Junho 2017: Questões Políticas estarão no foco dos agentes
Perspectivas. A percepção dos agentes é que o imbróglio político doméstico reduziu drasticamente a possibilidade do encaminhamento da proposta da reforma da previdência para votação no plenário da Câmara dos Deputados, ao longo deste mês de junho.
Já a reforma trabalhista prossegue com os trâmites legais no Senado e poderá ainda ser votada. Contudo, caso ocorra alguma alteração (emenda), o texto terá que voltar para a Câmara para nova análise.
Anteriormente, o mercado vinha precificando favoravelmente estes eventos, mas agora tende a reavaliar para baixo suas expectativas.
Ademais, as agências internacionais de rating S&P e Moody’s colocaram em perspectiva negativa a classificação soberana do País, para possível rebaixamento, que já se encontra dois degraus abaixo da escala de grau de investimento ponderada por ambas empresas.
Vale lembrar que está previsto para a primeira semana de junho o julgamento no TSE sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, mas cuja resolução final pode ser postergada na ocorrência de um pedido de vistas no processo, bem como, mesmo que haja a conclusão, ainda poderá existir recurso sobre esta decisão por parte do presidente Temer.
A constatação é que, no curto prazo, as incertezas predominam para o mercado doméstico, não devendo diminuir a aversão ao risco. Na 4ª feira, 31.05, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic em 100 pts-base, para 10,25% a.a., em linha com o atual consenso dos analistas, que foi revisto recentemente e reduzido de 125 pts-base.
A reunião seguinte está agendada tão somente para os dias 25 e 26 julho próximos. De outra mão, o anúncio de um positivo PIB do 1T17 em 1º de junho já está equacionada pelos agentes.
Externamente, nos EUA esperam-se sinalizações mais claras em relação as questões políticas que envolvem o presidente Donald Trump, que poderá ser alvo de inquérito por parte do congresso norte-americano. Em relação a indicadores econômicos, EUA, Europa e China não tendem a registrar surpresas desagradáveis neste momento.
O foco dos investidores estará voltado para o comunicado da deliberação do Fed sobre a taxa de juros no próximo dia 14 – a maioria esmagadora do mercado espera elevação de 25 pts-base, para o intervalo entre 1,00% e 1,25%, e tentará vislumbrar quando serão as subsequentes altas.
Análise Gráfica do Ibovespa.
Confirmando a tendência de baixa apontada no último estudo, o índice recuou para um nível muito próximo do suporte calculado (em 62.200 pontos), refletindo também a elevada volatilidade esperada para o período, com longos pavios superior e inferior.
Ademais, com o choque provocado pelo aumento da aversão ao risco no dia 18, ampliou-se a volatilidade, levando o Ibovespa a oscilar dentro da banda mais larga, calculada na última análise entre 69.000 e 60.300 pontos.
No quadro atual, a tendência para o mês se mostra indefinida, mas ainda dentro da configuração de baixa de longo prazo. Mesmo a recente valorização do índice pode não se sustentar nos próximos dias, uma vez que a sua configuração em forma de cunha sinaliza uma provável correção baixista, reforçada por divergência de IFR – próximos suportes em 61.300 e 60.300 pontos; resistências em 65.300 e 66.700.
Performance.
A volatilidade foi a tônica do mês de maio – em especial ante o incremento das incertezas no front político interno – cujo ápice ocorreu no dia 18 com a interrupção dos negócios na Bovespa, através do chamado circuit breaker, que não acontecia desde a crise do subprime em 2008.
Independente do cenário mais adverso, houve discrepância entre os antes positivamente correlacionados variação do índice no mês, em -4,12% em maio, e o fluxo de capital estrangeiro à Bovespa, que até o dia 29 (último dado disponível) apresentou ingresso líquido de R$ 2,708 bilhões no mês.
Tal movimento seguiu a visão de uma liquidez externa elevada, com propensão a risco e também a crença por parte do estrangeiro na superação dos imbróglios domésticos.
Confira no anexo a íntegra do relatório Carteria Sugerida de Ações para Junho/2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, José Roberto dos Anjos, CNPI-P, Rafael Reis, CNPI-P, Renato Odo, CNPI-P, todos do BB Investimentos