MAGAINE LUIZA
Atualização de Preço, [Estimativa feitas em] Maio de 2019 (*)
Margem líquida menor no curto prazo; mas ótimas perspectivas à frente
A lenta recuperação macroeconômica, com a demanda ainda reprimida pela alta taxa de desemprego e pelos baixos níveis de confiança do consumidor, conduzem à redução das perspectivas de crescimento da receita bruta
Revisamos nossas estimativas para a Magazine Luiza a fim de incorporar os resultados de 2018 e 1T19, bem como alterar algumas de nossas premissas conforme descrito abaixo.
Ao nosso ver, a Magazine Luiza continua destacando-se dos seus pares e apresentando recorrentemente um crescimento expressivo de GMV, base de clientes e sellers.
Ainda há mais por capturar. Como destacamos em nosso último relatório de Magazine Luiza, a companhia vem investindo
(i) no piloto da Magalu Entregas, serviço que oferece aos sellers do marketplace todos os benefícios da Malha Luiza, contribuindo para reduzir os custos e o prazo de entrega, ao mesmo tempo em que aumenta o interesse de pequenos varejistas em tornarem-se sellers no marketplace da Magazine Luiza;
(ii) na maior frequência de compra por meio da entrada em novas categorias (como vestuário, por exemplo, após a aquisição da Netshoes); e
(iii) na abertura de novas lojas físicas, incluindo o acesso a novas regiões do país, a fim de melhorar sua omnicanalidade.
O amadurecimento dessas iniciativas nos próximos anos nos mantém confiantes de que a empresa continuará crescendo em ritmo acelerado e ganhando participação de mercado.
Dito isso, mas considerando também um cenário macroeconômico ainda desafiador no curto prazo, destacamos as principais mudanças em nossas estimativas:
(i) Crescimento menor que o esperado na receita bruta devido a um cenário ainda bastante desafiador para o segmento de bens duráveis. Segundo dados do IBGE, o segmento de bens duráveis - móveis e eletrodomésticos - caiu 1,9% a/a no 1T19. Dada a lenta recuperação macroeconômica, com a demanda ainda reprimida pela alta taxa de desemprego e baixos níveis de confiança do consumidor, decidimos reduzir nossas perspectivas de crescimento da receita bruta em 4,5 p.p., de + 25,5% para + 21,0% a/a em 2019.
(ii) Margem bruta de curto prazo menor do que a esperada (-1,0 p.p., de 28,9% para 27,9% em 2019E), em decorrência do término da Lei do Bem em 2018, a qual zerava a alíquota de PIS/COFINS de determinados eletrônicos vendidos no varejo (como celulares, tablets e computadores). No entanto, esperamos que a margem bruta da MGLU melhore gradualmente nos próximos anos, na medida em que a receita do marketplace - que contribui com uma margem bruta próxima a 100% - tenha maior participação na receita total da companhia. De acordo com nossas estimativas, até 2022 o marketplace representará 50% do total do GMV.
(iii) Margem EBITDA acima da esperada (+0,4 p.p., em 8,3%) e margem líquida abaixo da esperada (-1,4 p.p., em 3,0%) devido à adoção da norma contábil IFRS16, em que os contratos de arrendamento são reconhecidos como passivo em contrapartida a um direito de uso reconhecido como um ativo fixo.
Como resultado, as despesas de aluguel foram substituídas por juros sobre passivos de arrendamento e pela depreciação do direito de uso. Essas mudanças resultam em um EBITDA mais alto, uma vez que as despesas de vendas são reduzidas e a depreciação aumenta, e em um lucro líquido menor (devido à maior pressão sobre as despesas financeiras).
Assim, divulgamos um novo preço-alvo 19E para MGLU3 de R$ 194,40 (ante R$ 193,50). Considerando o atual upside para nosso preço-alvo, atualizamos nossa recomendação para Outperform (de Market Perform anteriormente).
Riscos à nossa tese de investimento.
Os riscos para nossa tese de investimento incluem
(i) um período maior do que o esperado para uma recuperação macroeconômica consistente;
(ii) possíveis contratempos na implementação da estratégia da companhia;
(iii) geração de caixa menor do que a esperada; e
(iv) possíveis mudanças no segmento de bens duráveis relacionadas a operações de M&A.
Valuation.
Nosso preço alvo deriva de um método de fluxo de caixa descontado em termos nominais, com uma taxa de crescimento na perpetuidade (g) de 4,5% e um WACC de 13,3%.
(*) Refere-se à estimativa de preço futuro das ações dessa Empresa no mercado, em 31.12.2019 (preço-alvo, ou target price).
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por GEORGIA JORGE, Analista Sênior do BB Investimentos.