HYPERMARCAS
04 de novembro de 2015
Resultado 3T15: tempos de mudança
Na nossa visão, os resultados da Hypermarcas no 3T15 foram mistos. As vendas vieram com um crescimento sólido de double-digit, mas a performance da divisão Farma foi um pouco decepcionante. A rentabilidade foi prejudicada principalmente pela taxa de câmbio desfavorável no período e por despesas financeiras mais altas.
A boa notícia foi a transação com a Coty, que adquiriu o segmento de produtos de beleza da Hypermarcas por R$ 3,8 bi (ainda pendente de aprovação do Cade, mas não há nenhuma cláusula de desempenho a ser cumprida).
De acordo com o fato relevante divulgado pela Hypermarcas, a divisão de produtos de beleza vendida para a Coty compreende marcas como Bozzano, Biocolor, Monange, Risqué e Cenoura & Bronze, as quais representaram 20% da receita líquida da companhia em 2014.
Acreditamos que, em 2015, esse percentual será maior, considerando a aceleração nas vendas de desodorantes e linhas para cabelo. Descartáveis e linhas de cuidado infantil, como fraldas, preservativos, adoçantes a dermo-cosméticos não estão inclusos na transação.
De acordo com o management da companhia, os recursos provenientes da operação serão usados especialmente para reduzir o nível de endividamento. Cerca de 45% dos recursos totais serão recebidos no 4T15 e os outros 55% até o 2T16.
Na nossa opinião, a transação com a Coty foi positiva, seguindo a estratégia da Hypermarcas de otimizar seu portfólio de marcas. Daqui pra frente, a companhia pode focar mais nas suas marcas da divisão Farma, um segmento que é menos competitivo, devido às maiores barreiras de entrada, mais resiliente e mais rentável em relação ao segmento de produtos de beleza.
Além disso, os recursos que serão recebidos por conta da operação serão mais do que suficientes para melhorar a posição financeira e a geração de caixa da companhia, pontos que têm sido preocupantes nos últimos resultados.
Dito isto, acreditamos que nos próximos trimestres a transação com a Coty terá importantes impactos nos números da Hypermarcas, como:
(i) redução do ritmo de crescimento do top line;
(ii) aumento da rentabilidade, considerando que os produtos do segmento de Farma
têm uma margem bruta superior aos demais;
(iii) menor nível de endividamento e de despesas financeiras;
(iv) menor crédito tributário e ágio e
(v) posição de caixa mais sólida.
Considerando todos os fatores acima mencionados, atualizamos nossas projeções para a Hypermarcas, bem como nosso preço alvo, para R$ 31,00, e mantivemos nossa recomendação de Outperform.
Top line
Na divisão de Consumo, as vendas expandiram em 16,2% A/A, refletindo uma maior demanda por produtos de melhor custo benefício no ambiente macroeconômico atual, acelerando o market share da Hypermarcas para 10,0% (+1,8 p.p. A/A).
Na divisão Farma, a receita líquida cresceu 7,0% no trimestre, abaixo da média de mercado, que avançou 8,9% na mesma comparação de acordo com o IMS Health, impactada por mudanças na política comercial da empresa junto aos seus fornecedores, com o intuito de aumentar a geração de caixa.
Como resultado, a receita líquida consolidada aumentou 11,1% A/A, sendo 66% proveniente de aumento de preços e 33% de incremento de volume.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise dos resultados apresentados pela HYPERMARCAS no 3º trimestre/2015, elaborado por Maria Paula Cantusio, CNPI Senior Analyst no BB INVESTIMENTOS.