BRADESCO - Resultado no 2º Trimestre/2020
Fazendo o que deve ser feito. E um pouco mais.
O Bradesco entregou um resultado sólido, em nossa opinião. Apesar da constituição de provisões extraordinárias adicionais ter prejudicado o lucro líquido, operacionalmente o Bradesco mostrou resiliência: cresceu carteira de crédito, apresentou redução na inadimplência e controlou custos significativamente.
As condições impostas pelo período crítico da pandemia, com fechamento de agências e medidas de distanciamento social prejudicaram a geração de receitas de serviços, o que era esperado, mas tal retração não foi suficiente para deixarmos de acreditar que a estratégia do Bradesco está na trilha correta.
Provisões.
Vemos a constituição de novo volume significativo de provisões por parte do Bradesco como conservadora – no sentido positivo da expressão. Não apenas relativas ao crédito (R$ 3,8 bilhões), mas também provisões relativas a sinistros no âmbito segurador (R$ 747 milhões) foram compostas, apesar da queda em ambos inadimplência e sinistralidade.
A lógica de tal movimento, segundo o Bradesco, e apesar de ainda não divulgar um guidance para os resultados futuros, é a visão de gradual deterioração da carteira de crédito, à medida que os empréstimos com parcelas postergadas forem se revelando inadimplentes, e o retorno da sinistralidade com certo ímpeto quando as medidas de distanciamento se tornarem mais brandas.
Carteira de crédito.
Apesar do arrefecimento do apetite por crédito por parte das PFs e das PMEs no 2T (-1,5% e -3,9% t/t respectivamente), o segmento Corporate, crescendo 7,2% sustentou o crescimento da carteira de crédito do Bradesco, que variou 0,4% no trimestre, atingindo R$ 479,3 bilhões, montante 12,1% maior do que o 2T19.
Qualidade da carteira.
A taxa de inadimplência geral caiu de 3,7% no 1T20 para 3,0% no 2T, influenciada principalmente pelo movimento de prorrogações das parcelas de empréstimos (60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias) no montante de R$ 61 bilhões, o equivalente a aproximadamente 13% da carteira de crédito.
Apesar da queda, o entendimento do banco quanto à dinâmica de sua carteira é o da gradual deterioração ao longo dos próximos trimestres, com pico provavelmente sendo atingido no início de 2021.
Perspectivas.
Para os próximos trimestres, esperamos uma continuidade do cenário desafiador para o Bradesco, com pressão na qualidade da carteira de crédito, incremento na sinistralidade, além dos desafios tecnológicos e regulatórios que o banco enfrenta juntamente com seus pares.
Entretanto, em meio à crise vimos o banco erguer um robusto colchão de liquidez, contando com provisões que perfazem um índice de cobertura em 299%, e índice de Basileia em 15%.
Por esses motivos, enxergamos o banco como um dos mais sólidos, conservadores e preparados para o cenário adverso, e mantemos nosso preço-alvo em R$ 28,40 e a recomendação de compra.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho do BRADESCO no 2º trimestre/2020 elaborado por RAFAEL REIS e WESLEY BERNABÉ, CFA ambos integrantes do BB Investimentos