MERCADO AGORA - Boletim Mercados Globais, de 04.09.2020
Roger Marçal
Macro Estrategista Chefe
Mirela de Castro Rampini
Elifrancis Braga Almeida
DIMEF/Proje–Macro Estratégia
EXTERNO
Payroll veio positivo, mas selloff da tecnologia continua e alimentar cautela em alguns mercados
No exterior, o Payroll apontou a criação de 1,371 milhão de vagas, em linha com o esperado (1,350 mi), a taxa de desemprego caiu a 8,4%, mais do que os 9,8% previstos e a média de ganhos por hora trabalhada no comparativo mensal subiu 0,4%, quando a expectativa apontava estabilidade.
A reação imediata foi de valorização das taxas dos treasuries, fortalecimento do dólar, e alta p/bolsas europeias e Dow Jones, entretanto, o bom resultado do mercado de trabalho americano não foi suficiente p/ reverter a queda de Nasdaq e SP500.
Um pouco mais tarde, um movimento de cautela se intensificou, com forte queda das ações de tecnologia. Na Bloomberg, fontes afirmaram que o movimento intenso p/ baixo no setor se deve a desmonte de posições de short gamma que ficou na mão de dealers. Outros alegam que as ações das gigantes de tecnologia (FAANG) estavam sobrevalorizadas, abrindo margem p/ correção técnica. Para Trump e seu conselheiro econômico, Larry Kudlow, trata-se de uma realização de lucros normal
Paralelamente, Mike Pence, vice-presidente dos EUA, negou que o governo esteja pulando etapas p/ liberar mais rápido alguma vacina contra o coronavírus.
► Bolsas
Em NY, as bolsas passam por forte realização, com Nasdaq caindo mais de 4% devido ao sellof das giant techs contaminando outros áreas. O índice VIX chegou a subir cerca de 10% e opera em alta de mais de 5% no momento.
O mau humor acabou migrando também p/ as bolsas europeias, que operavam em alta, mas registravam fortes quedas próximo do fechamento
► Juros
As yields dos treasuries mantiveram alta forte ao longo de toda a curva, não afetada pelo mau humor dos mercados bursáteis, graças ao payroll positivo.
► Câmbio
Dólar se fortaleceu ante as principais e emergentes, tanto pelo impulso com Payroll positivo quanto pela cautela imposta pela realização nas bolsas.
INTERNO
Mercados promovem alguns ajustes, de olho no exterior e nos próximos passos da agenda de reformas.
No Brasil, na véspera de final de semana prolongado, os mercados operam voláteis, promovendo alguns ajustes de posições, monitorando o exterior e os sinais de melhora da cena local com o retorno da agenda de reformas, o que traz uma sinalização importante para o realinhamento da trajetória da dívida pública no médio e longo prazo.
No mais, as discussões em torno da situação de fragilidade fiscal e as dificuldades de compatibilizar as demandas com o teto de gastos seguem no radar dos investidores, o que limita de certa forma um excesso de otimismo.
Campos Neto repetiu hoje, em reunião virtual, que “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.
Fabio Kanczuk comentou em uma live que “sem política fiscal firme, a gente não consegue fazer política monetária” e que “o BC ainda está longe do cenário de não ter ferramentas para estímulos”.
► Dólar
Oscila frente ao real, ficando no nível próximo de R$ 5,30, seguindo a volatilidade da maioria das moedas emergentes, após a forte valorização da moeda doméstica nos últimos dias, corrigindo parte das incertezas fiscais e políticas.
► Juros
devolvem prêmios de risco em todos os prazos, diante da melhora nas perspectivas sobre a agenda de reformas + expectativa de juros baixos por longo período.
► Ibovespa
Opera em queda, ficando no patamar abaixo dos 100 mil pts, seguindo o movimento das bolsas americanas + rotação de carteiras. Destaque para queda de Petrobras, Vale, Eletrobrás e varejistas.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por ROGER MARÇAL, Macro Estrategista Chefe, MIRELA DE CASTRO RAMPINI, ELIFRANCIS BRAGA ALMEIDA, da DIMEF/Proje–Macro Estratégia, do BB INVESTIMENTOS