O Relatório FOCUS -- pesquisa semanal realizada pelo Banco Central, junto a analistas de investimentos e profissionais que operam no mercado financeiro -- indica a opinião média de que a SELIC deverá subir para 13,75%, nesta semana.
O nível atual da SELIC é 13,25% ao ano e sua expansão responde pela retração do consumo das famílias, pelo encolhimento do Comércio e pela queda no PIB brasileiro, desde o momento da retomada do rítmo de expansão da SELIC.
Os analistas consultados pelo Banco Central projetam que a SELIC deva estar ao nível de 14% ao ano, ao final de 2015.
A SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira, utilizada no Sistema Especial de Liquidação e Custória, gerenciado pelo Banco Central nas negociações de títulos do governo federal.
A taxa SELIC é reajustada a cada reunião do COPOM Comitê de Política Monetária do Banco Central. O Comitê é formado exclusivamente pela diretoria do BC, ouvidos especialistas em finanças e macroeconomia que integram o quadro de funcionários do próprio BC.
Está programada para 02 e 03.06.2015, 3ª feira e 4ª feira, a próxima reunião do COPOM. Como habitual, o mercado financeiro agita-se por conta da grande influência que a taxa tem sobre os ganhos e lucros das instituições financeiras. Seus aliados, a grande mídia impressa e televisiva, evidenciam e propalam suas preferências como "expectativas do mercado", impessoais e no interesse do País, que não devem ser contrariadas, pois isso provocaria fuga de investidores e a retração da economia. Argumentam que a interrupção da alta da SELIC, neste momento, poderá sinalizar ao mercado certa aceitação do nível atual de inflação pelo governo federal.
Isto é, o mercado financeiro define sua preferência, impõe sua expectativa, mobiliza formadores de opinião junto à grande imprensa, busca formar massa crítica favorável à elevação da SELIC e chantageia o Estado sob a ameaça de fuga de capitais e elevação da inflação.
Nesse quadro, sob a liderança das grandes redes do varejo, o comércio explora a inquietação, eleva os preços das mercadorias, atribuindo aos impostos a responsabilidade. Para o comércio, a ampliação de seu markup, sua margem de lucros, pouco tem tido a ver com a elevação anterior de custos de aquisição de produtos nas fábricas, como comprova pesquisa de preços realizada pela FGV e divulgada em 29.05.2015: o IPP Índice de Preços ao Produtor subiu 5,63% nos últimos 12 meses.
O que todo esse movimento evidencia é a luta contínua do mercado financeiro para apropriar-se de parcelas crescentes da renda nacional, favorecendo rentistas e desfavorecendo a atividade produtiva e as famílias brasileiras.
Sob uma correlação de forças políticas que lhe é desfavorável, o Palácio do Planalto não tem poder de interferir; o ministério da Fazenda permanece na luta para manter a credibilidade junto ao mercado financeiro e a ele não se antagoniza, mesmo porque tem com ele profundos laços ideológicos; a Secretaria do Tesouro Nacional pouco pode fazer, assiste a elevação do custo da dívida pública, decorrente da elevação da SELIC, pois está submetida hierarquicamente ao ministério da Fazenda.
Na última 6ª feira, 29.05, o COFECON Conselho Federal de Economia manifestou-se desfavoravelmente à elevação da SELIC, apenas uma vozsem qualquer repercução na imprensa, pois somente a Agência Brasil e o Jornal Franquia deram divulgação.
Nesse quadro, somente quando o estrago na economia brasileira tiver alcançado proporções gigantescas é que terão voz as forças em contrário à elevação da SELIC, quando a economia brasileira tiver cumprido longo período de estagnação e quando o mercado financeiro tiver suficientemente "sangrado" o governo Dilma Rousseff e afastado em definitivo a possibilidade de retorno de Luis Inácio Lula da Silva ao Governo Federal, sua grande estratégia.