de vendas e margens; 
(ii) incapacidade de manter a atratividade das coleções, bem como falha na mensuração correta de estoque, em especial de peças com maior risco modal;
(iii) aumento de provisões em função da inadimplência dos produtos financeiros oferecidos; 
(iv)  novas medidas de restrição ao comércio físico visando à contenção de novas variantes do Covid-19.
 
ESG
 
A Lojas Renner foi indicada para integrar nossa Seleção ESG, dada sua robusta governança corporativa, além do desenvolvimento de práticas socioambientais. Atualmente, o rating ESG da Lojas Renner, atribuído pela Refinitiv, é A (A no pilar Ambiental, A+ no pilar Social e A no pilar Governança), sem quaisquer apontamentos de controvérsias. 
 
Merece destaque a participação da companhia nos principais índices de sustentabilidade: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), o Índice Carbono Eficiente (ICO2), o Dow Jones Susntainability Index (DJSI), o MSCI Brazil ESG Leaders e o CDP Climate Change.
 
Em abril deste ano, a companhia divulgou seu Relatório Anual referente a 2020. Na ocasião, foram divulgados os seguintes compromissos públicos para o ano de 2021: 
 
(i)    80% de produtos menos impactantes, sendo 100% de algodão certificado; 
(ii)  75% do consumo de energia corporativo de fontes de energias renováveis de baixo impacto; 
(iii) 20% de redução das emissões absolutas de CO2 frente ao inventário de 2017 e 
(iv) 100% da cadeia global de revenda com certificação socioambiental.
 
Referidos compromissos estão alinhados às diretrizes estratégicas de sustentabilidade da companhia divulgados no ano anterior e que são pautadas em uma Moda Sustentável, cujos temas prioritários para atuação e minimização dos riscos socioambientais relevantes são: 
 
(i)   fornecedores responsáveis; 
(ii)  gestão ecoeficiente; 
(iii) engajamento de colaboradores, comunidades e clientes, e 
(iv) produtos e serviços sustentáveis.
 
No tema Fornecedores Responsáveis, a Lojas Renner já homologava 100% dos fornecedores nacionais e internacionais, de todos os setores, visando avaliar seus mecanismos de promoção da integridade e a conformidade de sua documentação.
 
Além disso, todos os fornecedores de revenda nacional de marca própria devem ser certificados pela ABVTEX Associação Brasileiro do Varejo Têxtil, a qual realiza uma avaliação da aderência dos fornecedores às boas práticas corporativas de responsabilidade socioambiental. 
 
Em 2020, a companhia trabalhou para trazer maior eficiência ao processo de monitoramento, com o avanço da tecnologia e no uso de dados para gerenciais riscos e direcionar esforços.
 
Quanto à Gestão Ecoeficiente, vale mencionar que a Lojas Renner avançou com um estudo de precificação de carbono, que atribui custos aos impactos das mudanças climáticas apoiando a antecipação de impactos, riscos e oportunidade e, portanto, representando um instrumento estratégico para tomada de decisão em descarbonização. 
 
Ainda na frente de gestão ecoeficiente, a companhia divulgou como compromisso público o atingimento de 75% do consumo de energia corporativo de fontes renováveis de baixo impacto, bem como a redução de 20% das emissões absolutas de CO2 frente ao inventário de 2017, conforme mencionado acima.
 
No tema Produtos e Serviços Sustentáveis, o compromisso público relacionado é o de 80% do portfólio de produtos possuir o Selo Re, que identifica produtos com matérias-primas ou processos com menor impacto ambiental e maior geração de valor na cadeia, bem como a utilização de algodão certificado em 100% dos produtos de algodão. 
 
Nesse tema, merece destaque a recente aquisição da Repassa, buscando estimular o consumo consciente e a ampliação da vida útil das peças. Além disso, em 2020, a companhia também trouxe coleções especiais de produtos relacionados a diversas causas, como o empoderamento feminino e minimização dos impactos da pandemia do Covid-19.
 
Quanto ao tema de Engajamento de Colaboradores, Comunidades e Clientes, destacamos o trabalho efetuado visando o combate à pandemia, dentre os quais estão a confecção e distribuição de EPIs para hospitais, doações para aquisição de suprimentos hospitalares, assistência a comunidades, com mais de 130 toneladas de alimentos e itens de higiene doados, e apoio à cadeia de fornecedores, trabalhando de maneira próxima para replanejar pedidos em andamento e adaptar coleções. 
 
No aspecto de Governança Corporativa, observamos que a Lojas Renner destaca-se como companhia constituída de acordo com as melhores práticas corporativas. Nesse sentido, pontuamos 
 
(i) um Conselho de Administração com 88% de membros independentes e 25%  mulheres; 
(ii) a existência de Comitês de aconselhamento ao Conselho de Administração, com regimentos internos próprios, e 
(iii) mecanismos de avaliação formal do Conselho de Administração, dos Comitês e da Diretoria. Sobre esse último aspecto, a avaliação geral do 
Conselho de Administração e Comitês da Companhia em 2020 apresentou evolução, atingindo nota 4,8 (de 0 a 6), ante 4,6 em 2019.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório elaborado a respeito, por
GEORGIA JORGE, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: GEORGIA JORGE, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS





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