Diário do Mercado na 6ª feira, 03.04.2020
Ibovespa cai mais com maior aversão ao risco sobre emergentes
Comentário.
O índice brasileiro teve um pregão de firme baixa, com perda maior do que as quedas das bolsas de Nova York. No dia, além do chamado “efeito sexta-feira”, no qual os investidores preferem, em tempos de incerteza, não “dormir comprados” no final de semana, houve a percepção ainda de piora nos efeitos do coronavírus pelo mundo, principalmente sobre Nova York.
Também, a elevação da aversão ao risco dos agentes sobre economias emergentes pesou sobre seus mercados acionários. Em verdade, o Ibovespa operou ao longo de toda a sessão alinhado com a tendência negativa do índice S&P500, mas sempre com maior deslocamento negativo.
Externamente, o mercado ficou frustrado pela não efetivação da reunião do possível acerto entre Arábia Saudita e Rússia, propalado na véspera pelo presidente norte-americano Donald Trump, em relação à guerra de preços do petróleo. Talvez o encontro venha a se realizar na próxima segunda-feira.
O cenário ainda está complexo, com a indeterminação no curto prazo induzindo os investidores a optaram pela cautela e reverterem seus posicionamentos rapidamente diante de quaisquer notícias que considerem como sendo um possível contratempo.
O dólar comercial atingiu outro recorde histórico, encerrando cotado a R$ 5,3250 (+0,08%). Os juros futuros curtos cederam, mas as taxas subiram dos intermediários em diante.
Ibovespa.
O índice principiou decaindo e depois de uma hora e meia de negócios, passou a circundar os 69.000 pts (-4,50%), mas terminou um pouco melhor.
O Ibovespa fechou aos 69.537 pts(-3,76%), acumulando -5,30% na semana, -4,77% no mês, -39,57% ano e -26,41% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 22,1 bilhões, sendo R$ 19,6 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa B3
No dia 1º de abril, Bovespa registrou saída líquida de capital estrangeiro de R$ 874,185 milhões (após retirada líquida mensal recorde de R$ 24,207 bilhões em março). Em 2020, acumula saldo negativo de -R$ 65,211 bilhões (acima da retirada líquida recorde de -R$44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica.
Nos EUA, o Payroll (criação de vagas na economia) mostrou retração de -701 mil empregos em março ante geração de 275 mil em fevereiro – pior do que o consenso, em -100 mil postos de trabalho. A expectativa local ainda é de piora deste quadro.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) abriu em alta e manteve paulatina tendência ascendente ao longo de toda a sessão. O Banco Central atuou com leilões (à vista, swap e compromissada em dólar), mas o cenário externo adverso, destacadamente sobre os emergentes, foi preponderante.
A moeda fechou cotada a R$ 5,3250 (+1,16%), acumulando +4,29% na semana, +2,48% no mês, +32,73% no ano e +37,31% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) subiu para 353 pts frente a 336 pts na véspera.
Juros.
Os juros futuros curtos baixaram por conta da percepção dos agentes que a taxa básica de juros (Selic) poderá recuar novamente e ficar em patamar baixo pelo menos ao longo deste ano. Todavia, subiram a partir dos vencimentos intermediários, com destaque para as taxas longas, com a piora do panorama externo. Assim findaram as taxas em relação ao dia anterior:
DI julho/2020 em 3,31% de 3,37%;
DI janeiro/2021 em 3,18% de 3,21%;
DI janeiro/2022 em 4,12% de 4,05%;
DI janeiro/2023 em 5,54% de 5,40%; ,
DI janeiro/2025 em 7,20% de 6,95%;
DI janeiro/2027 em 8,00% de 7,75%.
Agenda. vide página 3 do anexo.
Empresas. Calendário de Balanços de Empresas 4T19 – vide página 4 do anexo.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento mercado na 6ª feira, 03.04.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos.