NATURA & CO - Revisão de Preço - Junho 2020
Incorporação da Avon e aumento de capital
Incorporação da Avon e aumento de capital Revisamos nosso preço-alvo 2020e para o grupo Natura&Co (NTCO3) com vistas a incorporar
(i) o novo modelo de segmentação dos negócios implementado após a incorporação da Avon;
(Ii) o aumento das sinergias recorrentes decorrentes da integração com a Avon; e
(iII) o recente aumento de capital mediante subscrição privada.
Nosso novo preço-alvo 2020e para NTCO3 é de R$ 43,90 (antes R$ 36,20), com manutenção da recomendação Neutra.
Conforme comentamos no relatório BB-BI – Varejo – Performance 1T20, os resultados do Grupo referentes ao 1T20 já trouxeram os impactos adversos decorrentes da pandemia do Covid-19, com cada região geográfica em que o Grupo tem exposição sendo afetada em diferente intensidade pelas medidas de isolamento social.
Além disso, seu desempenho econômico-financeiro ainda foi influenciado
(i) pela maior pressão na margem bruta em decorrência da mudança de mix para a produção de produtos essenciais e
(Ii) pelo aumento das despesas comerciais devido, principalmente, à extensão de termos de pagamentos para consultoras, flexibilização de crédito e aumento das comissões de vendas online.
Não obstante o fraco desempenho entregue no início do ano, o Grupo aproveitou os desafios impostos pelo Covid-19 para fortalecer ainda mais seu canal de vendas digital.
Com efeito, a rápida adoção de novas ferramentas digitais de social selling (utilização das mídias sociais como canal de vendas) contribuiu para o incremento das vendas digitais pelas consultoras: na Natura, o compartilhamento de conteúdo cresceu 64% a/a e o número de pedidos duplicou nas mais de 700 mil lojas virtuais de consultoras; na Avon, a adoção de soluções digitais pelas consultoras atingiu uma penetração de 37%, ante um dígito em 2019. Da mesma forma, as vendas por consultoras via compartilhamento de revistas digitais cresceu 85% nas semanas recentes.
Além do desenvolvimento do seu canal digital, o Grupo ainda focou em implementar medidas para proteger seu caixa e sua liquidez, dentre as quais destacamos:
(i) a redução de despesas operacionais,
(Ii) a limitação dos investimentos e projetos essenciais,
(IIi) o congelamento de contratações e redução da remuneração de executivos de forma voluntária;
(iv) a contratação de um financiamento no valor de R$ 750 milhões, com prazo de um ano, sem impacto na dívida líquida e, por fim,
(v) um aumento de capital por meio de uma oferta privada a ser subscrita pelo acionistas controladores da Natura, investidores selecionados e acionistas minoritários.
Em relação ao último item, observamos que já se encerrou a etapa dos direitos de subscrição, cujo preço da ação foi estabelecido em R$ 32,00, totalizando um aumento de capital R$ 2 bilhões, a ser concluído até o final deste mês.
Além das medidas acima elencadas, também incorporamos em nosso valuation a atualização das sinergias esperadas pela integração da operação da Avon, atualmente previstas entre US$ 300 e 400 milhões anuais (antes US$ 200 a 300 milhões anuais).
As referidas sinergias decorrem da otimização dos processos envolvendo suprimentos, manufatura e distribuição, área administrativa, e das consultoras que já vendem uma das marcas do Grupo (Natura ou Avon).
A expectativa é que sejam levados 4 anos para alcançar essas sinergias e sejam incorridos US$ 190 milhões (antes US$ 125 milhões) em custos não recorrentes para a otimização dos processos.
Valuation.
Nosso preço-alvo deriva de um método de fluxo de caixa descontado em termos nominais, com uma taxa de perpetuidade (g) de 6,0% e um WACC de 12,2%.
Riscos à tese de investimentos.
Os riscos relacionados à tese de investimentos da Natura&Co são:
(i) a incapacidade de integrar suas plataformas físicas (vendas diretas e lojas) ao comércio eletrônico, perdendo espaço para os concorrentes;
(ii) incapacidade de criar produtos inovadores e bem-sucedidos, além de atrair e reter consultores independentes;
(iii) incapacidade de integrar as divisões de negócios resultantes de fusões e aquisições e, finalmente,
(iv) incapacidade de acessar o mercado chinês devido aos testes obrigatórios em animais para a venda de determinados produtos.
Confira no anexo a íntegra do relatorio a respeito elaborado por GEORGIA JORGE, analista senior do BB INVESTIMENTOS