Evo Morales renuncia
Acuado por protestos por quase três semanas, acusado de fraude, presidente Evo Morales renunciou neste domingo após ter anunciado novas eleições e pedido cessarem as confrontações
O presidente boliviano Evo Morales renunciou neste domingo após o chefe do Exército, Williams Kaliman ter pedido sua demissão do cargo, conforme relatou:
“Depois de analisar a situação de conflito interno, sugerimos que o presidente do Estado renuncie ao seu mandato presidencial, permitindo a pacificação e manutenção da estabilidade em prol de nossa Bolívia”.
Também renunciou ao cargo o vice-presidente Garcia Linera.
Evo Morales foi mantido encurralado por um protesto por 18 dias, que lhe exigiu a anulação das eleições de 20 de outubro em que fora reeleito, Na manhã deste domingo, o presidente cedeu parcialmente a toda essa pressão e anunciou novas eleições, mas declarou que não renunciaria, o que acabou não acabou não podendo cumprir.
Segundo o jornal argentino, Clarin, Morales teria deixado La Paz, capital boliviana, e rumado à província de Chapare, a 11km de Cochabamba, para encontrar-se com líderes cocaleiros na região que fora sua base política. Possivelmente ali poderá obter alguma proteção.
O jornal Clarin informa, na edição on line deste domingo, 19h, que Evo Morales conversou com o presidente recem eleito da Argentina, Alberto Fernandez, no sábado, o qual, por sua vez, conversou com Emammanuel Macron e Pedro Sanches, líderes da França e da Espanha, respectivamente.
Fernández alertou-os sobre a seriedade do que estava acontecendo na Bolívia, apoiou Morales e atribuiu à OEA Organização dos Estados Americanos no resultado violento da crise boliviana.
O vice-presidente da Bolívia, integrantes do secretariado de Evo Morales e membros do poder legislativo foram acolhidos em asilo político na embaixada do México em La Paz, já concedido pelo governo mexicano de Lopes Obrador, por seu chanceler Marcelo Ebrard, que também o ofereceu a Evo Morales.
"Nesse sentido, a OEA tem muita responsabilidade, porque o relatório sobre as eleições é muito fraco",
afirmou Fernandez, que em sua conta no twitter escreveu:
"Na Bolívia, um golpe de estado foi consumado como resultado das ações conjuntas de civis violentos, policiais autônomos e passividade do Exército. É um golpe perpetrado contra o Presidente @evoespueblo, que pedia um novo processo eleitoral."
Também o ex-presidente Lula comentou o golpe de estado boliviano.
"Acabo de saber que houve um golpe de estado na Bolívia e que o companheiro @evoespueblo foi obrigado a renunciar. É lamentavel que a América Latina tenha uma elite econômica que não saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobre",
escreveu Lula em sua conta no twitter.
Por volta das 22h30 Evo Morales denunciou em sua conta no twitter a tentativa de prisão contra si:
"Eu denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um policial anunciou publicamente que ele foi instruído a executar um mandado de prisão ilegal contra mim; da mesma forma, grupos violentos assaltaram minha casa. O golpe destrói o estado de direito"
Além dos milhões de bolivianos nas ruas das diversas cidades bolivianas, na região do Altiplano boliviano -- as terras altas próximas e que circundam La Paz -- a população indígena e pobre clama contra o golpe de estado, acossada violentamente pela polícia.
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