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Os resultados do segundo trimestre da Petrobras foram neutros. O EBITDA veio 9% inferior ao consenso de mercado, devido a menores volumes e menores preços no mercado interno.
No entanto, os resultados operacionais cresceram 5% t/t, influenciados pelos ganhos de capital da venda da NTS. Como principal driver de curto prazo, e do lado positivo, a redução da dívida veio como boa notícia.
Em termos de dólar norte-americano, a dívida líquida caiu para USD 89 bilhões, uma redução de 7% t/t, apesar do Real mais fraco no 2T.
O fluxo de caixa livre, incluindo o resultado da venda da NTS, foi forte, em R$ 16 bilhões.
O lucro líquido atingiu R$ 316 milhões, uma redução de principalmente por conta da adesão da Petrobras a um programa de federal de regularização imposto, no valor de R$ 7 bilhões, o que acreditamos já estar precificado pelo mercado, já que o anúncio foi feito há algumas semanas.
Continuamos otimistas em relação à companhia, com boas perspectivas de longo prazo e recomendação Outperform.
Destaques operacionais.
No segmento E&P, a produção de petróleo bruto no Brasil atingiu 2.160 kbpd no 2T17, -1% t/t. Neste trimestre, a FPSO P-66 iniciou suas operações no campo de Lula-Sul, atingindo uma produção recorde na área pré-sal (1,686 kbpd).
No entanto, o lifting cost aumentou 3,5% t/t, atingindo USD 11,2, o principal destaque negativo, em nossa opinião. Quanto ao segmento de abastecimento, as importações de petróleo bruto aumentaram em 50% t/t, enquanto as exportações, por sua vez, diminuíram 20%, o que levou a Petrobras a ter uma posição exportadora líquida de 313 kpbd no trimestre, uma redução de 36% t/t (vide resumo de números operacionais nas próximas páginas).
Resultados financeiros.
A receita líquida atingiu R$ 67 bilhões, redução de 2% t/t, principalmente devido aos menores preços do Brent e menor volume de vendas no mercado interno. O lucro bruto atingiu R$ 21,4 bi, -10% t/t, influenciado por margens mais baixas (em gasolina e diesel) e custos mais altos.
O EBITDA decepcionou, chegando a R$ 19 bilhões (-24% t/t), afetado pelas margens mais baixas em derivados e menores volumes de exportação. Os ganhos com a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) trouxe R$ 7 bilhões adicionais para o segmento de Gás e Energia.
No entanto, o lucro líquido totalizou apenas R$ 316 milhões, uma queda de 93% t/t, afetado pelo aumento extraordinário, acima citado, do imposto de renda. Em suma, consideramos este resultado como neutro, já que, mesmo no contexto atual de recuperação mais lenta do que o esperado no cenário macro, a empresa conseguiu manter o desempenho operacional em condições estáveis.
Implicações de investimento: mantendo a recomendação Outperform.
Após uma surpresa positiva no 1T17, os resultados do segundo trimestre foram neutros. Os resultados operacionais continuam resilientes, apesar do EBITDA inferior ao esperado.
Devido à quantidade de não recorrentes, o lucro líquido permanece fraco na perspectiva do investidor focado em dividendos. Apesar disso, a tese de investimento da Petrobras ainda é fortemente suportada pelo processo de desalavancagem, o que se destacou positivamente no trimestre, suportando nosso viés positivo de longo prazo.
Mantemos nossa recomendação Outperform e o preço alvo para YE17 em R$ 18,70 para PETR3 e PETR4.
Os riscos não se dissiparam completamente.
Apesar da nossa visão positiva, a longo prazo, a observada redução no capex (-15% a/a) suscita preocupações quanto ao prazo para que a Petrobras atinja seu objetivo de produção. Ao mesmo tempo, o modelo de desalavancagem, em nossa opinião, considera muito fortemente os desinvestimentos.
À medida que o tempo passa, mais barreiras e complexidade são colocadas no caminho da companhia, uma vez que o ambiente macro e algumas condições de mercado estão além do controle gerencial.