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Editorial

29 de Fevereiro de 2016 as 14:02:12



EDITORIAL - Saudades de Antonio Ermírio de Moraes.


Na falta de espaço politico, inclusive internacional, para um golpe militar, tal como promoveu em 64 (mais do que simplesmente apoiou), o grande empresariado permanece em sua estratégia de boicote aos investimentos, com o objetivo de paralisar a economia brasileira e derrubar o governo que ousou tocar em seus privilégios, contando sempre com o tradicional apoio de segmentos facilmente manipuláveis da classe média, cansada essa de contribuir para o "pagamento da Dívida Social" e obtusada por um moralismo enviesado e parcial. 

São muitas as razões para o boicote empresarial aos investimentos. O Governo Federal foi responsável por várias iniciativas contrárias aos interesses da elite empresarial Aqui, um decálogo delas:

(1) reduzir as margens de lucros estratosféricos nas concessões públicas;

(2) privar as grandes petroleiras internacionais de nacos do Pré Sal;

(3) reaver as usinas hidrelétricas concedidas há 50 anos, vencido o prazo da concessão, na forma da lei, com o objetivo de derrubar o custo da conta de luz por meio da promoção de novos leilões de concessão e novos termos contratuais menos escorchantes à população;

(4) impor política salarial favorável aos trabalhadores e estimular o empresariado a obter aumento da lucratividade a partir da aplicação de novas tecnologias no processo produtivo, e não através do massacre salarial;

(5) impulsionar a construção de mais de 4 milhões de casas populares trazendo restrições à especulação com imóveis e à renda com alugueis aos proprietários;

(6) derrubar a jogatina cambial promovida pelos bancos, por meio da operação do Banco Central no mercado de câmbio futuro;

(7) impor a CPMF para restringir a prática do Caixa 2 pelo grande empresariado e oligarquia que manda no País;

(8) impor índice de nacionalização de partes e peças à indústria automobilística instalada no País;

(9) enviar 100 mil estudantes brasileiros para cursos nas melhores universidades do mundo, de pós, medida contrária ao interesse da "boa finança pública" de conter "gastos supérfluos";

(10) trazer milhares de médicos estrangeiros ao País para atender com qualidade e atenção a população desassistida, sob aprovação desta, enfrentando com coragem e determinação a ira das associações da classe médica.

Poderia citar ainda a implantação de centenas de novos aeroportos municipais e portos, a recuperação das estradas abandonadas há décadas, as dezenas de novas universidades federais e as centenas de escolas profissionalizantes federais, o reaparelhamento e a concessão de liberdade de ação à Política Federal que, antes, para funcionar, dependia de doações do FBI e possivelmente do Departamento de Estado Norte Americano, estratégia de governos brasileiros anteriores destinada a fazer a PF não funcionar; etc etc etc.

É mole ? Na história do País ninguém jamais ousou tanto. Que audácia desse governo !!! Nesses tempos e nessa onda de reforma conservadora, cabe novamente à classe média funcionar em seu movimento pendular, como avaliara Nelson Werneck Sodré, dessa vez em favor do grande capital.

Nos anos 80, diferente de hoje, pendeu em favor da classe trabalhadora, quando a crise econômica e cambial gerou desemprego e crise. Naquele momento a classe média conservadora passou a incomodar-se com a tortura e a opressão -- às quais antes convenientemente fechava os olhos -- e aderiu ao movimento popular pro abertura política.

Mas, no momento presente, a classe média distancia-se do movimento popular e um tanto atormentada nos aeroportos do País e nos aviões "cheios de pobres", se declara espantada com a pouca influência dos formadores de opinião no "esclarecimento da classe baixa". Alguns setores mais obtusos pedem o retorno dos militares e, idiotas, vão bater continência nos portões dos quarteis.

Lembro-me com reverência do grande Betinho, irmão do Henfil. Nos anos 80, ele conseguiu mobilizar a classe média em favor da solidariedade e até derrubou o mito de que as crianças da periferia das grandes cidades devem "viver de luz", sem comer, como descreveu o poeta Chico Buarque.

Esse mito ressurge hoje no ideário e nas análises dos economistas ortodoxos vinculados à "Casa das Garças", de que sem a melhoria da produtividade do trabalho não há possibilidade de o empresariado voltar a investir e, por isso, deve haver algum nível de desemprego para a promoção de um rebaixamento salarial, e obtenção de melhoria de expectativa de lucro empresarial e o consequente retorno dos investimentos.

Essa compreensão linear da economia revela-se tacanha por desconsiderar a variável política: a elite empresarial não voltará a investir caso não tenha assegurado para si benefícios ainda maiores, para que possa aturar o governo Dilma até o final do mandato.

Mantem-se, assim, espaço para aquilo que Keynes denominava 'demanda de moeda para especulação', parcela da Renda Agregada que não retorna à economia e cria no País o problema de desemprego e inflação. Mas esse problema não afeta a elite que domina o País, pois a lucratividade empresarial pode ser otimizada mesmo abaixo do nível de pleno emprego. E, nos dias de atuais, o nível de ociosidade dos equipamentos industriais está em torno de 60% da capacidade produtiva total.
 
Ao seguir a estratégia de otimizar lucros com baixa produção, os preços dos produtos são remarcados, desvaloriza-se a moeda e alimenta-se o processo inflacionário, caem os salários reais e garante-se ainda maior rentabilidade empresarial. É o sistema forjando o almejado crescimento da produtividade do trabalho e a elevação dos lucros; e criando proclamadas condições para a expansão dos investimentos ... a qual não tem acontecido.
 
Além desse comportamento endógeno do sistema em favor do crescimento da produtividade da economia, sabemos que o ex ministro Joaquim Levy, pouco antes de deixar o cargo, alterou a fórmula de cálculo da taxa interna de retorno dos investimentos em concessões de serviços públicos, criando condições para ainda maior lucratividade empresarial nessa modalidade de investimentos. 

Dilma Rousseff, por sua vez, estaria neste momento dando sinais de que concordaria com a desobrigação da Petrobras de investir no mínimo 30% no PreSal, abrindo-o aos investimentos da grandes petroleiras internacionais. Lastimável.

Mas cabe a pergunta: Que outros benefícios terão que ser concedidos ao capital monopolista para que o empresariado se convença a cumprir o papel que lhe cabe na economia brasileira e deixar de chantagear o Estado Democrático ?

Na teoria Keynesiana, quando os investidores deixam de investir no aumento da produção, em novas máquinas e equipamentos a serem destinados a ampliar a capacidade produtiva da nação, recomenda Keynes que o governo deve elevar os impostos e recolher aos cofres públicos esta parcela da "demanda de moeda retida" [irresponsavelmente pelas elites, que deixam de cumprir seu papel social, digo eu].  E ele, governo, fazer os investimentos e retornar tais recursos à sociedade.

Seja então bem vinda a CPMF.

Saudades da liderança de Antonio Ermírio de Moraes, brasileiro e lutador em prol do País. Em seu tempo, a FIESP cumpria seu papel e mobilizava o empresariado a investir, orientava, capacitava. A biblioteca da FIESP tinha manuais que ensinavam o investidor os caminhos do investimento e da produção. Não se prendia aos eventos políticos na Nova Paulista.

 

Vergonha.



Fonte: da Redação





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