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Internacional

26 de Setembro de 2020 as 01:09:47



JULIAN ASSANGE - Julgamento Faz Cair a Máscara do Império


Julgamento de Julian Assange: caiu a máscara do Império
 
Por Pepe Escobar
 
As palavras se distendem,
estalam e muita vez se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão (…)”
T.S.Eliot, “Burnt Norton”[1]*
 
O conceito de “História em construção” foi levado a extremos, no que tenha a ver com o extraordinário serviço público que nos presta Craig Murray, historiador, ex-diplomata do Reino Unido e ativista de direitos humanos.
 
Murray – literalmente e em nível global – está agora na posição de nosso homem na galeria pública, e vai documentando em detalhes vívidos, dolorosamente, o que pode ser definido como o julgamento do século, no que tenha a ver com a
prática do jornalismo: o tribunal canguru que julga Assange em Old Bailey, Londres.
 
Concentremo-nos em três dos relatos de Murray essa semana – com ênfase em dois temas interligados: o que os EUA estão realmente acusando, e como a mídia corporativa ocidental ignora os procedimentos do julgamento.
 
Aqui, Murray relata o exato momento em que caiu a máscara do Império, não com estrondo, mas num gemido:
 
“Na terca-feira, o governo norte-americano decidiu partir para briga, quando explicitamente declarou que todos os jornalistas são passíveis de acusação nos termos da Lei Antiespionagem (ing. “Espionage Act”, 1917), pela publicação de informação sigilosa.” (itálicos meus).
 
“Todos os jornalistas” significa todo e qualquer jornalista legítimo, seja qual for a nacionalidade, operante em seja qual for a jurisdição.
 
Interpretando o argumento, Murray acrescentou,
 
“o governo dos EUA diz agora, explicitamente, em pleno tribunal, que esses repórteres podiam e deviam ter sido encarcerados, e que doravante o governo norte-americano assim agirá. O Washington Post, o New York Times e toda a “grande mídia liberal” dos EUA não estão presentes aqui para ouvir e noticiar (itálicos meus), por causa da ativa cumplicidade deles na “adulteração” de Julian Assange, até desumanizá-lo, até convertê-lo em coisa, cujo destino pode ser ignorado. São realmente tão estúpidos a ponto de não compreender que eles serão os próximos? Humm… São.”
 
A questão não é os autodeclarados paladinos da “grande mídia liberal” serem estúpidos. Não estão cobrindo a farsa em Old Bailey porque são covardes. Têm de preservar aquele dito “acesso” – puro delírio! – aos intestinos do Império – o tipo de “acesso” que permitiu a Judith Miller “vender” a guerra ilegal contra o Iraque em incontáveis primeiras páginas, e permite ao super oportunista Bob Woodward, serviçal da CIA, escrever seus livros de “insider”.
 
Aqui, nada para ver
 
Antes, Murray já detalhara o modo como
 
“a mídia hegemônica está-se fingindo de cega. Há três repórteres na galeria da imprensa, um deles um estagiário e outro representante da National Union of Journalists, NUJ. O público continua com acesso restrito, e grandes ONGs, dentre as quais a Anistia Internacional, PEN e Repórteres Sem Fronteiras, continuam excluídas fisicamente, impedidas também de assistir online.”
 
Murray também detalhou como
 
“os seis que fomos autorizados a assistir da galeria pública, vale anotar, temos de subir 132 degraus até lá, várias vezes por dia. Como sabem, meu coração não é de confiança; estou com John, pai de Julian, que tem 78 anos; e outro de nós usa um marca-passo.”
 
Por que, então, é nosso “homem na galeria pública”?
 
“Não menosprezo, não, absolutamente, os esforços de outros, quando explico que me sinto obrigado a escrever o que escrevo, e com tantos detalhes, porque se não for assim, os fatos vitais básicos do mais importante julgamento desse século, e o modo como está sendo conduzido, passarão quase completamente escondidos do público. Fosse processo e julgamento genuínos, quereriam que o povo assistisse a tudo, não reduziriam ao mínimo a audiência, seja física, seja online.”
 
A menos que muitos em todo o mundo estejam lendo os relatos de Murray – e de bem poucos outros, mas muito menos detalhados –, aspectos imensamente importantes ficarão para sempre ignorados, além de tudo que tenha a ver com o assustador contexto do que está realmente acontecendo no coração de Londres. O fato principal, no que diz respeito a qualquer jornalismo, é que a mídia corporativa ocidental ignora o fato principal.
 
Vejamos, por exemplo, a cobertura do Dia 9, no Reino Unido.
 
Nenhuma matéria no Guardian – que não pode mesmo cobrir o julgamento, dado que o jornal, por anos, só fez caluniar Julian Assange, sem qualquer limite, e demonizá-lo com fúria.
 
Nada tampouco no Telegraph – íntimo do MI6 –, e apenas uma nota, da Associated Press, no Daily Mail.
 


Fonte: PEPE ESCOBAR in DUPLO EXPRESSO. Imagem de Arquivo.





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