Mercado de trabalho mais fraco nos EUA deflagrou enfraquecimento do dólar em escala global
O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira em alta, aos 50.619 pts (+1,47%). Na semana, o índice acumula alta de 3,20%, no mês +4,43%, e no ano +16,77%, porém, variação negativa de 5,42% em 12 meses. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 5,56 bilhões, sendo R$ 5,40 bi no mercado à vista.
No dia 1º (último dado disponível), houve saída de capital externo da ordem de R$ 165,55 milhões da bolsa, que acumula no ano ingresso líquido de R$ 11,31 bi. Hoje, as ações de maior destaque foram, no lado positivo, as dos setores de mineração e suderurgia, enquanto do negativo, na esteira das perdas do dólar perante o real, as exportadoras, especialmente ligadas a papel e celulose.
Na agenda econômica (pg.3), internamente, tão somente o IPC-Fipe e os índices PMI composto e PMI serviços da consultoria Markit figuraram. Já no cenário externo, o indicador mais relevante da semana, o payroll - criação de vagas na economia dos Estados Unidos, trouxe dados que surpreenderam negativamente e considerados preocupantes sobre o mercado de trabalho norte-americano. A criação de postos de trabalho em maio veio em tão somente em 38 mil vagas, significativamente menor do que o estimado pelo mercado, em 160 mil.
Além disso, os números de vagas em março e abril foram revisados, e mostraram a criação de 59 mil empregos a menos do que o antes divulgado: segundo os cálculos atualizados, os EUA criaram 123 mil vagas em abril e 186 mil em março.
Com isso, a média da geração de empregos nos últimos três meses foi de 116 mil, uma forte desaceleração em relação à média de 219 mil ao longo dos últimos 12 meses até maio.
A taxa de desemprego, no entanto, baixou de 5,0% para 4,7%, indicando claramente que a economia estadunidense prosseguiu em pleno emprego. Por um lado, os dados do mercado de trabalho dos EUA terminaram por reduzir as apostas quanto a um iminente corte nas taxas de juros pelo Fed, com alguns agentes entendendo agora que este deverá ser postergado para setembro próximo.
Todavia, por outro lado, trouxeram incertezas aos agentes quanto à real situação da maior economia do planeta - que acabou prevalecendo e deflagrando a valorização de inúmeras moedas internacionais perante o dólar norte-americano hoje.
Corroborando com este viés, os índices acionários de Nova York caíram, assim como boa parte das demais bolsas mundo afora. Da mesma sorte, ao longo do dia, os mercados bursáteis de Frankfurt e de Paris também cederam impactadas majoritariamente por mau desempenho de ações de bancos e montadoras, respectivamente.
Precificando o dado supracitado, no mercado de câmbio, o dólar norteamericano encerrou a sessão cotado no interbancário a R$ 3,5321, em baixa de 1,74%, com os agentes postergando a possibilidade de aperto monetário nos EUA, entendendo que o nível de disponibilidade da divisa norte-americana perdurará por mais tempo, contribuindo neste momento para a queda de sua cotação.
No mercado de juros futuros na BM&F, o dia foi de recuo ao longo de praticamente toda a extensão da estrutura a termo da curva, também refletindo o impacto do Payroll nos mercados. Já o CDS de 5 anos do Brasil (medida de risco-país) recuou pela terceira sessão consecutiva, e fechou o dia em 341 pts, ante os 353 pts na véspera e versus os 351 pts da 6ª feira passada.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do comportamento do mercado nesta 6ª feira, 03.06.2016, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T Rafael Freda Reis, CNPI, ambos do BB Investimentos.