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Editorial

10 de Junho de 2015 as 14:57:21



EDITORIAL - O Que deve a Indústria ao Brasil


 
O CNI publicou nesta 4ª feira, 10.06, a informação de que seu Indicador de Custos Industriais expandiu-se 0,8% no 1º trimestre/2015. As causas apontadas para o desempenho foram os maiores preços da energia e a valorização do dólar ante o Real.
 
Esse indicador da CNI é calculado com base no levantamento de custos de capital de giro nas instituições financeiras, de custos da produção e do custo de impostos. Este último caiu 3,3% no 1º trimestre/2015, mas o custo de produção cresceu 1,8% e expandiu 6,0% o custo do capital de giro, em confronto com o 4º trimestre/2015.
 
A própria CNI informa que, apesar de elevado, o aumento do custo com energia foi menos significativo devido ao seu baixo peso relativo na composição do custo industrial.
 
Trata-se de um quadro em que os cursos industriais cresceram à taxa inferior à metade da variação do IPCA, o índice oficial de inflação;  em que o custo dos impostos chegou a cair. Expandiu-se o custo do capital de giro, por força da imposição da subida da Selic e, principalmente, da longeva oligopolização das instituições financeiras no País, contra a qual o empresariado pôde se valer, nos ultimos 10 anos, das linhas de crédito para capital de giro PROGEREN do BNDES, até recentemente, e das demais linhas de capital de investimento com capital de giro associado, além de linhas específicas, como os recursos do FAT, no BB e na Caixa, além de outras. 
 
Esse mesmo quadro ganha neste momento uma nova pincelada: a elevação o nível de desemprego e demissões na indústria de ponta, devidas ao redução do nivel de atividade puxada pelos pátios cheios das montadoras de veículos que, apesar de totalizarem, neste exato momento, estoques equivalentes a 51 dias de vendas, não deram sinais públicos de diminuição de seu mark up.
 
Essa nova pincelada traz a possibilidade de a indústria obter ganhos de produtividade do trabalho e voltar a investir. Não aqueles ganhos louváveis, derivados do emprego de melhores tecnologias, sistemas, novos materiais, da aplicação de novos designs e desenvolvimento de produtos, como seria de se aplaudir; mas ganhos reprováveis, derivados do dumping social e do barateamento da mão de obra trazido pela elevação do desemprego.
 
É fato consagrado e inegável que a indústria brasileira continua em débito com o País, pois não somente tem deixado de investir nos 4 últimos anos, abrindo espaço para a ocupação chinesa do mercado brasileiro, quanto continua se valer de uma histórica choradeira para garantir subsídios fiscais e outros benefícios do Estado. 
 
 
Esse mesmo Estado, agora à sua mercê, mesmo sob o presente regime de contingenciamento de recursos públicos, a presidência da República acaba de sancionar, neste 10.06.2015, a lei que eleva para R$ 452 bilhões os recursos do Tesouro ao BNDES e ao empresariado, sob regime de equalização de taxa de juros. Estes são os recursos emprestados com juros subsidiados ao empresariado, através dos bancos públicos e privados. O Tesouro Nacional complementa, em pagamentos aos bancos, os juros contratuais subsidiados que o empresariado lhes paga até atingirem o nível das taxas de juros vigentes no mercado.
 
Esse é um esforço gigantesco da Nação Brasileira, que arca com esse custo para que o empresariado do País cumpra com sua missão: investir, aumentar a capacidade produtiva do País, aplicar novas tecnologias, aprimorar processos e sistemas, antecipar-se às necessidades de mercado com soluções em design, tecnologia e novos produtos, qualificar novas equipes de marketing e de engenharia da produção e distribuição, investir no desenvolvimento de novos mercados, principalmente externos.
 
Isso significa trabalho e muito trabalho. Certamente é algo que exige bem mais esforço do que pedir e obter do govenro de benefícios fiscais, boicotar investimentos e fazer uso de consultorias econômicas para sugerir e divulgar "a necesssidade" de políticas recessivas para elevar o nível de desemprego, baratear o custo da mão de obra para obter ganhos de produtividade, como soluções para que o empresariado em geral volte a investir da produção. Ainda que esses procedimentos impliquem em compromisso zero com o resgate da dívida social e melhoria do padrão de vida da população.
 
Países com desenvolvimento atrasado somente têm deixado essa condição sob regime de integração intensa do empresariado com as políticas de Estado,  fato observavel no desenvolvimento da Coreia do Sul e do Japão, por exemplo. Não possui lastro no mundo real a concepção errônea, trazida pelo ideário livre cambista de Chicago, de que somente ao empresariado cabe determinar o que produzir e para que mercado.
 
Por conta desse tipo de visão empresarial atrasada, a Vale, até os dias de hoje, deve ao País a implantação de uma siderurgia avançada. Receitas próprias não lhe faltaram; nem recursos públicos lhe seriam negados. Mas, decepcionante, definiu duas áreas de negócios para atuação: mineração e transporte. Transporte ! ... para exaurir o subsolo brasileiro e fazer a grandeza da siderurgia japonesa, coreana e chinesa, em uma estratégia de cooperação em prol do desenvolvimento daqueles três países, mas descomprometida com o desenvolvimento do Brasil.
 
O mesmo pode ser dito a respeito do sonho internacionalista da Embraer, com suas tentativas de implantação de fábricas no exterior, a primeira infrutífera na China nos últimos dez anos, porquanto os chineses mantenham-se firmes na busca do desenvolvimento autônomo de sua própria industria da aviação. E a segunda tentativa, agora, nos EUA, ingenuamente confiando a Embraer que seus grandes concorrentes internacionais poderão a partir de agora desistir de processos judiciais de que se tem valido para anular resultados favoráveis à Embraer em licitações para fornecimentos de aeronaves ao governo norte americano.
 
É passada a hora de o empresariado industrial do Brasil somar seu esforço na formação bruta de capital do País e no País. Para isso recursos não lhe tem faltado, junto à FINEP, BNDES, BB, Caixa, BNB, Basa, em linhas de crédito direcionadas a segmentos e projetos estratégicos e para a modernização da capacidade produtiva.
 
O devaneio descompromissado de uma pretensa cidadania internacional yuppie por segmento do empresariado brasileiro pouco tem a ver com o desenvolvimento de uma Nação e do País que o acolhe, apoia e sustenta. 


Fonte: Wilson R Correa





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