Diário do Mercado na 6ª feira, 04.08.2017
Mercado doméstico reage timidamente ao payroll
Resumo.
Ao final da semana, com a poeira baixando após a votação da denúncia contra a presidência, e em meio a um noticiário pouco representativo, o dia foi de ajustes por conta da divulgação de um relatório do mercado de trabalho nos EUA mais forte do que o esperado. Ajustes apenas, pois as oscilações tanto nos mercados acionário quanto cambial e de juros futuros foram modestas.
Ibovespa.
Com volume ligeiramente abaixo da média a oscilação dos ativos de renda variável foi predominantemente curta. A maior alta do dia ficou por conta da Braskem, que reagiu a hipóteses levantadas pelos acionistas quanto à transferência da sede da empresa para os EUA.
O Ibovespa findou aos 66.897 pts (0,18%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6 bilhões, sendo R$ 5,80 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa - O capital externo para a bolsa, com o ingresso de R$ 59,26 milhões em 2 de agosto passou a totalizar no mês saldo líquido de R$ 332,36 milhões. Em 2017 o acumulado situa-se em R$ 8,33 bilhões.
Agenda Econômica.
O Payroll, conforme esperado mexeu com o mercado. Revelando que foram criadas 209 mil vagas na economia norte-americana em julho (ante estimativas em 180 mil), o dado mostrou que o mercado de trabalho na maior economia mundial continua robusto.
Também ligeiramente melhor do que o aguardado foi o avanço da média de ganhos por hora dos trabalhadores, que subiu 0,34% ante projeções em 0,30%.
Ainda que também tenha melhorado, a taxa de desemprego que chegou a 4,3% já era esperada pelos analistas e constituiu-se em uma leitura considerada neutra. Tradicionalmente há a divulgação da revisão dos dados dos meses anteriores, o que nesta divulgação resultou em apenas 2 mil postos a mais do que o previamente divulgado.
O composto dos dados fez a balança pender para dezembro deste ano versus março de 2018 como a data mais provável para o próximo aumento de juros por lá, e ainda setembro a data esperada para o início do processo de redução do balanço patrimonial do Fed (que significa na prática um enxugamento da liquidez).
No momento a visão é a de que o mercado de trabalho permanece forte, com os ganhos reais dos trabalhadores avançando no comparativo anual gradualmente dos atuais 2,5% para 3,5% e a inflação medida pelo núcleo do PCE dos 1,5% esperados para 2017 para 1,8% em 2018.
Câmbio e CDS.
O câmbio foi o mercado com maior reação ao payroll forte nos EUA. Com a maior probabilidade de aumento de juros por lá mais cedo do que tarde, a moeda norte-americana respondeu ganhando força ante pares no mercado global de divisas.
Ainda assim a variação não foi tão expressiva, dando a entender que trata-se provavelmente de um movimento de ajuste em meio a uma tendência de declínio. Contra o real o dólar findou cotado a R$ 3,1254.
Risco Brasil - O CDS brasileiro de 5 anos reforçou esta visão, movimentando-se contrariamente ao dólar e cedendo a 199 pontos ante o fechamento de 201 da véspera.
Operando abaixo dos 200 pontos o CDS rompe uma importante barreira e sustenta a ideia não necessariamente de melhora, mas pelo menos de uma visão de maior estabilidade na situação conjuntural do país aos olhos do investidor estrangeiro.
Juros.
Após a semana intensa, que compreendeu movimentos vigorosos em resposta à Ata do Copom na terça e à votação da denúncia da PGR na quarta, a sessão da sexta-feira foi de estabilidade. Apenas a seção intermediária da curva a termo dos juros elevou-se, e ainda assim parcamente, em resposta ao payroll.
Para a próxima semana.
O Fomc tende a ceder uma parte dos holofotes ao Copom, já que a semana de agenda fraca reserva de relevante o IPCA de julho no Brasil, o que tenderá a catalisar as apostas em torno da magnitude do próximo corte da Selic.
Ainda que a visão de avanço na agenda de reformas tenha evoluído nas últimas semanas, somando-se à benigna dinâmica desinflacionária, permanecemos conservadores, apostando em um corte de 75 pontos-base no próximo encontro do comitê em 6 de setembro.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 04.08.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos